Lúcia Murat e Vladimir Carvalho participam de debate em mostra sobre censura no cinema
No dia 6 de junho, às 20h, o Auditório do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, recebe os cineastas Lúcia Murat e Vladimir Carvalho para a palestra Impressões sobre a Censura no Cinema. O bate-papo, aberto ao público gratuitamente (com retirada de ingressos com uma hora de antecedência) marca o início da mostra A Censura na História do Cinema, que terá exibições sempre às terças, 20h, até o dia 18 de julho, com curadoria de Lúcia Murat. A mostra faz parte do projeto Cortina Fechada: Territórios da Arte, que traz uma discussão acerca das diferentes formas de censura sofridas por artistas e obras em vários contextos históricos. Manifestações artísticas de diversas linguagens formam um panorama amplo do assunto.
Na terça seguinte, dia 13 de junho, no mesmo horário e local, acontece a exibição de O País de São Saruê, de Vladimir Carvalho, um documentário sobre a região sertaneja do Rio do Peixe e a evolução de suas atividades econômicas. Inspirado no título de um cordel do autor paraibano Manoel Camilo dos Santos, o filme versa sobre a relação do homem e da terra. No ano em que foi finalizado (1971), o longa foi selecionado para o Festival de Cinema de Brasília, mas por decisão da justiça foi substituído e ficou mais de dez anos impedido de ser exibido no Brasil.
A programação de cinema do Cortina Fechada conta ainda com exibições, aos sábados, às 14h, de filmes que discutem a relação entre criadores e censura, divididos em eixos temáticos. Os próximos filmes a serem exibidos são Reinado do Terror (direção de Joseph H. Lewis), no dia 3 de junho, e Cúmplice das Sombras (direção de Joseph Losey), no dia 10 de junho, que compõem o eixo Macarthismo nos EUA.
Lúcia Murat, nascida em 1948, estudou economia e se envolveu com o movimento estudantil. Com a decretação do AI-5, em dezembro de 1968, entrou para o grupo MR-8. Presa em 1971, foi torturada e encarcerada por três anos e meio. Seu primeiro longa-metragem, o semi-documentário Que Bom te Ver Viva (1988), estreou internacionalmente no Festival de Toronto e revelou uma cineasta dedicada a temas políticos e feministas.
Já Vladimir Carvalho é um dos mais importantes documentaristas do país e foi corroteirista de Aruanda (1960), de Linduarte Noronha, um dos documentários que marcaram o início do Cinema Novo. Em 1962, foi assistente de produção da primeira fase de Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho. Com o golpe militar de abril de 1964, Vladimir Carvalho e Eduardo Coutinho tiveram de interromper as filmagens e viver na clandestinidade.