Prêmios Platino 2019
Por Maria do Rosário Caetano
Três filmes – o mexicano “Roma”, com nove, o colombiano “Pássaros de Verão” e o uruguaio “A Noite de 12 Anos”, com seis cada um – lideram a lista de indicações aos Prêmios Platino – Melhores do Cinema Ibero-Americano, que serão entregues na Riviera Maya, em festa de gala, no dia 12 de maio próximo.
O México sedia, por dois anos consecutivos, a entrega dos prêmios, que chegam agora à sua sexta edição e já consagrou os chilenos “Glória” (no Panamá) e “Uma Mulher Fantástica” (na Riviera Maya), os argentinos “Relatos Selvagens” (em Marbella) e “Cidadão Ilustre”, em Madri (ambas na Espanha), e o colombiano “A Árvore da Serpente” (em Punta del Este, no Uruguai).
Completam a lista de filmes concorrentes ao Platino 2019, com maior número de indicações, o espanhol “Campeões”, vencedor do Goya, e o paraguaio “As Herdeiras”, premiado em Berlim (melhor atriz para Ana Brun) e em Gramado (melhor filme latino-americano). O Brasil obteve apenas duas indicações, mas ambas favoritas ao Platino: melhor música original, para Chico Buarque e Edu Lobo, e melhor direção de arte, para Arthur Pinheiro (as duas por “O Grande Circo Místico”).
O colegiado de eleitores do Platino (formado pela Egeda, Fipca e Academias de Cinema Ibero-Americanas) dispôs, este ano, de uma das melhores safras da história do cinema ibero-americano. A ponto de um filme de evidentes qualidades, “Museu”, do mexicano Alonso Ruizpalácios, ser ignorado. Ao longo de 2018, filmes como “Roma”, “Pássaros de Verão”, “As Herdeiras”, “Nuestro Tiempo” (este de Carlos Reygadas) e “Museu” (melhor roteiro, em Berlim) brilharam em festivais internacionais. “Roma” foi o filme mais comentado do mundo, por suas qualidades, pelas polêmicas que provocou (como sua parceria com a Netflix) e por prêmios em algumas das maiores vitrines do mundo cinematográfico (Veneza, Oscar, Globo de Ouro, Bafta, Goya etc.).
Note-se que os organismos que patrocinam, há seis anos, a festa do Platino, resolveram, na contramão da Academia de Hollywood, diminuir o número de concorrentes. No Oscar, podem, de uns cinco anos para cá, ser indicados até dez produções na categoria de melhor filme. No Platino, eram cinco. Agora, são apenas quatro.
“Roma”, de Alfonso Cuarón, o franco favorito, disputará o prêmio principal com “Pássaros de Verão”, vencedor dos Prêmios Fênix 2018 e Gran Coral Negro no Festival de Havana, com “A Noite de 12 Anos”, sobre a prisão de guerrilheiros tupamaros, entre eles José Mujica, mais tarde presidente do Uruguai, e com o espanhol “Campeões”, uma comédia edificante, protagonizada por portadores de Síndrome de Down.
Para as instituições que atribuem o Platino, “Roma” não é um produto da Netflix, mas sim uma produção mexicana, assinada pela empresa Espectáculos Fílmicos El Coyul. Realizado integralmente no México, em espanhol e com atores locais, o filme foi comprado para exibição em streaming, pela poderosa Netflix. Interpretação diferente, por exemplo, da que foi dada pelos franceses, que excluíram “Roma” da competição de Cannes 2018 e, depois, do Cesar, o Oscar francês.
O Brasil, que já recebeu o Platino de melhor documentário (com “Sal da Terra”, sobre Sebastião Salgado) e melhor animação (com “O Menino e o Mundo”), este ano está fora das principais categorias do prêmio ibero-americano. Está fora, também, da categoria Opera Prima (filme de diretor estreante) e do Prêmio Educação em Valores, que venceu três anos atrás, com “Que Horas Ela Volta?”.
Pela primeira vez na história dos Prêmios Platino, um filme paraguaio recebe cinco indicações, incluindo categorias importantes como melhor Opera Prima, Educação em Valores, melhor atriz (para Ana Brun), roteiro (do diretor Marcelo Martinessi) e fotografia (Luiz Armando Arteaga). Merecia ser um dos quatro finalistas ao prêmio principal, já que é esteticamente mais elaborado e sofisticado que “Campeões”.
O delicado drama homoafetivo paraguaio ficou de fora, porque os votantes do prêmio ibero-americano, assim como a Academia Espanhola (a do Goya), não resistiram à história de adultos sindrômicos unidos, sob o comando de técnico sentenciado (a prestar serviços comunitários), para disputar campeonato de basquete. O filme espanhol é edificante, sem ser piegas, e divertido, mas conquista a todos por seu tema (a inclusão de portadores de deficiência pela via saudável da prática desportiva). Optar por ele (em detrimento de “As Herdeiras” e de “Museu”) é agir como o júri de Gramado, que preferiu “Colegas”, de Marcelo Galvão, ao invés do inventivo “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça.
Entre os documentários, os favoritos são, ambos, espanhóis: o premiadíssimo “O Silêncio dos Outros”, de Bahar e Carraceno (produção apoiada por El Deseo, empresa de Agustin e Pedro Almodóvar) e o fascinante “Camarón, Flamenco y Revolución”, de Alexis Morante, disponível na Netflix. Imperdível e arrebatadora, esta cinebiografia do astro do flamenco, nos conduz apaixonadamente ao universo andaluz.
Confira os finalistas em cinema:
Melhor Filme
Roma, de Alfonso Cuarón (México)
Pájaros de Verano, de Cristina Gallego y Ciro Guerra (Colômbia)
Campeones, de Javier Fesser (Espanha)
La Noche de 12 Años, de Alvaro Brechner (Uruguai)
Melhor Direção
Alfonso Cuarón, por Roma
Alvaro Brechner, por La Noche de 12 Años
Cristina Gallego y Ciro Guerra, por Pájaros de Verano
Javier Fesser, por Campeones
Melhor Atriz
Ana Brun, por Las Herederas
Marina de Tavira, por Roma
Penélope Cruz, por Todos lo Saben
Yalitza Aparicio, por Roma
Melhor Ator
Antonio de la Torre, por El Reino
Javier Bardem, por Todos lo Saben
Javier Gutiérrez; por Campeones
Lorenzo Ferro, por El Ángel
Melhor Roteiro
Alfonso Cuarón, por Roma
Alvaro Brechner, por La Noche de 12 Años
David Marqués y Javier Fesser, por Campeones
Marcelo Martinessi, por Las Herdeiras
Melhor Música Original
Chico Buarque y Edu Lobo, por O Grande Circo Místico (Brasil)
Federico Jusid, por La Noche de 12 Años
Oliver Arson, por El Reino
Alberto Iglesias, por Yuli
Melhor Longa de Animação
La Casa Lobo, de Joaquín Caciña y Cristóbal León (Chile)
Memorias de un Hombre en Pijama, de Carlos Fernández de Vigo (España)
Un Días Más con Vida, de Raúl de la Fuente y Damián Nenow (Espanha)
Virus Tropical, de Santiago Caicedo (Colômbia)
Melhor Documentário
Camarón, Flamenco y Revolución, de Alexis Morante (Espanha)
O Silêncio de Outros, de Robert Bahar y Almudena Carracena (Espanha)
La Libertad del Diablo, de Everardo González (México)
Yo no me llamo Rubén Blades, de Abner Benaim (Panamá)
Melhor Filme de Diretor Estreante
Carmen y Lola, de Arantxa Echevarría (Espanha)
La Familia, de Gustavo Rondón (Venezuela)
As Herdeiras, de Marcelo Martinessi (Paraguai)
Viaje al Cuarto de una Madre, de Celia Rico Clavellino (Espanha)
Melhor Montagem
Alberto Del Campo, por El Reino
Alfonso Cuarón y Adam Gough, por Roma
Guillermo Gatti, por El Ángel
Miguel Schverdfinger, por Pájaros de Verano
Melhor direção de Arte
Artur Pinheiro, por O Grande Circo Místico (Brasil)
Angélica Perea, por Pájaros de Verano (Colômbia)
Benjamín Fernández, por El Hombre que Mató a Don Quijote
Eugenio Caballero, por Roma (México)
Melhor Fotografia
Alfonso Cuarón, por Roma
Carlos Catalán, por La Noche de 12 Años
David Gallego, por Pájaros de Verano
Luis Armando Arteaga, por As Herdeiras
Melhor Som
Carlos E. García, por Pájaros de Verano
José Luis Díaz, por El Ángel
Roberto Fernández y Alfonso Raposo, por El Reino
Sergio Díaz, Skip Lievsay, Craig Henighan y José García, por Roma
Prêmio Educação em Valores
As Herdeiras, de Marcelo Martinessi (Uruguai)
Campeones, de Javier Fesser (Espanha)
Carmen y Lola, de Arantxa Echevarría (Espanha)
La Noche de 12 Años, de Alvaro Brechner (Uruguai)
Confira os finalistas em TV:
Melhor Minissérie ou Telessérie
Narcos: México, de Josef Kubota Wiadyka, Andrés Baiz, Amat Escalante y Alonso Ruizpalacios (México)
Arde Madrid, de Paco León. Andy Joke (España)
El Marginal II, de Luis Ortega, Mariano Ardanaz, Javier Perez, Javier Pérez, Alejandro Ciancio e Adrián Caetano (Argentina)
La Casa de las Flores, de Manolo Caro (México)
Melhor Atriz
Anna Castillo, por Arde Madrid
Cecilia Suárez, por La Casa de las Flores
Inma Cuesta, por Arde Madrid
Najwa Nimri, por Vis a Vis
Melhor Ator
Diego Boneta, por Luis Miguel: La Serie
Diego Luna, por Narcos: México
Javier Rey, por Fariña
Nicolás Furtado, por El Marginal II