Mostra Internacional de São Paulo

Por Maria do Rosário Caetano

O Brasil tem dois representantes entre os 14 finalistas ao Troféu Bandeira Paulista, prêmio que a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo dedica a diretores com até dois longas-metragens: “Partida”, o segundo longa do ator Caco Ciocler, e “Chorão: Marginal Alado”, documentário de Felipe Novaes.

Os dois brasileiros vão enfrentar concorrência pesada, pois o público da Mostra elegeu filmes premiados internacionalmente, como o germânico  (poderoso e desafiador) “System Crasher”, de Nora Fingscheidt, Urso de Prata em Berlim, o macedônio “Honeyland”, de Ljubomir Stefanov e Tamara Kotevska, premiado no Sundance e candidato ao Oscar, o argelino “Papicha”, de Mounia Meddour, também indicado pelo país africano ao Oscar, o holandês “Meu Verão com Tess”, de Steven Wouterlood, menção honrosa na mostra Generation, em Berlim, o australiano “Dente de Leite”, de Shannon Murphy, prêmio Marcelo Mastroianni de ator revelação em Veneza.

A Austrália, aliás, é o país com mais filmes na competição pelo Bandeira Paulista. Além do tocante e surpreendente “Dente de Leite”, o público elegeu “Corações e Ossos”, de Ben Lawrence, e “Empuxo”, de Rodd Rathjen, este indicado a disputar, pelo país da Oceania, uma vaga no Oscar internacional.

Completam a lista, o sérvio “Cicatrizes”, de Miroslav Terzic, o alemão “Cleo – Se Eu Pudesse Voltar no Tempo”, de Eric Schmitt, o nórdico “Filhos da Dinamarca”, de Ulaa Salim, o documentário “Viajante da Meia-Noite”, de Hassan Fazili, e “Meu Nome é Sara”, de Stevan Oritt, ambos representado os EUA.

Caco Ciocler, ator de dezenas de telenovelas, peças teatrais e filmes, estreou na direção cinematográfica com o documentário “Esse Viver Ninguém me Tira”, que, em 2014, participou da competição pelo troféu Kikito, em Gramado. Agora, volta à direção com “Partida”, uma obra híbrida, que soma documentário e ficção. Sua protagonista, a atriz (e diretora de teatro) Georgette Fadel, se enche de perplexidade com o resultado das eleições presidenciais, no Brasil, em 2018. Ela resolve, então, preparar-se para, em 2022, candidatar-se à presidência da República. Em busca de um reencontro com seus anseios políticos, ela embarca em viagem (de ônibus) rumo ao Uruguai. Sua intenção é encontrar-se com o ex-presidente José Mujica e com ele passar o Reveillon. O projeto ganha ares de utopia, já que nada foi combinado com o uruguaio. Georgette não partirá sozinha, pois, no início da viagem, ela vai esbarrar-se com Léo (Leo Steinbruch), um empresário rico, com posições políticas polêmicas, mas que se tornará – quem imaginaria? – seu maior parceiro de viagem. No elenco, estão, também, Paula Cesari, Sarah Lessa e Vasco Pimentel. A produção é de Beto Amaral (de “O Banquete”) em parceria com Ciocler.

“Chorão: Marginal Alado”, de Felipe Novaes

Com “Chorão: Marginal Alado”, o diretor Felipe Novaes registra a vida e morte prematura (por overdose de cocaína, aos 42 anos) do líder da banda Charlie Brown Jr, Alexandre Magno Abrão. Alguns meses depois, Champignom, também integrante da banda, cometeria o suicídio, com arma de fogo. O filme foi feito com colaboração de amigos e fãs, em sistema de crowdfunding. Muito do material visual do documentário veio de gravações do filho do artista.

O júri que escolherá os vencedores da competição Novos Diretores compõe-se com a portuguesa Maria de Medeiros, a francesa Xênia Maingot, integrante da Academia Europeia de Cinema, e os cineastas Lisandro Alonso, da Argentina, e Beto Brant, do Brasil.

O Troféu Bandeira Paulista, que é uma criação da artista plástica Tomie Ohtake, será entregue aos vencedores na noite da próxima quarta-feira, dia 30, no Auditório do Ibirapuera, quando será exibido, em caráter hors concours, o longa-metragem “Dois Papas”, de Fernando Meirelles.

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