Documentário inédito sobre a ditadura militar é exibido na TV

Mais de 40 anos depois de um dos períodos mais turbulentos da história do país, raras imagens captadas durante a ditadura militar chegam à TV com a exibição do documentário “Brasil – um Relato de Tortura”, dirigido por Haskell Wexler (diretor de fotografia de clássicos como “Um Estranho no Ninho” e “Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?”) e Saul Landau. O filme retrata o chamado Grupo dos 70, presos políticos soltos em troca da libertação do diplomata suíço Giovanni Enrico Bucher, sequestrado por guerrilheiros de extrema esquerda, e será exibido no dia 6 de agosto, segunda-feira, à 0h15, no Canal Brasil. A sessão será aberta por uma entrevista exclusiva feita pelo jornalista e crítico de cinema Carlos Alberto Mattos com o produtor e cineasta Jom Tob Azulay.

O longa-metragem foi realizado em 1971, no Chile. Os diretores, que são cineastas americanos, estavam no país para filmar com o então presidente Salvador Allende e souberam das circunstâncias da presença dos brasileiros que estavam exilados no país. A partir disso, conceberam um registro que traz depoimentos de pessoas torturadas durante o regime de exceção. Os ativistas revelam detalhes do horror vivenciado nos porões do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

Durante os depoimentos, os retratados simulam os vários tipos de humilhações sofridas, desde espancamentos a choques elétricos. O filme traz relatos de Jean Marc van der Weid, ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes); Nancy Mangabeira Unger, irmã do ex-ministro extraordinário de assuntos estratégicos Mangabeira Unger, além de Frei Tito, um frade católico brasileiro, e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, uma guerrilheira de Berlim integrante da organização de extrema-esquerda VAR-Palmares, que participou da luta armada contra a ditadura na década de 60. Estes dois últimos se suicidaram alguns anos depois.

O filme mostra também que a ação truculenta do Estado não se dirigia apenas aos criminosos, mas também aos estudantes, intelectuais, religiosos e outros membros da sociedade civil. A tomada do poder pelas Forças Armadas foi justificada como forma de combater a ameaça comunista. No entanto, o que se viu foi o cerceamento dos direitos humanos da população, num período sombrio e violento.

 

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