Festival de Brasília em flashes

Por Maria do Rosário Caetano, de Brasília

 

TV BRASIL – Todos os dias, durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a TV Brasil vem gravando, com caminhão de externas, entrevistas com os participantes das mostras competitivas e informativas do mais antigo festival do país (criado em 1965, por Paulo Emílio Salles Gomes e equipe). O material, colhido no Cine Brasília, vai ao ar todos os dias, às 18h00.

CINE DRIVE-IN – O Cine Drive-In, de Brasília, situado no autódromo da cidade (administrado pelo ex-piloto Nelson Piquet e situado nas proximidades do Estádio Nacional, o Garrinchão), motivou, este ano, um curta-metragem documental e um longa ficcional. Os dois filmes seriam exibidos na XIX MOSTRA BRASÍLIA, promovida pela Câmara Legislativa do DF. O longa, de Iberê Carvalho, protagonizado por Othon Bastos (o Corisco de Glauber Rocha), foi selecionado para a mostra competitiva do Festival do Rio, que terá sua sessão inaugural nesta quinta-feira. Por isto – para chegar 100% inédito ao festival carioca – o filme não foi exibido na mostra brasiliense. Mas o público pôde fruir, na décima-nona edição da mostra candanga, a história do espaço definido como “o último Drive-in do Brasil”. Afinal, o curta “Cine Drive-in – Cinema sob o Céu”, de Claudio Marques, conta, ao longo de 20 minutos, a história do cinema que exibe filmes e estrelas (as das telas e as do firmamento). O meio cultural brasiliense defende a preservação do espaço de exibição ao ar livre, que vive má fase. O Drive-In candango, instalado por um militar da equipe do presidente-general Figueiredo, conheceu sua glória nos anos 70 e hoje torce por melhores dias. As causas da redução do público são – segundo os gestores do lugar – nosso tempo que oferta excesso de diversões no espaço doméstico, permitidas pelas novas tecnologias, e o horário de verão. Afinal, um Drive-in necessita da escuridão da noite para suas sessões.

VENTOS DE AGOSTO – O novo filme de Gabriel Mascaro, “Ventos de Agosto”, que participou do Festival de Locarno, mês passado, foi exibido na quinta noite da mostra competitiva do Fest Brasilia 47 para uma sala lotada. Houve poucas defecções. No debate, na manhã desta segunda-feira, no Hotel Mercure, Gabriel e equipe ouviram comentários sobre o humor do filme (a plateia riu muito em determinados momentos da narrativa, ambientada numa aldeia de pescadores, no litoral alagoano) e foram evocadas possíveis fontes de diálogo cinematográfico do diretor. Mesmo que o realizador não se defina como um cinéfilo em busca de referências. Um crítico italiano viu, em Locarno, proximidade de “Ventos de Agosto” com “Barravento”, de Glauber Rocha. Em Brasília, as referências evocadas foram as mais amplas, indo de Flaherty (“O Homem de Aaran”) aos portugueses João Cesar Monteiro e Miguel Gomes, passando por “Aitaré da Praia”, do ciclo pernambucano, por Jean Rouch, cinema do Leste Europeu dos anos 60 e pelo japonês Sohei Imamura. Gabriel só destacou dois filmes do holandês Joris Ivens, ambos sobre o vento, um deles filmado na China, como fontes de diálogo. Ricardo Pretti (montador de “Ventos…” com Eduardo Serrano, e cultor juramentado da cinefilia) viu evocações, no filme pernambucano-alagoano, do malaio Tsai Ming-Liang. O cineasta maranhense-gaúcho Lucas Sá definiu “Ventos de Agosto” como um “filme de terror diurno”.

ÍNDIA E LITORAL CARIOCA – Mais dois curtas completaram a programação da quinta noite do festival: “B-Flat” (Si Bemol), que a publicitária paulista Mariana Youssef filmou na Índia, e “Luz”, que o carioca Gabriel Medeiros realizou no litoral fluminense, em comunidades que não dispõem de luz elétrica. Parte significativa delas porque vive em uma reserva ambiental. Por isto, autoridades governamentais do Meio-Ambiente não permitem a eletrificação das moradias.

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