“Deus e o Diabo” no Fest Brasília

O mais antigo festival de cinema do país, o de Brasília, abrirá sua quadragésima sétima edição no dia 16 de setembro, com sessão especial de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha. O segundo longa do realizador baiano está completando 50 anos, assim como o golpe militar que depôs o presidente João Goulart. O destino do filme que representou o Brasil no Festival de Cannes (junto com “Vidas Secas”) tem muito a ver com os acontecimentos políticos de 1964. No dia 13 de março, enquanto Jango discursava em agitado comício na Central do Brasil e prometia reformas de base, Glauber mostrava seu filme para um grupo privilegiado de espectadores. Semanas depois, quando o filme chegou aos cinemas comerciais, o Brasil já estava sob o comando dos militares. “Deus e o Diabo” será exibido em cópia restaurada, o que permitirá às novas gerações, que só o viram em DVD, desfrutar, na tela grande, da bela e contrastada fotografia de Waldemar Lima. E caberá à Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional executar alguns dos melhores momentos da trilha sonora do filme, criação de Sérgio Ricardo, em parceria com o próprio Glauber. Do elenco principal, devem comparecer Othon Bastos, o Corisco, e Yoná Magalhães, a Rosa (mulher do vaqueiro Manoel, interpretado pelo saudoso Geraldo del Rey). O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que terá Hamilton Pereira como presidente e Sara Rocha, neta de Glauber, como coordenadora-adjunta, prossegue até o dia 23 de setembro, com atividades no Plano Piloto e cidades-satélites. E o fará de volta a seu formato tradicional, ou seja, com mostra competitiva de longas e curtas, sem a anacrônica separação por gênero. E – espera-se – com menos prêmios (nos dois últimos anos, foram quase 70 trofeus), de forma que a festa de encerramento possa exibir um filme em caráter hors concours. E deixe de ser infindável e tediosa a sucessão de longos agradecimentos.

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