Cineasta norte-americano Howard Hawks ganha retrospectiva inédita
A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, realiza de 12 de abril a 12 de maio, em Belo Horizonte, a mostra Howard Hawks Integral.
A retrospectiva, inédita no Brasil, revisita a obra de um dos cineastas norte-americanos mais aclamados pelo público e crítica ao longo dos últimos 60 anos. Serão apresentados 44 títulos em longa-metragem, lançados entre 1926 e 1970.
Várias produções apresentadas na mostra são raridades absolutas, outras tiveram Hawks como principal mente por trás de suas concepções (mesmo sem sua assinatura na direção) e algumas terão mais que uma versão exibida. O conjunto vai dar oportunidade ao espectador de atravessar todas as fases de um nome essencial da cinematografia mundial e cujo legado permanece entre cineastas contemporâneos, como Clint Eastwood e John Carpenter.
Entre as dezenas de filmes de Howard Hawks, o espectador poderá assistir a comédias românticas (Suprema Conquista, 1934; Levada da Breca), aventuras (Uma Aventura na Martinica, 1944; Hatari!, 1962; Faixa Vermelha 7000, 1965), policiais (Scarface, 1932; À Beira do Abismo, 1946), terror (O Monstro do Ártico, 1951), faroestes (Rio Vermelho, 1948; Onde Começa o Inferno, 1959; El Dorado, 1966) e musicais (Os Homens Preferem as Loiras, 1953).
Grandes nomes da história de Hollywood tiveram algumas de suas melhores interpretações sob as lentes de Hawks, como Marilyn Monroe, Montgomery Clift, John Wayne, Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Cary Grant e Katherine Hepburn. Dois raros longas do diretor – Enquanto os Maridos se Divertem (1927) e O Último Caso de Trent (1929), ambos ainda da fase pré-cinema falado – estão incluídos na retrospectiva. Haverá projeção de cópias em película 35mm e 16mm para a maioria dos filmes. Apenas dois títulos assinados por Hawks (The Road to Glory, 1926; The Air Circus, 1928) ficaram de fora, por inexistência de cópias.
Hawks (1896-1977) foi um cineasta que atravessou o século XX e entendeu como poucos a melhor maneira de domar a máquina hollywoodiana, ao mesmo tempo estando dentro dela sem jamais deixar de fazer os filmes da maneira como gostaria. Para o grande diretor Orson Welles, de Cidadão Kane, Hawks era o maior talento no cinema feito nos EUA. O crítico e cineasta Peter Bogdanovich o considerava o mais elegante e de moral elevada dentre os artistas da tela. No Brasil, o realizador Rogério Sganzerla o caracterizou como um criador cujo interesse estava em temas invariavelmente instintivos.
Ele nasceu no dia 30 de maio de 1896 no estado de Indiana (EUA). Antes de se tornar diretor, trabalhou como motorista de caminhão, piloto de corridas, asscensorista e, ao chegar a Hollywood, roteirista e montador. Foi amigo pessoal dos escritores William Faulkner e Ernest Hemingway, com quem elaborou alguns trabalhos, e era considerado um dos mais eficientes cineastas da indústria de Hollywood. Morreu aos 81 anos, no dia 26 de dezembro de 1977, após uma queda dentro de casa. Dois anos antes, fora agraciado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood com um Oscar honorário, dedicado ao conjunto de sua obra. Ao longo da carreira, Hawks concorreu uma única vez ao Oscar de melhor diretor, por Sargento York, em 1942.
A mostra vai contar com a presença do crítico da Folha de S. Paulo, Inácio Araujo, para ministrar o curso “Hawks – O gênio à altura do homem”, entre os dias 17 e 19 de abril. Serão disponibilizadas 120 vagas. As inscrições vão até o dia 7 de abril.
Quatro palestras integram a programação da mostra. No dia 18 de abril, quinta-feira, às 19h15, o professor e crítico da revista Cinética Luiz Soares Jr. fala sobre “Os profissionais de Hawks: Crônicas da existência”, que pretende tratar dos grupos de profissionais que constituem os personagens dos filmes de Hawks e os afetos e questões existenciais que se refletem nessas interações.
A relação do diretor com a chamada “política dos autores”, tendo como eixo o faroeste Rio Vermelho, é o tema do Prof. Dr. Mário Alves Coutinho, no dia 25 de abril, às 19h30. A Prof. Dra. Ana Lúcia Andrade (EBA-UFMG) vai falar, no dia 2 de maio, às 19h, sobre a comédia excêntrica dos anos 1930, relacionando o trabalho de Hawks ao de outros grandes nomes do gênero, como Frank Capra, Ernst Lubistch, Billy Wilder e Preston Sturges.
No dia 9 de maio, às 19h, o Prof. Dr. João Luiz Vieira (UFF-RJ) fará uma palestra exclusivamente sobre Hatari!, clássico considerado por muitos como o melhor Hawks. Já no dia 16 de abril, às 16h, o cineasta mineiro Geraldo Veloso, o editor e crítico da revista eletrônica Foco e o crítico baiano André Setaro participam de um debate, mediado pelo Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, Rafael Ciccarino, sobre a obra de Howard Hawks.
A programação do evento conta ainda com o lançamento de um livro-catálogo, com dezenas de textos sobre o cineasta – entre inéditos e republicações, incluindo autores como Peter Bogdanovich, Jacques Rivette, Jonathan Rosenbaum, Rogério Sganzerla e Jean Douchet.
A programação completa pode ser conferida neste link do site da Fundação Clóvis Salgado.
Howard Hawks Integral
Data: 12 de abril a 12 de maio
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte
Classificação: livre, 12 e 14 anos
Entrada gratuita
A retirada do ingresso, um por pessoa, será realizada 30 minutos antes de cada atividade.