O múltiplo Bernardet tem sua trajetória de ator, diretor e roteirista relembrada em 20 filmes
Foto: Bernardet em cena de “A Última Valsa”, dirigido por ele e Fábio Rogério
Por Maria do Rosário Caetano
A vasta trajetória do artista e pensador brasileiro Jean-Claude Bernardet, que acaba de completar 88 anos, no audiovisual brasileiro, dá origem à mostra Bernardet no Cinema, organizada por Andrea Cals, para exibição em três unidades do Centro Cultural Banco do Brasil. Primeiro em Brasília (de 16 de agosto a 5 de setembro), seguindo para São Paulo (24 de agosto a 22 de setembro) e no Rio (28 de agosto a 22 de setembro).
Cineclubista, crítico de cinema e ensaista no início de sua trajetória brasileira – ele que chegou adolescente a São Paulo, vindo da França-e-Bélgica natal –, Bernardet se dedicaria a muitos outros ofícios. Ganharia discípulos fervorosos num deles: o de professor, primeiro da UnB, depois da USP. Colaboraria com cineastas paulistanos (entre eles, Luiz Sergio Person e Tata Amaral) e com muitos de seus alunos. Seria roteirista, montador e ator de muitos filmes. E realizaria seus próprios filmes como diretor: o primeiro, “São Paulo, Sinfonia e Cacofonia”, depois “De Anos 60”. Hoje, aposentado como professor da Escola de Comunicação de Artes da Universidade de São Paulo, dedica-se, de corpo e alma, à sua carreira de ator. E de diretor de curtas e longa-metragens.
A programação da mostra inclui importantes produções do cinema nacional e explora a vasta trajetória artística de Bernardet, desde a década de 1960 até 2024. Entre os destaques, estão filmes como “São Paulo: Sinfonia e Cacofonia”, que completa 30 anos neste ano, o clássico de 1967 “O Caso dos Irmãos Naves”, dirigido por Luiz Sergio Person e escrito por Person e Bernardet, sobre dois irmãos que são torturados por um crime que não cometeram; o curta-metragem documental “Brasília: Contradições de uma Cidade Nova”, também de 1967, com direção de Joaquim Pedro de Andrade e roteiro de Bernardet, que questiona o papel da cidade planejada; “Fome” (2015), longa de Cristiano Burlan sobre um velho homem que perambula pela cidade de São Paulo, estrelado por Bernardet; e “A Destruição de Bernardet” (2016), filme de Claudia Priscilla e Pedro Marques que transita entre ficção e documentário e aborda uma série de questões relacionadas à vida de Bernardet, como as críticas sofridas por suas atuações como ator e as perspectivas de vida como um portador do vírus HIV.
Além dos filmes, a programação de Bernardet e o cinema contará com um debate, com a presença de Jean-Claude Bernardet e do cineasta e crítico de cinema Francis Vogner dos Reis, que irão conversar sobre a carreira e principais obras do cineasta. O bate-papo será dia 31 de agosto, às 18h10, e terá tradução para Libras. Ainda na programação, será exibida uma entrevista, gravada em 2015, entre Bernardet e Andréa Cals, e realizada uma sessão com recursos de acessibilidade (audiodescrição e legenda descritiva) de “FilmeFobia” (2009), de Kiko Goifman, no dia 6 de setembro, às 18h.
A programação completa da mostra pode ser conferida em ccbb.com.br.