Mostra de Ouro Preto resgata filmes perdidos de Luiz Rosemberg Filho
A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto vai exibir, durante a 9ª edição do evento, a ser realizada entre 28 de abril e 2 de maio, na cidade histórica mineira, dois dos filmes mais míticos e pouco vistos do audiovisual no país. “O Jardim das Espumas” (1970) e “Imagens” (1972), dirigidos pelo cineasta homenageado pelo evento Luiz Rosemberg Filho, estiveram desaparecidos por 30 anos, até serem encontrados recentemente na França. As cópias serão trazidas ao Brasil pela Universo Produção e telecinadas para serem exibidas na mostra.
Aos 69 anos, Rosemberg não assiste ao longa-metragem “O Jardim das Espumas” há três décadas. “O produtor, na época, coloriu algumas partes do filme à minha revelia, então pedi que meu nome fosse retirado. Então, ele ficou com raiva e, segundo eu soube, vendeu os negativos para uma fábrica de vassouras”. Rosemberg, porém, conseguiu salvar uma versão original do filme, que ele conseguiu levar à França, mas, entre idas e vindas, nunca mais teve notícias.
Por sua vez, “Imagens” é outro trabalho pouquíssimo exibido no Brasil, apesar de ter sido premiado num festival francês nos anos 1970. Totalmente silencioso, o média-metragem foi rebatizado na França como “Imagens do Silêncio”, título pelo qual ainda é registrado em algumas referências de Rosemberg na bibliografia brasileira.
A localização de “O Jardim das Espumas” e “Imagens” se deveu ao trabalho conjunto da Universo Produção junto ao curador da temática histórica da CineOP, Hernani Heffner. Ele mobilizou José Quental, ex-funcionário do MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), que atualmente faz uma especialização na França, na busca pelas cópias perdidas.
“O Jardim das Espumas”, segundo seu autor, Luiz Rosemberg Filho, foi feito com “muito ódio e muita raiva” pela situação política do Brasil na época, já mergulhado no regime militar. Já “Imagens” é considerado por ele como sendo seu trabalho mais radical em toda a carreira.