Canção da Volta
Uma história de amor que luta para sobreviver a uma tempestade. Gustavo Rosa de Moura lança um olhar sobre as relações afetivas em seu primeiro longa-metragem ficcional, “Canção da Volta”, que chegou aos cinemas em 3 de novembro com distribuição da Pandora Filmes. Os atores João Miguel e Marina Person – que estreia como protagonista – estão no centro da trama, uma narrativa com ares de thriller psicológico e forte carga autoral.
No filme, conhecemos o dia-a-dia de Julia e Eduardo – um longo casamento regido pelo ciúme e pela sombra de uma tentativa de suicídio que contamina tudo, inclusive a rotina dos filhos do casal, Lucas (Francisco Miguez) e a pequena Maria (Stella Hodge). No anseio de desvendar a esposa, Eduardo não percebe que a busca por controle tem grandes chances de se transformar em obsessão.
Boa parte da trama tem como cenário o apartamento que Gustavo e Marina Person, casados na vida real, compartilham há anos em São Paulo. Para se transformar na casa de Julia e Eduardo, o lugar passou por uma série de estudos e adaptações pensadas pelo próprio diretor, arquiteto por formação, até que o ambiente se tornasse uma espécie de personagem da história. Gustavo também assina a direção de arte – com Joana Brasiliano – e o roteiro do longa – escrito a quatro mãos com Leonardo Levis, parceiro de Gustavo em tantos outros projetos.
O flerte com as artes plásticas permeia toda a trajetória de Gustavo, que dirigiu diversos vídeos para museus, filmes experimentais, séries de TV e curtas metragens. Seu primeiro documentário, “Cildo”, mergulha na vida e percurso criativo do artista plástico Cildo Meireles e foi exibido pela primeira vez na sala de cinema da Tate Modern, em Londres, em 2009.
Para chegar à atmosfera obscura e misteriosa de “Canção da Volta”, que aposta em uma percepção muito mais sensorial que descritiva das emoções dos personagens, Gustavo e a equipe cercaram-se de referências ligadas às artes plásticas: artistas como Velázquez, Nuno Ramos, Goeldi, Fabio Miguez, Duane Michals, Giacometti, Janeth Cardiff e Michaël Borremans foram inspirações importantes ao longo desse percurso.
O filme foi rodado durante o inverno de 2014, no centro de São Paulo. Exigiu uma preparação de quase dois meses, que envolveu não só ensaios e leituras, mas muitas conversas, sessões de filmes, exercícios corporais e reescritas de roteiro. Se, por um lado, essa é a primeira vez que Gustavo e João Miguel se encontram no set, “Canção da Volta” assinala mais uma fase da longa parceria entre Gustavo e Marina: além de casados, os dois são sócios na Mira Filmes, fizeram juntos o curta “Acho que Chovia” e o longa “Califórnia”, dirigido por ela e produzido por ele.