Tony Ramos se emociona ao receber homenagem em Gramado

Por Maria do Rosário Caetano, de Gramado

O ator Tony Ramos recebeu, com lágrimas nos olhos e a modéstia costumeira, o Prêmio Cidade de Gramado. O ator, que hoje completa 68 anos, fez seu primeiro filme aos 18. Portanto, há 50 anos. O reconhecimento do Festival de Gramado o deixou comovido e falante. Lembrou a alegria de ter dado vida a 168 personagens no cinema, teatro e TV, e lembrou que glória, para ele, é ser reconhecido pelo público que o saudou no longuíssimo tapete vermelho (uma imensa passarela). Público, detalhou, que vai de pessoas idosas a jovens e, felizmente, a crianças (incluindo seus netos). Ouviu, emocionado, depoimentos de Carla Camuratti, com quem protagonizou novela; de Daniel Filho, que o dirigiu em dezenas de trabalhos na Globo e nos dois blockbuster “Se Eu Fosse Você I e II”; do cineasta Flávio Tambellini, responsável por “Buffo & Spalanzani”, filme pelo qual recebeu um Kikito de melhor ator. Por fim, chegou de São Paulo depoimento inesperado: o do ator Dan Stulbach, companheiro de Toni “por quase quatro anos” na montagem teatral “Novas Diretrizes em Tempo de Paz”. O sucesso foi tão grande, que os dois estenderam temporada a Portugal e foram convidados a fazer duas apresentações no Teatro Municipal de São Paulo, a preços populares, para encerrar a grande carreira da peça. E, para dar um fecho de ouro ao processo, Toni & Dan pediram a Daniel Filho que dirigisse um  filme inspirado na peça. O que foi feito.

Na noite de homenagens a Toni Ramos, foram exibidos os dois primeiros curtas da competição brasileira: BLACK OUT, de time de jovens realizadores pernambucanos, comandado por Felipe “Acercadana” Peres Calheiros , e AQUELES CINCO SEGUNDOS, do mineiro, de Barbacena, Felipe Saleme. BLACK OUT é uma reflexão sobre o direito de imagem de populações quilombolas. Calheiros e seu colega black Martinho Mendes fizeram, no palco, discurso contundente sobre direitos sociais e políticos dos afro-brasileiros. O realizador pernambucano assina o filme com mais sete diretores. Ao agir assim, dividiu autoria com os que vivem num quilombo sem luz elétrica. Numa escuridão, que o filme registra de forma angustiante.

O segundo curta da – AQUELES CINCO SEGUNDOS – mostra dois amantes discutindo relações afetivas. Uma longa DR, que prende mais pelos méritos de sua protagonista feminina, a ótima Luciana Paes (a grandona rearranjadora de cemitérios de “Sinfonia da Necrópole”, o inventivo filme de Juliana Rojas) que por méritos estéticos. Além de boa atriz, Luciana é compositora e dona de voz melodiosa.

A primeira noite da mostra competitiva completou-se com dois longas: o competente ELIS, de Hugo Prata, com ANDREA HORTA, aplaudida de pé, por sua comovente reencarnação da cantora gaúcha, e a comédia, fincada em humor caricato, O ROUBO DA TAÇA, de Caíto Ortiz.

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