Fragmentos, de Marilyn Monroe

Pouca gente sabe, mas a atriz norte-americana Marilyn Monroe, símbolo universal de beleza e sensualidade, era uma leitora ávida: consumia de tudo, inclusive alta literatura (o que inclui Gustave Flaubert, Samuel Beckett, Joseph Conrad, Ernest Hemingway, Albert Camus e James Joyce). E, como qualquer pessoa que convive com os livros, acabou por escrever seus versos, além de deixar diários e incontáveis cartas. É exatamente esse precioso material, desconhecido do grande público até 2010, que virou um belo livro nos Estados Unidos e na Europa, com retumbante sucesso, agora lançado no Brasil pelo selo Tordesilhas.

Amiga e discípula de Lee Strasberg (1901-1982) – diretor do famoso Actors Studio e espécie de pai espiritual da atriz –, Marilyn legou a ele 75% de seus bens (inclusive o licenciamento do uso de sua imagem), entre os quais esses manuscritos agora reunidos em livro. O volume contém páginas de confissões pessoais (anotadas em folhas ou em diários), vários poemas ou versos esparsos e muitas cartas. A edição reproduz (em quatro cores) os documentos originais, a transcrição (em inglês) e a tradução para o português. É como se o leitor tivesse uma cópia fiel dos escritos íntimos da grande deusa do cinema, com o privilégio de manuseá-los à vontade e poder sondar calmamente a intimidade da Vênus de Hollywood. Como diz Ruy Castro no texto de contracapa, “Este livro revela uma nova e surpreendente Marilyn – tão sedutora e irresistível quanto a Marilyn carnal pela qual nos apaixonamos no cinema”.

Fragmentos – Poemas, anotações íntimas, cartas, organizado pelo francês Bernard Comment e pelo norte-americano Stanley Buchtal, é prefaciado pelo italiano Antonio Tabucchi e fartamente ilustrado com fotografias da atriz – sozinha, entre livros ou com amigos e maridos. Ao final, traz detalhada cronologia da vida de Marilyn, além da reprodução das capas originais dos livros de sua biblioteca. Um dos últimos textos é o “Elogio fúnebre”, assinado por Strasberg em 9 de agosto de 1962. Esta data é um detalhe importante: em 2012 comemoram-se os cinquenta anos de falecimento deste que foi certamente o maior mito do cinema.

TRECHO

“Meu relacionamento com ele era basicamente inseguro desde a primeira noite que passei sozinha com ele. Ele era muito inseguro não tanto dele mesmo – mas como eu, uma menina seis anos mais nova, reagiria? – na verdade, no início eu não teria ficado com ele exceto pela sua paixão pela música clássica, seu intelecto que fingia ser mais do que era e seu desejo de trazer à tona quaisquer qualidades mais maduras envolvendo personalidade ou relação sexual comigo.” (Anotação íntima de 1943, sobre o primeiro marido, James Dougherty)

CRÍTICA

“É prazeroso esse retrato do ícone: mais sincero, batalhador, intelectualmente ambicioso e perspicaz do que jamais poderíamos imaginar.” – Publishers Weekly

“Este livro é comovente e irá sublinhar de uma vez por todas o fato de que a forma como as pessoas pensavam nela e a forma como ela era de fato são coisas completamente diferentes.” – Tower Review

“[Fragmentos] abre a caixa para refletir, de forma um pouco triste, sobre a vida secreta da autora.” – Los Angeles Times

“De uma forma ou de outra, há uma certa força em seu [dos textos] caráter rúnico.” – New York Times

“Os leitores podem, pela primeira vez, conhecer a Marilyn íntima e entendê-la de uma forma como nunca pudemos.” – International Business Times

SOBRE A AUTORA

Marilyn Monroe, pseudônimo da norte-americana Norma Jeane Mortenson, nasceu em Los Angeles, Califórnia, no dia 1º de junho de 1926. Terceira filha de Gladys Pearl Baker e de pai desconhecido, foi inicialmente criada em orfanatos e depois em casas de diversas famílias. Casa-se em 1942 com James Dougherty, de quem se divorcia em 1946. Descoberta pelo fotógrafo Davis Conover, em agosto daquele ano assina seu primeiro contrato com a 20th Century Fox e adota o nome artístico que a imortalizou. O primeiro papel de Marilyn no cinema foi uma participação não creditada em The Shocking Miss Pilgrim (Sua Alteza, a secretária, 1947), de George Seaton. Ela contracenou rapidamente com Groucho Marx em Love Happy (Loucos de amor, 1950), de David Miller. No entanto, foi sua atuação em Niagara (Torrentes de paixão, 1953), de Henry Hathaway, que a tornou estrela. O sucesso de Marilyn em Niagara lhe rendeu, no mesmo ano, os papéis principais em Gentlemen Prefer Blondes (Os homens preferem as louras, de Howard Hawks), e How to Marry a Millionaire (Como agarrar um milionário), de Jean Negulesco, com participação de Lauren Bacall e Betty Grable. Ainda em 1953 a revista Photoplay elegeu Marilyn como melhor atriz iniciante daquele ano. Em 14 de janeiro de 1954 ela se casa com o jogador de beisebol Joe DiMaggio, de quem se divorciaria em 27 de outubro do mesmo ano. Em 1955 Marilyn transfere-se para Nova York, para estudar na escola de atores de Lee Strasberg. Em 1956 abre sua própria produtora, a Marilyn Monroe Productions. A empresa produziu os filmes Bus Stop (Nunca fui santa, 1956), de Joshua Logan, e The Prince and the Showgirl (O príncipe encantado, 1957), dirigido e coestrelado por Laurence Olivier. Em 1959 Marilyn estrela Some Like It Hot (Quanto mais quente melhor), de Billy Wilder, pelo qual vence o Globo de Ouro de “Melhor Atriz em Comédia”. Seu terceiro casamento, porém, ocorrera três anos antes, no dia 29 de junho de 1956, com o dramaturgo Arthur Miller, que, em 1961, escreveu o papel de Roslyn Taber de The Misfits (Os desajustados) especialmente para Marilyn. Dirigido por John Huston e coestrelado por Clark Gable e Montgomery Clift, este acabou sendo o último filme completo de Marilyn e a despedida das telas de Gable. O terceiro casamento de Marilyn terminou no México, no dia 20 de janeiro de 1961, dia da posse do presidente John F. Kennedy, com quem ela mantinha um caso desde quando estava casada com DiMaggio. Na premiação do Globo de Ouro de 1962, Marilyn Monroe foi nomeada “a personalidade feminina favorita de todo cinema mundial”. Na manhã de 5 de agosto de 1962, aos 36 anos, falece durante o sono em sua casa em Brentwood, na Califórnia, em decorrência de uma overdose de barbitúricos.

Fragmentos – Poemas, Anotações Íntimas, Cartas
Autora: Marilyn Monroe
Organizadores: Stanley Buchtal e Bernard Comment
Tradução: Renato Rezende (inglês), Aline Tenório Cordeiro (inglês), Marcelo Rede (francês) e Eugênio Vinci de Moraes (italiano)
Prefácio: Antonio Tabucchi
Editora: Tordesilhas
Capa: Susan Mitchell
Preço: R$ 59,90
Número de páginas: 272

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