Periscópio
No dia 27 de agosto, estreia com exclusividade no Cinesesc o longa “Periscópio”, dirigido por Kiko Goifman e protagonizado por Jean Claude Bernardet e João Miguel. O lançamento coincide com a abertura da exposição “Máquinas do Olhar” que ocupará o saguão do cinema.
“Periscópio”, filme de ficção, produzido por Jurandir Muller (PaleoTV), teve sua première nacional no Festival de Cinema do Rio e a estreia mundial no importante Festival de Rotterdam.
Filmado integralmente em um apartamento na cidade de São Paulo, o longa compreende momentos claramente marcados: no início, o insustentável ambiente entre os dois homens (Eric, com quase oitenta anos, e Élvio, com a metade). Provocações mútuas e conflito. No filme, não interessam as histórias prévias dos personagens. Um proposital embaralhamento é criado, sugerindo num primeiro momento que são vizinhos, depois pai e filho e, posteriormente, que o mais novo é um enfermeiro e cuidador do mais velho.
A monotonia, o ciclo repetitivo dos dias se quebra de forma abrupta. Um periscópio vindo do apartamento do andar abaixo rasga o chão da sala. Num primeiro momento, o susto. Depois, a fruição. Alguém no mundo se interessa por suas vidas miseráveis. Eles começam a encenar, cantar e dançar para o periscópio. Até que novidades surgem.
“Periscópio” contou com o patrocínio da Sabesp, do Programa de Fomento ao Cinema Paulista, com o apoio de finalização do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural/2012, do Fundo Setorial do Audiovisual/BRDE e da produtora Canal I (Canal Independente).
A exposição “Máquinas do Olhar” é parte do longa-metragem, para apresentar um pouco do universo que revela o interesse que temos em dispositivos para conceber e fabricar imagens, que nos permitem ver além dos limites do olho e da mente. Óculos, monóculos, binóculos, lupas, mirantes, periscópios, até mesmo sonhos permitem as pessoas enxergarem coisas que escapam aos limites fisiológicos da visão.
Com obras de artistas e museografia que lidam com diferentes modos de ver, a exposição propõe formas de circulação que embaralham as fronteiras nítidas entre os circuitos do cinema e das artes, da mesma forma que o jogo de reflexos e o trânsito obras e museografia entre o olhar para a parede e o olhar para objetos perturba a percepção do que é espaço expositivo, rua e mundo mediado diante de um público convidado o tempo todo a circular e interagir de forma lúdica com as obras e espaços.
Dispositivos criados para multiplicar pontos de vista do espaço, exibir textos e vídeos — fragmentos de “A Casa Tomada”, de Cortázar, vídeos curtos que circulam como meme no VIMEO (“High Five Camera”, “A Camera Drama”) e obras de vídeoarte de Éder Santos, Raimo Benedetti, Gabriel Menotti, Vic Von Poser e outros — sugerem um olhar através de aparelhos que tiram o corpo do espaço expositivo ao ligar através do olhar aos mundos imaginários apresentados pelas obras.
Este diálogo entre obras físicas que permitem ver o mundo de outra forma, e obras imateriais vistas através de dispositivos que deslocam o olhar para além do espaço físico imediato, se completa pelo diálogo entre obras que dialogam como universo do filme “Periscópio” e outras motivadas diretamente pelo longa — um disco conceito de DJ Dolores, fotos de cenas do filme, os desenhos originais que Laerte fez para o cartaz — num espaço de instabilidades e hibridizações motivados pelo tópico das máquinas de olhar e as reconfigurações do espaço propostas pela exposição.
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