Nagisa Oshima ganha retrospectiva com seus maiores clássicos
Nagisa Oshima, o mais conhecido e rebelde cineasta japonês, é homenageado pelos CCBBs Rio de Janeiro (de 15 a 27 de julho) e São Paulo (de 29 de julho a 10 de agosto) com uma mostra que faz um panorama de sua obra. Com o apoio da Fundação Japão, serão exibidos 12 longas-metragens, uma seleção que inclui seu primeiro filme, Uma Cidade de Amor e de Esperança (1959), raramente apresentado por aqui, sua obra-prima O Império dos Sentidos (1976), que o tornou famoso mundialmente, Império da Paixão (1978), que lhe deu a Palma de Ouro de Melhor Direção no Festival de Cannes, e Furyo, em Nome da Honra, com os atros pops David Bowie e Ryuichi Sakamoto.
Nagisa Oshima (1932-2013) foi um dos mais firmes defensores da liberdade de expressão e um crítico do cinema comercial de Hollywood e do Japão. Sua carreira se iniciou, como a de muitos cineastas japoneses da época, no famoso estúdio Shochiku, onde trabalhou como assistente de direção. Em 1959, dirigiu seu primeiro filme, Uma Cidade de Amor e de Esperança, que tratou da pobreza e das diferenças de classe no Japão pós-guerra, com estética do realismo social. Críticos classificaram seus filmes dos anos 60 como a “nova onda” japonesa, um cinema inspirado pela Nouvelle Vague francesa. Depois de seu terceiro longa-metragem, Oshima rompeu com a Shochiku, após o estúdio retirar Noite e Névoa no Japão (1960) de circulação devido ao conteúdo político. O cineasta continuou, então, a fazer filmes com sua produtora independente.
Seus filmes dos anos 60 têm frequentemente como protagonistas personagens rebeldes ou criminosos – como em O Túmulo do Sol (1960) e Prazeres da Carne (1965) – ou tratam de violência e sexualidade – como em Violência ao Meio-Dia (1966) e Duplo Suicídio Forçado: Verão Japonês (1967). Os filmes Canções Lascivas do Japão (1967) e O Regresso dos Três Bêbados (1968) experimentam com a narração e as formas cinematográficas, empregando cenas surreais e experimentais.
Baseado em uma história real famosa no Japão, sua obra-prima Império dos Sentidos explora os limites entre a arte e a pornografia e a relação entre o erotismo e o impulso de morte. Considerado o maior sucesso comercial de Oshima, marca o início do uso de imagens de sexo explícito no cinema de arte. O filme sofreu severa censura em alguns países na época de seu lançamento e sua versão integral continua proibida no Japão até hoje. Em uma audiência no tribunal, Oshima respondeu à pergunta sobre o filme ser obsceno: “Nada do que é mostrado é obsceno. O que é obsceno é o que está oculto”. Durante o festival de Berlim, a cópia do filme foi confiscada pela polícia. O juiz a liberaria mais tarde, alegando que a obra não era pornográfica, mas mostrava a proximidade entre o impulso dos sentidos e o impulso da morte. Seu último filme, Tabu (1999), que participou da competição oficial do Festival de Cannes, explora a homossexualidade dentro do fechado ambiente masculino dos samurais.
A programação da mostra, no Rio de Janeiro e em São Paulo, está disponível no site www.bb.com.br/cultura.