Spcine inaugura circuito de salas e leva grandes festivais para a periferia
A promessa de levar filmes brasileiros e blockbusters internacionais para a periferia da cidade de São Paulo começou a se concretizar no dia 30 de março, quando o Circuito Spcine foi inaugurado pelo prefeito Fernando Haddad. A cerimônia oficial foi realizada no Centro Educacional Unificado (CEU) Butantã e deu início às atividades que serão estendidas para outros 14 CEUs e também para as salas alternativas mais centrais, até o final do mês de maio. Uma das novidades do projeto é levar filmes dos maiores festivais a esse público, iniciativa que começou com o É Tudo Verdade e será aperfeiçoada até a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, prevista para ocorrer em outubro.
Com orçamento de R$ 7,5 milhões, as 20 salas que compõem o circuito estão sendo reformadas e adaptadas com equipamentos de ponta, que também são usados em salas comerciais: projeção digital em DCP e som Dolby Digital. A qualidade da exibição permitiu que no primeiro final de semana (31 de março a 3 de abril) fossem exibidos filmes como “Snoopy & Charlie Brown”, que já tinha saído do circuito comercial e atraiu 937 espectadores nos CEUs Butantã e Meninos (localizado no bairro São João Clímaco). Nessas mesmas salas, também foram exibidos “A Série Divergente: Convergente” (529 espectadores) e o nacional “Mundo Cão” (285 espectadores). No total, a inauguração do circuito somou 1.751 espectadores, confirmando a boa expectativa da Spcine.
De acordo com Rafael Carvalho, coordenador de programação da agência, as conversas com as distribuidoras começaram em dezembro de 2015 e muitas já estão interessadas em participar do circuito inclusive nas semanas de estreia dos filmes, embora a maioria das salas não tenha cobrança de ingresso. Nos CEUs, a programação é gratuita, enquanto no Cine Olido e no Centro Cultural São Paulo (CCSP) as entradas ficam entre R$ 4 e R$ 8. No CFC Cidade Tiradentes, a proposta também é seguir os preços já praticados nas atividades culturais do local, a R$ 4.
Além de atender a demanda por filmes mais comerciais e de apelo imediato, a proposta da Spcine também é levar uma programação especial e focada nos temas dessas regiões durante os principais festivais que já acontecem em São Paulo ao longo do ano. O festival piloto para esta empreitada foi o É Tudo Verdade, que tradicionalmente exibe documentários nacionais e internacionais na região central da capital paulista e também no Rio de Janeiro, em abril.
Segundo Amir Labaki, diretor do festival, o É Tudo Verdade estabeleceu uma parceria com a Spcine desde a origem da empresa que acabou resultando nesse passo seguinte: “Fomos o primeiro festival apoiado e também o primeiro a ter o privilégio de programar salas no recém-lançado Circuito Spcine de Cinema. A expectativa é ampliarmos o público por toda a cidade, mantendo em todos os espaços a tradicional alta média de público por sala, especialmente sendo um evento com entrada franca”.
Nesta primeira edição do É Tudo Verdade no circuito, foram exibidos documentários brasileiros e estrangeiros inéditos, destaques das edições anteriores e também um ciclo especial de documentários olímpicos nacionais. Para os próximos eventos, Carvalho explica que a proposta é seguir ouvindo as demandas locais e manter um diálogo com os curadores, indicando quais filmes seriam mais apropriados e interessantes, além de propor debates com os realizadores para estimular a formação deste novo público.
“O caminho é sempre o do diálogo e da parceria. O Festival Internacional de Curtas-Metragens, por exemplo, já tem uma experiência de anos com o trabalho de oficinas na periferia, já tem um know-how e um histórico de experiências acumuladas. Na verdade, é uma troca. Não vamos definir o filme em si, mas vamos orientar, dar uma linha geral para que cada festival possa construir uma programação que dialogue com aquela comunidade”, explica o coordenador.
No calendário da programação do circuito, também estão a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, o festival Entretodos, In-Edit Brasil, Festival Latino-Americano de Cinema e o Mix-Brasil. A expectativa da Spcine é chegar a um público total de 960 mil espectadores até o final de dezembro, com uma média de 200 sessões semanais, entre todos os filmes que vão compor a programação. Para isso, outro desafio da agência será atrair um público mais adulto às sessões, além dos jovens que já participam das atividades dos CEUs e que tem uma faixa etária mais em idade escolar, e “se tornar um ponto de referência para o bairro”, diz Carvalho.
Por Belisa Figueiró