Três longas brasileiros estão entre os 12 finalistas ao Troféu Bandeira Paulista
Foto: “Uýra – A Retomada da Floresta”
Por Maria do Rosário Caetano
A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que entrega o prêmio Bandeira Paulista aos laureados por seu júri oficial (nessa quarta-feira, dois de novembro, na Cinemateca Brasileira) exibe nos próximos dias alguns dos 12 longas pré-selecionados pelo público. Oito são produções internacionais, três são brasileiras e um fruto de coprodução entre França e Brasil.
O júri, composto pelos cineastas Lina Chamie, de SP, André Novais Oliveira, de Contagem-MG, e pelo lusitano Rodrigo Areias, já está trabalhando ativamente, assim como os colegiados da Crítica (são dois – o da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, que avalia a produção nacional de realizadores estreantes, e outro que analisa a produção internacional e a de diretores brasileiros, incluindo veteranos).
Os doze filmes a serem analisados pelo júri oficial foram selecionados pelo voto do público. Todos são obras que integram a Competição Novos Diretores (realizações de primeiro ou segundo longa-metragem). Lina Chamie, André Novais e Areias poderão atribuir, além do troféu de melhor filme, láurea a profissionais que façam jus ao Bandeira Paulista, criação da artista plástica Tomie Ohtake. Os jurados têm liberdade para destacar uma atriz, um diretor de fotografia ou um roteirista. Ou para atribuir Prêmio Especial, ou Troféu Revelação, por exemplo.
Dois dos votados pelo público são os escolhidos de seus países de origem para disputar vaga ao Oscar internacional. Caso do paquistanês “Joyland”, de Saim Sadiq, que passou por Cannes, e “Plano 75”, da japonesa Chie Hayakawa. Ela também destacou-se no festival francês. Não há mais sessões disponíveis de “Joyland” (a não ser que entre na Repescagem). Mas há duas de “Plano 75” (ver programação abaixo), um filme que discute o envelhecimento da população japonesa e busca solução (fictícia, claro) para dar fim a tão “incômoda” longevidade.
Os cinéfilos da Mostra SP que passaram a interessar-se pelo duro cinema da Islândia devem torcer pela presença de “Belas Criaturas”, de Guðmundur Arnar Guðmundsson, na Repescagem. O filme, bem votado pelo público, trata de delinquência juvenil na ilha das ovelhas, que imaginamos um paraíso de neve e tranquilos 500 mil habitantes. O título é – claro – uma dolorosa ironia do diretor de nome quase impronunciável. Mas, por sorte, não se trata de mais uma narrativa mundo cão. Duro até mais não poder, mas que em seus momentos derradeiros nos revela – relações de afetos estabelecem-se até no mais insano dos territórios.
O Brasil, pelo voto dos espectadores, emplacou três vagas. Uma delas com “Uýra – A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi, documentário realizado em parceria com os EUA, pode ser visto dia primeiro, no Cine Satyros Bijou. Trata-se de jornada de artista indígena performática transsexual pela Amazônia brasileira. Os outros dois são também documentários – “Um Samurai em São Paulo”, de Débora Mamber Czeresnia, e “Biocêntricos”, de Fernanda Heinz Figueiredo e Ataliba Benaim.
Débora, uma judia paulistana, vai contar a história de seu mestre de karatê, o japonês Taketo Okuda. A cineasta aproveita-se do encontro dessas duas culturas para colocar em questão “o significado de autodefesa e o desejo de libertar-se de um mundo ameaçador”.
Para realizar “Biocêntricos”, Fernanda e Ataliba recorreram à bióloga Janine Benyus. Com ajuda dela, o filme percorre diversos cantos do planeta para “revelar o nascimento e os princípios da Biomimética, metodologia de inovação inspirada na natureza, que coloca a vida em seu foco central”.
No terreno da coprodução há “La Parle”, de Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen e Simon Boulier, que une França e Brasil. O filme, que conta com uma atriz (e codiretora) brasileira (Gabriela Boeri, formada pela Faap), se passa na costa basca francesa, durante o verão. E pode ser visto hoje, às 16h30, no Cineclube Cortina.
Os fãs do cinema de animação, e são muitos na Mostra SP, poderão fruir o longa “Salgueiros Cegos, Mulher Dormindo”, de Pierre Földes, que terá, ainda, duas sessões. O filme conquistou menção honrosa do júri no Festival de Annecy, a meca do gênero.
Completam a seleção do público os filmes “Aftersun”, da britânica Charlotte Wells, e “Dalva”, da belga Emmanuelle Nicot, ambos exibidos na Semana da Crítica de Cannes, o tunisisano “Harka”, de Lotfy Nathan, que rendeu o prêmio de melhor ator a Adam Bessa na seção cannoise Um Certo Olhar, e o ucraniano “Luxemburgo, Luxemburgo”, de Antonio Lukich.
Confira os finalistas:
Na lista dos títulos mais votados, alguns ainda podem ser vistos nos cinemas:
. “Aftersun”, de Charlotte Wells (Reino Unido e USA). Hoje, dia 29, 19h15, no Itaú Frei Caneca. Dia 31, no CineSesc (21h30). Exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes e no Festival de Toronto
. “Joyland”, de Saim Sadiq (Paquistão)- Vencedor do Prêmio do Júri da seção Um Certo Olhar de Cannes. Indicado paquistanês ao Oscar Internacional
. “Plano 75”, de Chie Hayakawa (Japão, com França, Filipinas, Catar) – Dia 31, às 16h10, no Itaú Frei Caneca; dia primeiro, no CineSesc, às 17h50. Menção especial do prêmio Camera d’Or, em Cannes/ Um Certo Olhar. Exibido em Toronto e Karlovy Vary. Indicado japonês ao Oscar internacional.
. “Belas Criaturas” (Berreymi), de Guðmundur Arnar Guðmundsson (Islândia, com Dinam., Suécia, Holanda, Rep. Tcheca) – Exibido na seção Panorama de Berlim
. “Dalva”, de Emmanuelle Nicot (Bélgica e França). Hoje, 29, 16h40, Itaú Frei Caneca. Exibido na Semana da Crítica de Cannes
. “Harka”, de Lotfy Nathan (Tunísia, com França, Luxemburgo, Bélgica). Prêmio de melhor atuação para Adam Bessa na seção Um Certo Olhar de Cannes
. “Luxemburgo, Luxemburgo”, de Antonio Lukich (Ucrânia) – Dia 31, às15h50, Espaço Itaú Augusta 1- Exibido na seção Horizontes de Veneza e no Festival de Toronto
. “Salgueiros Cegos, Mulher Dormindo” (Saules Aveugles, Femme Endormie), de Pierre Földes (França, Canadá, Holanda, Luxemburgo). Dia 30, no Itaú Frei Caneca (14h00), e na Reserva Cultural 1, às 19h30. Animação. Menção honrosa do júri no Festival de Annecy. Exibido no Festival de Toronto
. “La Parle”, de Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen, Simon Boulier (França e Brasil)- Hoje, dia 29, 16h30, No Cineclube Cortina
. “Um Samurai em São Paulo”, de Débora Mamber Czeresnia (Brasil)
. “Uýra – A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi (Brasil e USA). Dia 01, 14h00, Cine Satyros Bijou
. “Biocêntricos”, de Fernanda Heinz Figueiredo, Ataliba Benaim (Brasil)