Prêmio Almanaque: “Depois de Maio”, de Olivier Assayas
O Prêmio Almanaque deste mês vai para Olivier Assayas e seu filme “Depois de Maio”. Assayas, oriundo dos quadros da revista “Cahiers du Cinéma”, fascinou a crítica, os festivais e chegou a disputar o cobiçado Globo de Ouro com o longuíssimo telefilme “Carlos”, ficção de primeira sobre o Chacal, personagem dos mais controversos da história contemporânea. Depois de “Carlos”, Assayas dedicou-se por inteiro a “Depois de Maio”, um dos melhores filmes lançados no Brasil este ano. Nesta narrativa, que tem muito de documental, o realizador francês mergulha nas memórias de sua geração, a que lutou por mudanças político-econômico-sociais no pós-68. A geração 70 era muito politizada e queria aprofundar, especialmente, as conquistas comportamentais dos meia-oito. Só que, no começo da década de 80, viria o início da rebordosa, com a descoberta da Aids. “Depois de Maio” não chega aos anos 80. Atém-se, apaixonadamente, ao começo dos 70 e presta comovente homenagem aos cineclubistas que projetaram e debateram filmes como “Joe Hill”, do sueco Bo Widerberg, “A Coragem de um Povo”, do boliviano Jorge Sanjinés, e “Povo do Laos”, documentário militante realizado por coletivo francês. “Depois de Maio” estreou, entre nós, justo no momento em que se comemora o centenário do cineclubismo. Data festejada, também, no Memorial da América Latina, em São Paulo, com a exibição do filme mudo, “A Comuna de Paris”, realizado em 1914, pelo anarquista espanhol Armand Guerra.