Bafta: “Oppenheimer” recebe 13 indicações, o francês “Anatomia de uma Queda” surpreende e “Barbie” amarela

Por Maria do Rosário Caetano

“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, lidera a lista de indicações aos Prêmios Bafta, 13 no total, e o faz nas categorias mais importantes. Era o esperado, pois o filme sobre o físico nuclear que ajudou a construir a bomba atômica é sucesso de público, de crítica e mostra cada vez mais sua força nas premiações do mundo anglo-saxão.

O que impressiona, por estar fora da curva, é o desempenho do longa francês “Anatomia de uma Queda” (foto), de Justine Triet, que recebeu sete indicações, o mesmo número da superprodução “Maestro”, de Bradley Cooper, e do encantador “Os Rejeitados”, de Alexander Payne. Este uma produção de custo modesto, que vem crescendo a cada dia. Até seu protagonista, Paul Giamatti, já parece ameaçar o triunfo do favorito, o irlandês Cillian Murphy (“Oppenheimer”).

O filme de Justine Trier – que a França preteriu em sua indicação oficial ao Oscar, optando pelo ‘culinária movie’ “La Passion de Dodin Bouffant” (“O Sabor da Vida”) – entrou na seleta lista de cinco finalistas ao Bafta, ao lado de “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, e “A Zona de Interesse”, de Jonathan Frazer, ambos produções britânicas, de “Oppenheimer”, de “Assassinos da Lua das Flores”, do mestre Martin Scorsese (nove indicações), “Maestro”, de Bradley Cooper e de “Os Rejeitados”.

O filme que construiu o mais longo comercial da história do cinema – “Barbie” – reduziu-se a cinco indicações (só duas de peso) e ficou fora da lista principal. Assim como sua realizadora, Greta Gerwig, que acabou excluída da disputada categoria de melhor direção.

Os troféus para a boneca cor-de-rosa, se vierem a acontecer na cerimônia de premiação do “Oscar britânico” (dia 18 de fevereiro, em Londres), dar-se-ão em categorias secundárias.

Para Margot Robbie, a Barbie de carne e osso, triunfar como melhor atriz, ela terá que derrotar duas concorrentes peso-pesado – Emma Stone, de “Pobres Criaturas”, e Carrey Mulligan (“Maestro”). E, correndo por fora, envontra-se a alemã Sandra Hüller, que vem causando sensação desde que coprotagonizou “Toni Erdmann”. Com “Anatomia de uma Queda”, ela disputa o Bafta de melhor atriz. Com “A Zona de Interesse”, produção britânica falada em alemão, concorre a melhor coadjuvante.

A outra categoria significativa em que “Barbie” se encaixou foi a de roteiro original, escrito pela diretora Greta Gerwig em parceria com o marido, o cineasta Noah Baumbach. Mais uma vez, a disputa será dura para o filme cor-de-rosa. Ele terá que derrotar a dupla que urdiu a impactante trama criminal de “Anatomia de uma Queda” – Justine Triet e Arthur Harari (ele, diretor do notável “Onoda – 10 Mil Noites na Selva”), e David Hemingson, que recriou o filme francês “Merlousse” (Marcel Pagnol, 1935) no fascinante “Os Rejeitados”. Terá que derrotar, também, Celine Song (“Vidas Passadas”) e Bradley Cooper e Josh Singer (“Maestro”).

Na categoria “melhor filme em língua não-inglesa”, o Bafta havia, excepcionalmente, colocado na lista de 15 pré-finalistas, duas produções francesas – “Anatomia de uma Queda” e “Sabor da Vida”, este protagonizado por Juliette Binoche e Benoît Magimel. Mas, no frigir dos ovos, o filme do vietnamita, radicado na Europa, Tran Anh Hung, foi eliminado.

Em desempenho que lembra o lendário “Parasita”, do coreano Bong Joo-ho, o longa de Justine Trier – também vencedor da Palma de Ouro em Cannes – concorre a melhor filme, melhor direção, melhor filme em língua não-inglesa, atriz, elenco conjunto, roteiro e montagem.

O Bafta contempla, anualmente, categoria dedicada à produção realizada no Reino Unido. É nela que outro mestre do cinema, o veterano Ken Loach, costumeiramente consegue sua única indicação. Este ano, ele comparece com “The Old Oak” (algo como “O Velho Carvalho”).

Para conquistar o Bafta, Ken Loach terá que derrotar mais nove títulos, sendo três muito comentados e premiados. Caso de “Pobres Criaturas”, dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos, que sagrou-se o grande vencedor do Festival de Veneza. Registre-se, porém, que Lanthimos foi ignorado pelo Bafta na categoria melhor direção.

Outro título muito badalado, entre as produções britânicas, é  “A Zona de Interesse”. O longa, baseado em romance de Martin Amis, começou cheio de gás nas listas de apostas. Mas vem obtendo resultados aquém do esperado.

Já “Saltburn”, de Emerald Fennel, ganhou significativo destaque nesta premiação em que joga em casa (emplacou 5 categorias). Este filme, tão britsh e, ao mesmo tempo, tão escandaloso, vem dividindo o público. Há quem o ame com fervor. Há os que não se entusiasmam com a falta de sutileza da criadora de “Bela Vingança” (outro filme desmedido, que rendeu a ela o Oscar de melhor roteiro original, em 2021).

Confira os finalistas:

Melhor filme

. “ Anatomia de uma Queda”, de Justine Trier (França)
. “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos (Inglaterra)
. “A Zona de Interesse”, de Jonathan Frazer (Inglaterra)
. “Oppenheimer”, de Chistopher Nolan (EUA)
. “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese (EUA)
. “Maestro”, de Bradley Cooper (EUA)

Melhor filme britânico

. “The Old Oak”, de Ken Loach
. “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos
. “A Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer
. “Saltburn”, de Emerald Fennel
. “Napoleão”, de Ridley Scott
. “Rye Lane – Um Amor Inesperado”, de Raine Allen Miller
. “Todos Nós Desconhecidos”, de Andrew Haigh
. “How to Have Sex”, de Molly Manning Walker
. “Scrapper”, de Charlotte Regan
. “Wonka”, de Paul King

Melhor filme de língua não-inglesa

. “Anatomia de uma Queda”, de Justine Trier (França)
. “A Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer (Inglaterra/Alemanha)
. “Sociedade da Neve”, de Juan Antonio Bayona (Espanha)
. “Vidas Passadas”, de Celine Song (EUA)
. “20 Dias em Mariupol”, de Mstyslav Chernov (Ucrânia)

Melhor documentário

. “American Symphony”, de Mathew Heineman (EUA)
. “Stil: Ainda Sou Michael J. Fox”, de Davis Guggenheim (EUA)
. “Beyond Utopia”, de Madeleine Gavin (EUA)
. “Wham”, de Chris Smith (Inglaterra)
. “20 Dias em Mariupol”, de Mstyslav Chernov (Ucrânia)

Melhor longa de animação

. “O Menino e a Garça”, de Hayo Miyazaki (Japão)
. “A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets”, de Sam Fell (Inglaterra)
. “Elementos”, de Peter Sohn (EUA)
. “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” (EUA)

Melhor diretor

. Justine Triet (“Anatomia de uma Queda”)
. Christopher Nolan (“Oppenheimer”)
. Jonathan Glazer (“A Zona de Interesse”)
. Alexander Payne (“Os Rejeitados”)
. Andrew Haigh (“Todos Nós Desconhecidos”)
. Bradley Cooper (“Maestro”)

Melhor atriz

. Sandra Hüller (“Anatomia de uma Queda”)
. Emma Stone (“Pobres Criaturas”)
. Carrey Mulligan (“Maestro”)
. Fantasia Barrino (“A Cor Púrpura”)
. Margot Robbie (“Barbie”)

Melhor ator

. Cillian Murphy (“Oppenheimer”)
. Paul Giamatti (“Os Rejeitados”)
. Colman Domingo (“Rustin”)
. Te Yoo (“Vidas Passadas”)
. Barry Keoghan (“Saltburn”)

Melhor atriz coadjuvante

. Da’Vine Joy Randolph (“Os Rejeitados”)
. Sandra Hüller (“A Zona de Interesse”)
. Emily Blunt (“Oppenheimer”)
. Rosamund Pike (“Saltburn”)
. Danielle Brooks (“Cor Púrpura”)
. Claire Foy (“Todos Nós Desconhecidos”)

Melhor ator coadjuvante

. Dominic Sessa (“Os Rejeitados”)
. Paul Mescal (“Todos Nós Desconhecidos”)
. Robert De Niro (“Assassinos da Lua das Flores”)
. Jacob Elordi (“Saltburn”)
. Robert Downey Jr (“Oppenheimer”)
. Ryan Gosling (“Barbie”)

Melhor elenco (conjunto)

. “Anatomia de uma Queda”
. “Os Rejeitados”
. “Assassinos da Lua das Flores”
. “How to Have Sex”
. “Todos Nós Desconhecidos”

Melhor roteiro original

. Justine Triet e Arthur Harari (“Anatomia de uma Queda”)
. David Hemingson (“Os Rejeitados”)
. Celine Song (“Vidas Passadas”)
. Bradley Cooper e Josh Singer (“Maestro”)
. Greta Gerwig e Noah Baumbach (“Barbie”)

Melhor roteiro adaptado

. Jonathan Glazer (“A Zona de Interesse”)
. Tony McNamara (“Pobres Criaturas”)
. Christopher Nolan (“Oppenheimer”)
. Cord Jefferson (“American Fiction”)
. Andrew Haigh (“Todos Nós Desconhecidos”)

Melhor Fotografia

. Rodrigo Prieto (“Assassinos da Lua das Flores”)
. Robbie Ryan (“Pobres Criaturas”)
. Hoyte van Hoytema (“Oppenheimer”)
. Lukasz Zal (“A Zona de Interesse”)
. Matthew Labatique (“Maestro”)

Melhor Trilha Sonora

. Robbie Robertson (“Assassinos da Lua das Flores”)
. Jerskin Fendrix (“Pobres Criaturas”)
. Ludwig Göransson (“Oppenheimer”)
Anthony Willis (Saltburn”)
. Daniel Pemberton (“Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”)

Melhor Montagem

. Laurent Sénéchal (“Anatomia de uma Queda”)
. Thelma Schoonmaker (“Assassinos da Lua das Flores”)
. Yorgos Mavropsaridis (“Pobres Criaturas”)
. Jennifer Lame (“Oppenheimer”)
. Paul Watts (“A Zona de Interesse”)

Melhor Figurino

. Jacqueline West (“Assassinos da Lua das Flores”)
. David Crossman & Janty Yates (“Napoleão”)
. Holly Waddington (“Pobres Criaturas”)
. Ellen Mirojnick (“Oppenheimer”)
. Jacqueline Duran (“Barbie”)

Melhor Som

. “Ferrari”
. “Napoleão”
. “Oppenheimer”
. “Maestro”
. “Missão Impossível – Acerto de Conta: Parte 1”

Cabelo e Maquiagem

. “Assassinos da Lua das Flores”
. “Napoleão”
. “Pobres Criaturas”
. “Oppenheimer”
. “Maestro”

Melhor Design de Produção

. Jack Fisk e Adam Willis (“Assassinos da Lua das Flores”)
. Shona Heath, James Price e Zsuzsa (“Pobres Criaturas”)
. Ruth De Jong e Claire Kaufman (“Oppenheimer”)
. Chris Oddy, Joanna Kus e Katarzyna Sikora (“A Zona de Interesse”)
. Sarah Greenwood e Kate Spencer (“Barbie”)

Melhores efeitos visuais

. “Pobres Criaturas”
. “Napoleão”
. “Resistência”
. “Guardiões da Galáxia: Volume 3”
. “Missão impossível – Acerto de Conta: Parte 1”

Melhor Estreia (Roteirista, Diretor ou Produtor Britânico)

. Molly Manning Walker (“How to Have Sex”)
. Ella Glendining
. Savanah Ieaf, Shirley O’Connor, Medb Riordan
. Lisa Selby, Rebecca Loyd-Evans, Alex Fry
. Christopher Sharp

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