Academia divulga shortlist dos brasileiros que querem vaga no Oscar

Por Maria do Rosário Caetano

No Festival de Gramado, duas semanas atrás, o produtor Thiago Macêdo Correia, da Filmes de Plástico, produtora da mineira Contagem, até pouco tempo um coletivo de filmes alternativos e periféricos, anunciou em alto e bom som: “vamos sim inscrever ‘Marte Um’ junto à Academia Brasileira de Cinema e Artes Visuais para disputar o direito de representar o Brasil na disputa por vaga na categoria ‘Oscar de melhor filme estrangeiro’”.

Dito e feito. “Marte Um” (foto), longa-metragem de Gabriel Martins, em cartaz em cinemas de todo o país – o eleito do Júri Popular, Prêmio Especial do Júri, Kikito de melhor roteiro e melhor trilha sonora – é um dos seis filmes pré-selecionados pela Academia para concorrer à vaga brasileira.

O bem-humorado e black (fruto de Edital Afirmativo do extinto MinC) longa mineiro disputará vaga com “Carvão”, de Carolina Markowicz, “A Viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky, “Paloma”, de Marcelo Gomes (de “Cinema, Aspirinas e Urubus”), “A Mãe”, de Cristiano Burlan (com Marcélia Cartaxo) e “Pacificado”, de Paxton Winters, premiado no Festival de San Sebastián, um ‘favela-movie’ que causou sensação internacional.

A safra brasileira, este ano, está quente. “Marte Um” tem todos os ingredientes para encantar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que anda purgando seus pecados. Afinal, por quase um século, priorizou histórias wasp (brancas, anglo-saxãs e protestantes).

O pernambucano Marcelo Gomes chega com “Paloma”, uma protagonista transexual, agricultora nordestina, que sonha casar-se de véu e grinalda, num templo católico, mas a Igreja não permite que ela realize seu sonho.

“A Mãe”, que rendeu a Cristiano Burlan o Kikito de melhor diretor em Gramado e, à sua protagonista, Marcélia Cartaxo, o Kikito de melhor atriz, é outro filme periférico (em todos os sentidos) a se apresentar à Academia brasileira.

“Carvão”, longa de estreia de Carolina Markowicz, também tem uma grande atriz encabeçando seu elenco – a brasiliense-paraense-pernambucana Maeve Jinkings. Sua personagem explora uma pequena carvoaria e tem a vida alterada quando um estranho aparece em sua modesta casa (o argentino Cesar Bordón).

O diretor de “Pacificado” é um cidadão norte-americano, embora apaixonado pelo Brasil, tendo aqui vivido boa parte de sua existência. Sente-se, pois, brasileiro, mas, se for selecionado, falará a língua do Oscar.

“A Viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky, é uma coprodução Brasil-Portugal, ancorada na Som e Fúria, importante produtora europeia. A sorte está lançada.

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