Mostra de Cinema de Tiradentes anuncia programação geral
A Mostra de Cinema de Tiradentes chega a sua 16ª edição, de 18 a 26 de janeiro, com homenagem, exibições e debates em torno do tema “Fora de Centro”. É crescente a quantidade de filmes produzidos fora do eixo Rio e São Paulo, como nunca antes aconteceu, assim como é menor a centralidade de realização nos dois tradicionais pólos, como se evidenciou nas inscrições para a Mostra Tiradentes 2013, com mais de 40% dos longas concebidos em outros Estados. Esta evidência é mais expressiva na programação da Mostra, com mais de 65% dos longas originários de Minas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Paraná e Bahia.
Na produção dos realizadores surgidos nos últimos anos, é visível uma perda de centralidade organizadora, com narrativas mais livres, rarefeitas e fragmentadas, produções mais recuadas, que não respondem necessariamente a uma ideia central. Os sistemas de produção perderam um centro único de viabilização e de organização da própria equipe, com realizações colaborativas, atores em expansão de suas funções no processo criativo, parcerias de realizadores de diferentes Estados.
Diante deste cenário, a 16ª Mostra Tiradentes lança o desafio de exibir, refletir e colocar em evidência a produção cinematográfica brasileira contemporânea em 131 filmes – 34 longas e 97 curtas em 54 sessões de cinema apresentando ao público uma produção diversificada, proveniente de vários Estados brasileiros. Abre o calendário audiovisual do país com a produção paraibana “Onde Borges Tudo Vê”, de Taciano Valério, a ser exibida no dia 18 de janeiro, às 21h, no Cine-Tenda.
Durante nove dias de programação ampla, e oferecida gratuitamente ao público, a pequena cidade de Tiradentes torna-se a capital do cinema reunindo um público estimado em mais de 30 mil pessoas.
A atriz paranaense Simone Spoladore é a homenageada desta edição pelas escolhas de atuação que realiza e o destaque atingido nas telas. Para compor a homenagem, a Mostra selecionou filmes emblemáticos e recentes de sua carreira – “Nove Crônicas para Um Coração aos Berros” (DF), de Gustavo Galvão,“A Memória que Me Contam” (RJ), direção de Lúcia Murat e “Sudoeste” (SP), do diretor Eduardo Nunes – além de convidar críticos e cineastas para debaterem seu percurso.
Novas mostras temáticas marcam esta edição, além da conhecida e aguardada Mostra Aurora, dedicada a jovens diretores com até três longas-metragens na carreira e que primam pela inquietação formal ainda não legitimada. Dos sete concorrentes deste ano, cinco são documentários (Ventos de Valls, Matéria de Composição, Nas Minhas Mãos Eu Não Quero Pregos, Flutuantes e Os Dias com Ele) e dois são ficção (Ferrolho e Linz – Quando Todos os Acidentes Acontecem). Minas Gerais participa com o recorde de três produções nesta seção competitiva.
Uma parceria inédita com a Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores permitiu a concessão do Prêmio Itamaraty no valor de R$ 50 mil para o vencedor da Mostra Aurora deste ano, a ser escolhido pelo Júri da Crítica.
A Mostra Tiradentes inaugura este ano três novas mostras temáticas que organiza conceitualmente os filmes selecionados: Mostras Transições, Autorias e Sui Generis.
A Mostra Transições é dedicada a diretores em início de carreira que propõem um olhar ou uma procura cinematográfica, gerando expectativa pelos trabalhos seguintes daquele realizador. Sete filmes serão exibidos na Mostra Transições 2013, alguns já premiados em festivais nacionais e outros em pré-estreia nacional: “Eles Voltam” (PE), de Marcelo Lordello, ficção vencedora do último Festival de Cinema de Brasília; “Esse Amor que nos Consome” (RJ), de Allan Ribeiro, que levou os prêmios de Direção de Arte e Montagem em Brasília; “Sinais de Cinza” (BA), documentário de Henrique Dantas; “A Balada do Provisório” (RJ), de Felipe David Rodrigues, “Boa Sorte meu Amor” (PE), primeiro longa do diretor pernambucano Daniel Aragão que conquistou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Som no Festival de Brasília, “Supernada” (SP),segundo longa-metragem de Rubens Rewald, que levou Melhor Ator (Marat Descartes) no Festival de Gramado e Melhor Filme e Prêmio Especial do Júri na Mostra Novos Rumos do Festival do Rio. “Supernada” foi ainda selecionado para os festivais de Amiens (França), Mar del Plata (Argentina) e Pune (India); e “Doce Amianto” (CE), de Guto Parente e Uirá dos Reis, em pré-estreia nacional.
Já a Mostra Autorias traz diretores, fotógrafos ou produtores que prefiguram um modo próprio de olhar com alta mediação estilística e exibe nesta edição“Otto” (MG), do veterano Cao Guimarães, Melhor Documentário no Festival de Brasília do ano passado, “Jards” (RJ), de Eryk Rocha, Melhor Direção no Festival do Rio, e “Doméstica” (PE), de Gabriel Mascaro, realizador pernambucano que tem instigado a crítica e plateias nacionais e internacionais com seus filmes anteriores como “Avenida Brasília Formosa” e “Um Lugar ao Sol”.
Como sugere o termo, a Mostra Sui Generis contempla propostas de estilo próprio, fugindo do senso comum e quebrando expectativas. Três filmes estão na Sui Generis: “Vertigem Branca” (PE), produção experimental dirigida por Breno Silva, Dellani Lima e Simone Cortezão, “Semana Santa”, longa mineiro de ficção com direção de Leonardo Amaral e Samuel Marotta e “Claun – Parte 1: Os dias aventurosos” (RJ), filme de Felipe Bragança, nome da geração carioca premiado na Mostra Aurora de Tiradentes em 2009, com o longa “A Fuga da Mulher Gorila”.
A Mostra Praça continua seu bem-sucedido percurso com a exibição de documentários que têm arrebatado a plateia ao ar livre do Cine-Praça, montado no Largo das Fôrras. Serão exibidos este ano “Um Filme Para Dirceu” (PR), de Ana Johann, “Dossiê Jango” (RJ), de Paulo Henrique Fontenelle, “Cuia de Santo Amaro” (BA), de Joel Almeida e Josias Pires e “Em Busca de Um Lugar Comum” (RJ), de Felippe Schultz Mussel.
A grade de curtas-metragens está dividida em oito mostras temáticas – Fora de Centro, Foco, Panorama, Praça, Formação, Juvenil, Mostrinha e Cena Mineira. O público poderá conferir produções diversificadas de várias partes do País. São 97 curtas de 14 estados brasileiros.
Embora São Paulo responda por 35 curtas-metragens selecionados, há uma distribuição equilibrada por outras procedências. Minas Gerais participa com 17 curtas, seguido pelas produções de Rio (9), Ceará e Paraná (8 cada) e Pernambuco (7). Também há presenças de produções de Bahia e Paraíba (3 cada), Rio Grande do Sul (2), Alagoas, Distrito Federal, Maranhão, Santa Catarina e Sergipe (1 cada).
Da Mostra Panorama, fazem parte alguns trabalhos com passagens em eventos internacionais, como “O Duplo”, de Juliana Rojas, exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes, e “A Onda Traz, O Vento Leva”, de Gabriel Mascaro, exibido no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA).
A série Curtas na Praça traz produções premiadas como “Vestido de Laerte”, de Cláudia Priscilla e Pedro Marques, Melhor Curta-Metragem de Ficção no Festival de Brasília e “A Mão Que Afaga”, de Gabriela Amaral Almeida, que arrebanhou sete prêmios em Brasília, ano passado.
Já os 14 curtas da Mostra Foco – que concorrem ao Troféu Barroco e serviços cinematográficos ofertados por empresas parceiras e que serão avaliados pelo Júri da Crítica – nunca foram tão variados como nesta edição, com representantes de sete Estados, apesar de este não ter sido um critério para a seleção. Foram privilegiados filmes menos circulados, inéditos e fortemente inquietantes.
A temática Fora de Centro estará presente em dois debates do Seminário do Cinema Brasileiro a ser realizado no Cine Teatro, no Centro Cultural Yves Alves. No dia 19 de janeiro, sábado, de 10h30 às 12h, a ênfase é “ Fora de Centro – Procedências da Produção”. Na mesa para o debate estão a cineasta paranaense Ana Johann, o cineasta mineiro Dellani Lima, o realizador cearense Guto Parente, o fotógrafo Ivo Lopes Araújo e o cineasta carioca Silvio Da-Rin, com mediação do jornalista e crítico João Carlos Sampaio.
Já no dia 25 de janeiro, sexta, de 14h30 às 17h, o debate propõe enfocar outro aspecto da temática desta edição “Fora de Centro – Estilos Cinematográficos”. Os participantes da mesa irão refletir sobre as transformações nos estilos narrativos e os sistemas de produção. Participam deste debate o cineasta brasiliense Adirley Queirós, o professor e crítico Ismail Xavier, o crítico Jean-Claude Bernardet e os cineastas Marcelo Ikeda e Sérgio Borges. A mediação será do curador da Mostra Tiradentes, Cléber Eduardo.
Além dos debates temáticos, estão agendados 17 Encontros com a Crítica, Diretor e Público. A plateia terá a oportunidade de refletir com o diretor e convidados os filmes em exibição da Mostra Aurora, da Mostra Autorias, Transições e os curtas da Mostra Foco. Os Encontros com a Crítica mobilizam o público cinéfilo do evento em conversas concorridas e entusiasmadas no Cine-Teatro.
Mais sessões para o público jovem e a tradicional Mostrinha são ótimas opções de férias e programação para toda família. Este ano a Mostra Tiradentes oferece mais uma sessão para o público jovem. A Mostra Juvenil vai exibir cinco curtas-metragens diferentes em duas sessões realizadas no Cine Tenda.
A sessão de Curtas da Mostrinha vai exibir sete filmes. As crianças também terão programação ampla e de qualidade. Os quatro longas programados para a tradicional Mostrinha de Cinema são “História Antes de Uma História”, “Peixonauta – O Agente Secreto da O.S.T.R.A”, “31 Minutos – o Filme” e “Corda Bamba, História de uma Menina Equilibrista”.