Cine Ceará 2016, por Maria do Rosário Caetano

Por Maria do Rosário Caetano, de Fortaleza

 

Na noite inaugural do festival, além das manifestações políticas anti-Temer, foram exibidos dois filmes: o curta brasileiro ABISSAL e o longa espanhol (basco) AMAMA (AVÓ), do diretor (estreante) ASIER ALTUNA IZA. Ano passado, o cinema basco (falado em euskadi) fez bonito no festival cearense, com LOREAK (FLORES), que se fez representar pela atriz Itiziar Ituño. Este ano, outra atriz basca – a jovem IRAIA ELIAS (nesta foto) – representou AMAMA. Oriunda do teatro, IRAIA, que interpreta o principal papel feminino do filme, faz sua estreia no cinema. E por seu trabalho foi indicada ao GOYA de atriz revelação. Depois de participar de festivais e da cerimônia dos GOYA, a atriz basca veio parar em Buenos Aires, na Argentina, pois fez jus a uma “beca”(bolsa de estudos) para aprofundar seus conhecimentos em representação teatral.

O longa-metragem AMANA, que conquistou o Prêmio IRIZAR de Melhor Filme Basco no Festival de San Sebastián (e também de melhor roteiro) – se passa num “caserio” (um sítio nucleado por um imponente casarão) na zona rural basca, onde vivem uma silenciosa avó (Amparo Badiola) e seu filho, Thomas (Kandido Uranga), atados aos valores do  passado e ao cultivo da terra. Na cidade, moram seus filhos, entre eles a artista visual e fotógrafa Amaia (Iraia Elias). Avó e pai representam, simbólica e terrivelmente, os filhos em sólidos troncos de arvores centenárias. O conflito geracional colocará em campos opostos (e sob o olhar silencioso da “abuela”) o rígido pai e seus filhos que não querem sequenciar o trabalho no “caserio”. O teimoso pai não consegue modernizar sua pequena propriedade e os problemas vão se multiplicando.

O cineasta ASIER ALTUNA IZA, que fez curso de roteiro na Escola Internacional de Cinema de Cuba, viveu seus primeiros 18 anos num “caserio” basco, mas – garantiu IRAIA ELIAS – não fez um filme inspirado em sua história pessoal. Posto que, “tomou todas as liberdades ficcionais e poéticas que quis”. E mais: “os troncos como representação de defeitos (e qualidades) dos filhos não representam uma tradição basca. Saíram da imaginação do diretor, que escreveu o roteiro com Telmo Esnal.

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