Prêmio Almanaque: Edgar Navarro
O Prêmio Almanaque deste mês vai para o cineasta, ator e roteirista baiano Edgard Navarro, de 66 anos, que viverá, neste 2016, o período mais cinematográfico de sua história. Afinal, estrearão nos cinemas dois filmes que o têm como ator: “Tropykaos”, de seu conterrâneo Daniel Lisboa, no qual interpreta três papéis, e “O Anjo da História”, do catarinense Rafael Schlichting, que protagoniza. Seu personagem, neste filme, tem algo de “navarriano”: um caixeiro viajante chega a um pequeno povoado na serra de Santa Catarina, para vender miudezas, mas acaba surtando. Aí, passa a ter visões do fim do mundo. Ao invés de vender seus armarinhos, começa a comprar câmaras velhas e película, pois quer documentar os últimos momentos da Terra.
Com Navarro, em cena, está o cantor paraibano Chico César. No circuito de festivais, o baiano mostrará seu terceiro longa-metragem, “Abaixo a Gravidade”, frase vital retirada de seu mais louco e fascinante filme (“Superoutro”, 1989). Depois do comovente, terno e inquieto “Eu me Lembro”, o “Amarcord baiano”, Navarro realizou “O Homem que Não Dormia”, um filme “cármico”, confuso e excessivamente místico. Agora, o cineasta garante (a promessa foi feita ao jornal “A Tarde”): um longa “sobre a bondade, a generosidade e a compaixão, e esse dilema da morte, da vida, do amor; a juventude e a velhice”. Isto porque “o filme pega todas as coisas que são feitas para esmagar, como a cidade grande, a miséria, e transforma”. Tudo leva a crer que a rebeldia deste talentoso artista é indomável. Em 2019, ele fará 70 anos. Seguirá, com certeza e apesar dos cabelos brancos, entre os mais inquietos cineastas brasileiros. Sempre foi assim, inclusive em 1977, quando surpreendeu a todos que participavam de debate na Jornada de Cinema da Bahia e ficou nu em pelo. Não era um adolescente querendo chamar atenção. Era um homem de 28 anos, que desejava incomodar os acomodados.