Filmes do 28º forumdoc.bh estão disponíveis online gratuitamente
Até 8 de dezembro, a 28ª edição do forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico, Fórum de Antropologia e Cinema – disponibiliza gratuitamente, em formato online, uma seleção especial do seu catálogo. São 24 filmes da Mostra Contemporânea Brasileira e 18 da Mekarõ Ti: Mostra-Seminário Coletivo Beture de Cineastas Mebêngôkre.
As produções podem ser acessadas pelo site oficial do festival, forumdoc.org.br, e parte delas também está disponível na plataforma de streaming gratuita Itaú Cultural Play, em itauculturalplay.com.br, dedicada a conteúdos nacionais. Grande parte dos filmes conta com recursos de acessibilidade, proporcionando uma experiência mais inclusiva para o público.
A Mostra Contemporânea Brasileira é composta por obras nacionais finalizadas nos últimos dois anos, com foco no modo documental e suas interlocuções. A intenção é fomentar e mapear a produção audiovisual recente de filmes documentários e etnográficos, abordando questões sociais e políticas do presente. A curadoria foi realizada por Breno Henrique, Carol Almeida e Milene Migliano.
Dentre os destaques, estão os filmes “Amadeu” (Felipe Canêdo, Minas Gerais, 2024, 52’) e “A Transformação de Canuto” (Ariel Kuaray e Ernesto de Carvalho, Pernambuco/São Paulo, 2023, 130’).
Em “Amadeu” (foto), conhecemos Amadeu Martins, ou Grão-Mestre Dunga, uma figura icônica da Capoeira de Rua em Minas Gerais. Com seu terreiro Senzala na Vila do Marmiteiro, ele é patrono da tradicional Roda da Praça Sete, realizada há mais de 30 anos. Além disso, é massoterapeuta, compositor e oficial da reserva do Exército.
Já “A Transformação de Canuto” narra a criação de um filme na comunidade Mbyá-Guarani, localizada entre o Brasil e a Argentina. A história gira em torno de Canuto, um homem que, anos atrás, sofreu a mística transformação em uma onça e teve um destino trágico. A narrativa explora os mistérios por trás de sua história e a escolha de quem, na aldeia, deveria interpretar seu papel no filme.
Mekarõ Ti: Mostra-Seminário Coletivo Beture de Cineastas Mebêngôkre é focada no Coletivo Beture, um dos coletivos de realização indígena mais atuantes no país atualmente. A mostra reúne títulos organizados nas seguintes temáticas: Pyka (Terra); Mekarõ Tum, Me Ingrykam Karõ (Imagens de Arquivo e Imagens para a Luta); Metoro (Festa); Mekukradja Àbikàra (Cultura Misturada) e Mēkronro (O Contato).
Desde seu surgimento em 2016, o Beture tem organizado e estruturado um movimento de juventude nas comunidades, registrando a vida e a cultura de seu povo por meio de tecnologias audiovisuais e diversas mídias. Hoje, o coletivo desempenha um papel fundamental na conquista de reconhecimento cultural, assim como na visibilidade de suas lutas políticas.
O Beture possui uma produção profícua de filmes que geralmente abordam as metoro – festas de nominação, eventos políticos e alguns filmes de ficção, que representam narrativas oriundas da mitologia Mẽbêngôkre-Kayapó, transmitida oralmente pelos mais velhos. Os filmes circulam nas diversas aldeias que compõem o território Mẽbêngôkre-Kayapó, localizado nos estados do Pará e Mato Grosso. Essas produções também alcançam outros públicos em âmbito regional, nacional e internacional.
Entre os destaques da mostra estão “Mebêngôkre Pyka Mã Ruwyk  Ujarej” (A Chegada dos Mêbêngôkre na Terra, Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe e Simone Giovine, Brasil, 2024, 9’30) e “Tuire Kayapó – O Gesto do Facão” (Coletivo Beture, Patkore Kayapó e Simone Giovine, Brasil, 2023, 9’37”).
Em “Mebêngôkre Pyka Mã Ruwyk  Ujarej”, o cacique Raoni narra aos jovens cineastas Kayapó a história da chegada dos Mebêngôkre na terra, transmitida de geração em geração desde os tempos dos ancestrais.
Já “Tuire Kayapó – O Gesto do Facão” retrata o relato da guerreira Tuire a seu neto Patkore, relembrando o icônico gesto com o facão durante a mobilização contra a Eletronorte, em Altamira (PA), no ano de 1989.