Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha

Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha é um filme de Helena Ignez, codirigido por Ícaro C. Martins e com roteiro original de Rogério Sganzerla (1946-2004). Sganzerla é o autor do roteiro original de Luz nas Trevas, espécie de “continuação” da saga do personagem que intitula o premiado clássico O Bandido da Luz Vermelha, seu primeiro longa-metragem, de 1968, que vem cada vez mais tendo o seu valor reconhecido, nos últimos anos, como marco da Sétima Arte; tendo sido, inclusive, indicado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Como sugere o título, Luz nas Trevas, tem por base O Bandido da Luz Vermelha, mas não é precisamente a sua sequência, e sim a reinvenção da trajetória do seu protagonista, 30 anos após a sua última aparição no filme de 1968. Luz nas Trevas tem como protagonista Jorge Prado, uma das identidades que o marginal já assumira no filme de Sganzerla. Anteriormente interpretado por Paulo Villaça (1946-1992), Prado agora é vivido pelo cantor e ator Ney Matogrosso.

Helena Ignez recebeu das mãos de Rogério Sganzerla, em 2003, a incumbência de realizar Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha, projeto que adaptou e produziu com sua filha, Sinai Sganzerla (diretora assistente e produtora executiva) que também é responsável pela sua distribuição. Trata-se de um filme mágico, musical e pop, que transfigura a fita de 1968 – cuja singular autodefinição era a de um “faroeste sobre o Terceiro Mundo” – numa furiosa comédia presidiária acidamente irônica sobre o Brasil. Luz nas Trevas dialoga com O Bandido da Luz Vermelha e, de certa forma, reproduz, ao seu modo, aspectos que ajudaram a consagrar o clássico, como a seleção de uma trilha sonora intrigante.

Luz nas Trevas inicia com Luz Vermelha numa prisão de segurança máxima, esquecido pela justiça e refletindo sobre a sua própria vida. Já nesse momento, ele conclui que, caso assuma a responsabilidade por cada crime de que é acusado, mesmo que não seja necessariamente o seu autor, passa a ganhar privilégios naquele ambiente. Enquanto isso, seu filho, Tudo ou Nada (interpretado por André Guerreiro Lopes), fruto de uma aventura amorosa com Olga (vivida por Sandra Corveloni), anseia por desfrutar de toda a sorte de prazeres mundanos – preferencialmente, na companhia de belas mulheres, interpretadas no filme pelas atrizes Djin Sganzerla, Maria Luisa Mendonça, Bruna Lombardi e Simone Spoladore. Ao sair da prisão, Jorge Prado se encontra com a sua amiga e agente intergaláctica Madame Zero (vivida por Helena Ignez), que lhe devolve sua antiga valise que traz a inscrição: “EU”. Os acontecimentos em paralelo das vidas de Luz Vermelha e seu filho Tudo ou Nada levam o filme a um final surpreendente e transformador.

A direção de fotografia é de José Roberto Eliezer, e a montagem, de Rodrigo Lima. O filme tem um trilha sonora sui generis , com Ney Matogrosso cantando Sangue Latino ( arranjo exclusivo para o filme), Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Perebah e Jair, Paulo Sergio, Lenin Gordin entre outros. A trilha sonora tem sido bastante elogiada por quem assistiu ao filme e no Festival de Cinema de Locarno e foi comparada a trilha sonora de Pulp Fiction de Quentin Tarantino.

Luz nas Trevas estreou com grande receptividade no 63º Festival de Locarno, onde ganhou o prêmio Boccalino D’Ouro. O filme continua recebendo convites para festivais na Ásia, Europa e EUA, e tem estreia prevista nos cinemas para maio.

One thought on “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha

  • 2 de abril de 2012 em 20:40
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    Assisti na Mostra de São Paulo e achei sensacional, do roteiro à fotografia, do elenco (Ney e André estão excelentes) à edição primorosa. O chato dessa história é o fato de filmes tão bons como esse demorarem tanto p/ estrear. Os mais interessantes filmes brasileiros sempre sofrem c/ essa expectativa, enquanto os lixos estreiam rapidinho…

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