Bailarina italiana Marietta Baderna é retratada em docudrama de Mariana Alvim

“Marietta Baderna, dos Palcos ao Dicionário”, dirigido por Mariana Alvim, com roteiro de Luciana Chamon, estreia dia 20 de fevereiro, no Cinesystem Botafogo RJ e Frei Caneca em SP, com distribuição da Pipa Pictures.

O docudrama de 72 minutos resgata a história de Maria Baderna, conhecida como Marietta Baderna, bailarina italiana que movimentou a sociedade carioca no século XIX, com sua dança divina e suas escolhas liberais.

Baderna teve seu sobrenome, à sua revelia, atribuído à bagunça, desordem e confusão, virando verbete em um famoso dicionário brasileiro e enredo da União da Ilha, em 2025.

O filme abre a narrativa em meio a uma Itália dividida e dominada pela Áustria. Marietta Baderna, filha de um militante pela unificação italiana, era uma promessa de jovem estrela no Scala de Milão (Teatro Alla Scala). A situação política se agrava no início de 1848, na Lombardia (“Le Cinque Giornata di Milano”). Baderna e seu pai buscam refúgio no Brasil, através de um contrato que a tornava uma artista dos teatros da corte no Brasil.

A chegada da jovem era aguardada com muito entusiasmo por uma sociedade conservadora. Desde sua estreia, no Rio de Janeiro, a protagonista desse enredo real agrada e provoca repercussão na imprensa brasileira da época. O documentário salienta como a já famosa Marietta Baderna, com o passar do tempo, demonstrou-se “liberal demais” para um Brasil ainda escravocrata de D. Pedro II.

O Lundu, música de raízes africanas, dançado por Baderna no Teatro Santa Isabel, no Recife, em 1851, é contextualizado no documentário mostrando o deleite e o “ruído” que esse fato causou.

A obra traz uma pesquisa cuidadosa da imprensa brasileira do século XIX, focada nos eventos teatrais e nas apresentações de Marietta no Brasil, entre 1849 até a morte da artista, período que ela dançou e fez história no país.

Com linguagem contemporânea, o longa mescla entrevistas que abordam curiosidades das artes cênicas da época, além da trajetória de Baderna. E ganha destaque a participação especial de duas primeiras-bailarinas brasileiras: Ana Botafogo e Márcia Jaqueline. Em passagens singulares, Ana e Márcia revelam fases de suas carreiras que, num paralelo, se relacionam com a história principal de Marietta Baderna do século XIX. Numa montagem de linhas narrativas que se alternam entre época e atual.

Os bailarinos Luciana Domingues e Wallace Guimarães interpretam o casal Marietta Baderna e o maestro Giannini. O maestro, na vida real, foi um dos responsáveis pelo contrato de Baderna no Brasil. E, ao que tudo indica, parceiro da vida.

A trilha original foi composta por Iuri Cunha e por composições especialmente executadas para o filme de obras conhecidas de domínio público. Entre os músicos convidados, o pianista Eduardo Neves gravou pequenos fragmentos de trechos de ballet, agregando o seu expertise cotidiano de tocar em aulas de escolas como a de Dalal Achcar, no Rio de janeiro.

Para ambientação foram escolhidas locações que são verdadeiras joias arquitetônicas do século XIX, como o Solar do Jambeiro e o Theatro Municipal de Niterói, misturados com imagens do centro histórico de Milão, na Itália, feitas pela própria diretora.

A história tem a narração de atores talentosos da nova geração. A carioca Amanda Spanner na voz de “Marietta” e o paraense Guto Galvão na voz de um jornalista fictício que idolatra a diva Marietta.

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