“A Primavera”, de Daniel Aragão e Sérgio Bivar, estreia no Recife

O longa-metragem “A Primavera”, dirigido pelos pernambucanos Daniel Aragão e Sérgio Bivar, estreia nesta quinta-feira, 23 de outubro, no Recife, no Moviemax Rosa e Silva, Zona Norte da Capital do Estado. Com classificação indicativa de 16 anos, o filme, ambientado numa Recife decadente e melancólica, acompanha o poeta de rua Jeová (Luiz de Aquino), que busca inspiração e reconhecimento. Sua vida começa a mudar depois que uma figura misteriosa passa a comprar suas poesias, e ele conhece Maria Suzanne (Eduarda Rocha), uma garota de programa. Tendo que encarar seus fantasmas e desejos numa sociedade onde tudo se mede por dinheiro, esses personagens marginais embarcam numa jornada de autodescoberta poética e delirante.

Em sua primeira imersão no cinema, Sérgio Bivar, que também assina o roteiro, conta que a ideia do filme apareceu no Bar Central, conhecido reduto boêmio do Centro do Recife. Por lá, sempre passava um poeta chamado Haroldo, panfletando poesias – uma fotocópia na metade de um papel A4, com um pot-pourri de poesias dele e de poetas renomados.

O roteiro surgiu na forma de imagens, não se traduzia simplesmente em palavras. O objetivo também foi o de dar um protagonismo à cidade abraçando suas contradições. Apesar da estrutura esquemática toda roteirizada, os diretores queriam que o conteúdo fosse maior que a forma. Além disso, o fato de ser uma produção de baixo custo acabou dando mais liberdade e tempo para que os atores e a cidade pudessem se expressar.

Para os diretores, o maior desafio criativo durante a produção foi estarem realmente abertos para incluir cenas que não estavam originalmente no roteiro, e dar liberdade aos atores e a Guilherme Milleron (que acumulou a função de preparador de elenco) para desenvolverem e adaptarem diálogos em favor da naturalidade e espontaneidade, e do que encontravam dentro deles.

A pré-produção aconteceu em 2024, nos meses de fevereiro e março. Em abril e maio, ocorreram as filmagens num ritmo mais intenso. Foi preciso mais tempo que o normal, porque a filmagem recorreu muito à luz natural em ambientes externos, o que reduz muito a janela diária de produção. As principais locações foram o Bairro do Recife (centro histórico), centro da cidade, farol do Porto do Recife, Parque do Baobá, bairro de Boa Viagem, Alto da Sé, em Olinda, e suas adjacências.

A seleção do elenco se deu por pesquisa local, todos os atores são pernambucanos. Muitos deles são representantes de outras classes artísticas, como música, poesia e artes plásticas, assim como o teatro. Foi uma combinação de atores mais profissionais em papéis de suporte, enquanto o casal de protagonistas estreou sem formação cênica prévia.

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