Lima recebe a 3ª edição do Festival de Cinema Brasileiro
Pelo terceiro ano consecutivo, a capital peruana vai abrigar o Festival de Cinema Brasileiro. De 23 a 29 de maio, 10 longas-metragens serão exibidos no CCPUCP, que já recebeu o evento em suas duas edições anteriores. O festival é uma parceria entre a Embaixada do Brasil em Lima, o IGR – Lima, a Linhas Produções Culturais e o Centro Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Peru (CCPUCP). A seleção de filmes reúne longas-metragens contemporâneos, entre romances, dramas, biografias, comédias, suspenses, premiados no Brasil e no exterior.
Na abertura, às 19h30 do dia 23/05, será exibido “Nosso Sonho”, de Eduardo Albergaria, obra biográfica sobre a carreira musical da dupla do “funk melody” brasileiro, Claudinho e Buchecha. “Nosso Sonho” foi o filme de maior público do cinema brasileiro em 2023, com mais de 500 mil espectadores. De origem humilde, a dupla se conheceu na infância em Niterói, Rio de Janeiro, e ganhou fama meteórica nos anos 90, com canções até hoje entoadas pelos brasileiros.
Em recuperação após a pandemia, o cinema brasileiro já levou às telas no Brasil, em apenas 3 meses de 2024, mais espectadores que em todo o ano de 2023. E um dos grandes motivos para esse sucesso é a comédia “Minha Irmã e Eu” (foto), de Susana Garcia, que, em fevereiro deste ano, já havia superado a marca de mais de 2 milhões de espectadores. O filme mostra a história das irmãs Mirian e Mirelly, que nasceram no interior do Estado de Goiás. Enquanto uma vive com a mãe na pequena cidade, a outra tenta o sucesso profissional no Rio de Janeiro. As irmãs vivem às turras, mas precisam se unir quando a mãe desaparece e partem para uma viagem que pode mudar suas vidas.
Outro grande destaque do festival é o filme “O Sequestro do Voo 375”, de Marcus Baldini. Baseado na história real de um caso que chocou o Brasil na década de 1980, o filme se passa no período do Governo Sarney, em 1988, enquanto o Brasil enfrentava uma série de dificuldades econômicas e financeiras. Nonato é um homem de origem simples, que está em busca de trabalho, mas todas as suas tentativas são frustradas. Insatisfeito, ele decide protestar contra o Governo de forma dramática: sequestra o voo 375, com mais de cem passageiros, e ordena ao comandante que jogue o avião contra o Palácio do Planalto. Para evitar a tragédia, o piloto acaba sendo obrigado a realizar várias manobras inusitadas para um avião daquele porte.
Para a edição deste ano, a curadoria do festival resolveu incluir na programação dois longas da última década: “O Beijo no Asfalto” (2018), de Murilo Benício, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues, e “Nise, o Coração da Loucura” (2016), de Roberto Berliner. Em “O Beijo no Asfalto”, um desconhecido é morto ao ser atropelado por um ônibus e, agonizante, pede a um bancário que lhe dê um beijo na boca. O gesto é transformado em escândalo pela imprensa sensacionalista e o bancário passa a sofrer com o preconceito popular além de ser investigado pela polícia.
“Nise, o Coração da Loucura”, é um dos filmes mais marcantes e emocionantes da carreira cinematográfica de Glória Pires. Na década de 1940, a médica Nise da Silveira volta a trabalhar em um hospital psiquiátrico da periferia do Rio de Janeiro, em um ambiente dominado por homens, e propõe uma nova forma de tratamento para pacientes que sofrem de esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e a lobotomia. Seus colegas de trabalho não concordam com seu método de tratamento e a isolam, deixando-a responsável pelo abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde inicia uma nova forma de tratar os pacientes, por meio do amor e da arte. O filme é baseado na história real da psiquiatra Nise Magalhães da Silveira, uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil.
Completam a mostra os filmes “Meu Nome é Gal”, de Lô Politi e Dandara Ferreira, cinebiografia sobre o início da carreira de uma das maiores intérpretes do Brasil, Gal Costa, morta em 2022; “O Dia que te Conheci”, drama de ficção de André Novais de Oliveira, que se passa durante um dia na vida de Zeca e Luisa, ambos funcionários da mesma escola numa periferia de Belo Horizonte; “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, drama sobre um adolescente do interior da Bahia que está prestes a perder a visão; “Propriedade”, de Daniel Bandeira, suspense sobre os dramas da violência urbana em paralelo a uma revolta de trabalhadores; e “Pérola”, de Murilo Benício, baseada em novela homônima de Mauro Rasi sobre a história de uma mãe aos olhos de recordação do filho na casa da família no interior de São Paulo.