Prêmios Arco de Ouro
Por Maria do Rosário Caetano,
Moscou, capital russa, sediará, no próximo dia 14 de abril, a cerimônia de entrega dos prêmios Arco de Ouro aos melhores do cinema eurasiano, um conjunto de 38 países do Leste Europeu, ex-Repúblicas Soviéticas mais Turquia, Grécia, Israel, Albânia, Chipre e Finlândia.
Dos quatro finalistas a melhor longa-metragem ficcional, o público brasileiro conhece dois concorrentes: o polonês “Guerra Fria”, de Pawel Pawlikowski, que concorreu ao Oscar de melhor produção estrangeira e já foi visto por quase 50 mil espectadores em nosso circuito de arte, e o russo “O Verão”, de Kirill Serebrennikov, lançado pela Imovision, com modesta resposta do público, embora tenha causado furor junto à cinefilia e imprensa francesas.
O mais belo de todos os concorrentes, o turco “A Árvore dos Frutos Selvagens”, de Nuri Bilge Ceylan, foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e tem lançamento agendado para 27 de abril. Ao longo de 188 minutos, o diretor do poderoso “Era uma Vez na Anatólia” e de “Sono de Inverno”, Palma de Ouro em Cannes, acompanha Sinan, um jovem apaixonado por literatura, que sonha em ser reconhecido como escritor. Ao regressar à aldeia natal, ele se empenha em obter recursos para editar seu romance, mas dívidas do pai complicarão seus anseios. Este ano, Nuri Bilge Ceylan chega aos 60 anos, com obra (oito longas e longuíssimos) das mais respeitáveis. Além dos monumentais “A Árvore dos Frutos Selvagens”, “Sono de Inverno” e “Anatólia”, os menos conhecidos do que merecem (em nosso circuito) “Kasaba”, “Distante”, “Climas”, “Nuvens” e “Três Macacos”.
O quarto e último concorrente aos Prêmios Arco de Ouro é o também russo “O Homem que Surpreendeu Todo Mundo”, dos estreantes Natasha Merkulova e Aleksey Chupov. A presença desta pequena produção na lista principal causou surpresa. Surpresa positiva, já que chamara atenção no Festival de Veneza 2018, ao ganhar menção especial do júri da mostra Horizontes, destinada a filmes de jovens talentos.
Aos quatro principais finalistas, somam-se outras oito produções, que se destacam nas onze categorias abarcadas pelo Arco de Ouro: os búlgaros “Irina”, de Nadejda Koseva, e “Aga”, de Milko Lazarov, o húngaro “Entardecer”, de Laszlo Nemes, o ucraniano “Donbass”, de Sergey Loznitsa, o controvertido romeno “Eu Não me Importo se Entrarmos para a História como Bárbaros”, de Radu Jude, o georgiano”Namme”, de Zaza Khalvashi, e os russos “Ayka”, de Sergey Dvortsevoy, e “Dovlatov”, Alexey Guerman Jr.
Os finalistas ao Arco de Ouro são escolhidos por júri internacional, composto por 28 integrantes (críticos, jornalistas especializados, pesquisadores e acadêmicos). O Brasil se faz representar pelo carioca Carlos Heli de Almeida, da equipe de críticos do jornal O Globo, que corre dezenas de países dos cinco continentes, cobrindo grandes festivais de cinema (Cannes, Veneza, Berlim, Moscou e muitos outros, incluindo o Oriente Médio e a África magrebiana).
Carlos Heli avalia a segunda edição dos prêmios Arco de Ouro, comparando-a com a edição anterior: “diferentemente do ano passado, quando se realizou a premiação inaugural, estabelecida em prazo curto, os pré-indicados deste ano apresentaram nível médio de qualidade maior”. Por isto, “a lista de candidatos resultou bem mais abrangente em termos de países representados: 38 títulos passaram pela primeira peneira, 10% a mais do que em 2018”.
Confira os finalistas aos prêmios:
Melhor longa-metragem
. A Árvore dos Frutos Selvagens, de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)
. Guerra Fria, de Pawel Pawlikowski (Polônia)
. O Homem que Surpreendeu Todo Mundo, de Natasha Merkulova & Aleksey Chupov (Rússia)
. O Verão, de Kirill Serebrennikov (Rússia)
Melhor diretor
. Nuri Bilge Ceylan (A Árvore dos Frutos Selvagens)
. Pavel Pawlikowski (Guerra Fria)
. Kirill Serebrennikov (O Verão)
Melhor atriz
. Martina Apostolova (Irina, de Nadejda Koseva/Bulgária)
. Joanna Kulig (Guerra Fria)
. Samal Yeslyamova (Ayka, de Sergey Dvortsevoy/Rússia)
Melhor ator
. Tomasz Kot (Guerra Fria)
. Milão Maric (Dovlatov, Alexey Guerman Jr/Rússia)
. Evgeniy Tsyganov (O Homem que Surpreendeu Todo Mundo)
Melhor atriz coadjuvante
. Irina Starshenbaum (O Verão)
. Agata Kulesza (Guerra Fria)
. Natalya Kudryashova (O Homem que Surpreendeu Todo Mundo)
Melhor ator coadjuvante
. Bilyk Romanos (O Verão)
. Murat Cemcir (A Árvore dos Frutos Selvagens)
. Boris Szyc (Guerra Fria)
Melhor roteiro
. Sergey Loznitsa (Donbass, de Sergey Loznitsa/Ucrânia)
. Natalya Merkulova e Aleksey Chupov (O Homem que Surpreendeu Todo Mundo)
. Pawel Pawlikowski (Guerra Fria)
. Radu Jude (Eu Não me Importo se Entrarmos para a História como Bárbaros, de Radu Jude/Romênia)
Melhor fotografia
. Kaloyan Bozhilov (Aga, de Milko Lazarov/Bulgária)
. Matyas Erdely (Entardecer, de Laszlo Nemes/Hungria)
. Giorgi Shvelidze (Namme, de Zaza Khalvashi/Geórgia)
. Lukasz Zal (Guerra Fria)
Melhor Design de produção
. Elena Okopnaya (Dovlatov)
. Andrey Ponkratov (O Verão)
. Laszlo Raj (Pôr do Sol)
Melhor música
. Roman Bilyk e German Osipov (O Verão)
. Marcin Masecki (Guerra Fria)
. Laszlo Melis (Pôr do Sol)
Prêmios Arco de Ouro
Data: 14 de abril
Local: Moscou
Segunda edição do Prêmio East-West Golden Arch, dedicado à produção de filmes da Eurásia (países da Europa Oriental e Ásia Ocidental)
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