Trago Comigo
“Trago Comigo” é o segundo longa-metragem consecutivo no qual a diretora Tata Amaral trata das sequelas da ditadura civil-militar brasileira na vida de seus personagens. A estreia nacional será em 16 de junho, com distribuição da Pandora Filmes.
Tata Amaral já havia buscado expressar dramaturgicamente uma relação problemática com o passado político em “Hoje” (2011) – longa vencedor do Festival de Brasília e premiado no Festival Internacional de Cinema Político de Buenos Aires e no Festival de Cinema Unasur (San Juan, Argentina). Segundo a cineasta, o protagonista de “Trago Comigo” é a representação do esquecimento da sociedade brasileira em relação à sua própria história.
As recentes manifestações pedindo a volta do regime militar, incluindo aquela do deputado Jair Bolsonaro exaltando Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido torturador pelo Superior Tribunal de Justiça, deram ao filme atualidade inesperada. O longa, que mistura depoimentos reais com a ficção, conta com a participação da família Teles, vítima de Ustra e autora da ação que o reconheceu como torturador.
Apesar da seriedade do tema, o filme não se furta a momentos divertidos ou emocionantes, sobretudo aqueles que revelam diferenças entre gerações.
“Trago Comigo” ganhou, em 2015, prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular no 10º Festival de Cinema-Latino Americano de São Paulo e também Melhor Filme no Festival Internacional de Cine y Derechos Humanos de Sucre, na Bolívia. O longa foi montado a partir da série homônima realizada e veiculada pela TV Cultura e o SescTV em 2009, produzida através do Projeto Direções, III Edição, e será lançado nos cinemas quase simultaneamente ao lançamento em DVD.
No filme, Telmo (Carlos Alberto Riccelli), preso durante a Ditadura Civil-Militar e posteriormente exilado, é um diretor de teatro na cidade de São Paulo. Quando é convidado para dar uma entrevista, se dá conta de que não tem memória alguma dos meses que passou clandestino e de como aconteceu sua prisão. Através da peça de teatro que passa a montar junto com seu jovem elenco, Telmo vai estabelecer um diálogo com as novas gerações, mergulhar na sua própria história e na história de seu país, envolvendo sua militância e encarceramento, revelando para si e para todos aquilo que, de tão doloroso, preferiu esquecer.