Favela.doc, série documental da diretora baiana Viviane Ferreira, inicia gravações

Com lançamento previsto para 2025, a série documental em oito episódios “Favela.doc” iniciou sua maratona de gravações percorrendo seis capitais brasileiras até 29 de abril. Coprodução entre a agência Um Nome, realizadora do festival Favela Sounds, e a Odun Filmes, responsável por obras como “Um Dia com Jerusa” e “Mato Adentro”, a série conta com oito episódios gravados em 4K, entre Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, São Paulo e Distrito Federal, em sua primeira temporada.

A escolha dos estados não foi aleatória, mas sim estratégica para capturar a diversidade cultural e as nuances específicas de cada região. Do Planalto Central à Amazônia paraense, das favelas cariocas e paulistas às periferias baianas e pernambucanas, a série tem como pano de fundo a criatividade e efervescência do funk, trap, samba, grime/drill, tecnobrega, bregafunk, R&B e pagode baiano, e propõe uma radiografia da música periférica brasileira. Na linha de frente dos episódios estão personagens fundamentais dos estilos retratados: figuras cujas histórias destacam o protagonismo das favelas na construção da identidade nacional e na inovação da música brasileira.

Viviane Ferreira, cineasta baiana, cujo último lançamento nos cinemas foi “Ó Paí Ó 2”, em novembro de 2023, assina a direção e roteiro da obra; Melina Bomfim, responsável pelo LAB Narrativas Negras, é responsável pela codireção e assistência de direção; e os argumentos e produção executiva são dos criadores do festival Favela Sounds, Amanda Bittar e Guilherme Tavares. Fundado em 2016 e considerado um dos mais relevantes para a música do Brasil atualmente, FS é um evento gratuito que acontece na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e reúne cerca de 50 mil pessoas anualmente para acompanhar a nova música periférica do Brasil.

O Favela Sounds foi palco para dois episódios do DF, em 2023, tendo o samba representado pelos Filhos de Dona Maria e o R&B pelo duo Margaridas. Entre março e abril deste ano, as gravações se iniciam no Nordeste de Amaralina, favela de Salvador, apresentando o coletivo TrapFunk&Alívio, grupo que mescla som do baile funk à tradição do pagodão baiano. De Amaralina para a Zona Oeste do Rio de Janeiro, a produção acompanha a história de uma das precursoras do funk carioca, Deize Tigrona, na Cidade de Deus, onde também nasceu o estilo que ganhou o mundo. Ainda no Rio, “Favela.doc” roda um episódio entre Cidade Alta, Taquara e Manguinhos, de onde vem a Nina do Porte, ou simplesmente N.I.N.A., um dos maiores expoentes nacionais do grime e do drill.

Em São Paulo, a Baixada Santista é o pano de fundo para narrar o percurso trilhado até aqui pelo DJ Mu540 (Muzão), produtor da Praia Grande que se tornou um dos nomes mais conhecidos atualmente quando o assunto é trap e funk paulistas. Em Belém, as gravações mergulham nos bastidores do baile de tecnobrega a partir da história do Maderito, um dos vocalistas da Gang do Eletro e unanimidade nas festas de Aparelhagem. Finalmente em Salgadinho, periferia de Olinda, o bregafunk é apresentado por uma de suas mais ativas cantoras, Rayssa Dias.

Além de se aproximar do campo íntimo destes personagens, entrevistando suas referências e parceiros, e registrar seus cenários afetivos, de criação e de trabalho, “Favela.doc” reflete também sobre a potência econômica dos estilos musicais periféricos, retratando como esta música injeta renda e gera emprego nos territórios por ela mais impactados. A série é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, e tem equipe complementada pela direção de produção de Carol Lacombe, direção de fotografia de Flávio Rebouças, som de Marise Urbano, direção de arte de Amanda Lima, segunda câmera de Paula Ortiz e logging de Ada Regina e Aleph Pereira.

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