Orestes

Escrita por Ésquilo em 458 a.C., a tragédia grega “Oréstia” trazia o julgamento de Orestes, o primeiro tribunal do júri do qual se há registros. O documentário “Orestes”, de Rodrigo Siqueira, traz uma adaptação do texto de Ésquilo para o Brasil atual.

Para realizar o longa-metragem, Siqueira escreveu uma peça jurídica descrevendo um caso fictício de assassinato, inspirado no personagem de Orestes, que na tragédia de Ésquilo matou a própria mãe para vingar a morte do pai. Na adaptação do cineasta, há uma inversão: Orestes mata o pai, um torturador anistiado em 1979, para vingar a morte da mãe. O documento, escrito também com base em relatórios de militantes mortos pela ditadura militar, foi entregue a Maurício Antônio Ribeiro Lopes, hoje procurador do Estado de São Paulo, e a José Carlos Dias, ex-Ministro da Justiça e membro da Comissão Nacional da Verdade. O primeiro ficou responsável pela acusação e o segundo pela defesa de Orestes em um júri simulado, que ocorreu na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e que é registrado no filme.

Além do julgamento, o documentarista organizou também sessões de psicodrama que envolviam pessoas cujas vidas foram marcadas pela ditadura militar ou pela violência do Estado brasileiro atual, trazendo famílias de jovens mortos pela polícia militar e um ex-policial, por exemplo. Entre os participantes, destaca-se uma senhora que trabalha em um grupo de apoio a vítimas de violência, defensora da pena de morte. Tanto o júri simulado quanto o psicodrama têm em sua essência um caráter teatral.

Entre as muitas histórias relatadas no longa-metragem, destaca-se o caso de Nasaindy Barret, cuja mãe Soledad Barret, ex-guerrilheira, foi assassinada em 1973, após ser delatada por um ex-companheiro, o militar conhecido como Cabo Anselmo.

“Orestes” entra em cartaz no Cine Olido, na Av. São João, 473, em São Paulo, a partir do dia 18 de novembro.

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