Cinemateca Brasileira exibe títulos raríssimos da Vera Cruz
Há 75 anos, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, idealizada por Francisco Matarazzo Sobrinho e Franco Zampari, lançava no circuito nacional uma nova forma de pensar e fazer filmes. Com produções suntuosas, estrelas do calibre de Tônia Carrero, Ziembinski, Eliane Lage, Anselmo Duarte, entre outros, e técnicos internacionais recrutados por Alberto Cavalcanti, o projeto visava a fazer frente aos filmes carnavalescos cariocas que inundavam as salas do Brasil. Em pouco tempo, ficou claro que a megalomania das aspirações de Matarazzo e Zampari faria o enorme complexo de estúdios em São Bernardo do Campo fracassar. Os filmes eram emocionantes, vistosos, imponentes, mas internacionais demais. Não agradavam o público e muito menos a crítica.
Somente por volta de 1952 é que a empresa compreendeu que era preciso trabalhar com ideias menos europeias e mais populares ao gosto do brasileiro. Foi por essa época que surgiu o fenômeno Mazzaropi, e “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, ganhou o mundo. Porém já era tarde. Quatro anos apenas após seu nascimento, a Vera Cruz, como havia sido pensada originalmente, colapsou. Mas, para além das megaproduções e da relativa projeção internacional, a empresa também realizou filmes mais modestos, voltados exclusivamente ao mercado interno e à tentativa de um cinema de gênero, tendo o cosmopolitismo da classe média paulistana como foco.
Esta breve retrospectiva apresenta alguns filmes muito menos lembrados da Vera Cruz, que oferecem um panorama da diversidade e do potencial que este grande momento do cinema brasileiro precisa reverenciar. A cada sessão será apresentado, como aperitivo ao programa principal, um curta-metragem documental de Lima Barreto, para que o espectador sinta um pouco do clima original daquelas sessões nos anos 1950.
A curadoria da mostra é assinada por Donny Correia, que ministrará uma masterclass sobre a Vera Cruz, no dia 26 de julho, das 15h às 16h30.
A programação, que será exibida nos dias 26 e 27 de julho, é composta pelos filmes “Caiçara”, de Adolfo Celi (1950, 92 min.), “Ângela”, de Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida (1951, 95 min.), “Appassionata” (foto), de Fernando de Barros (1952, 80 min.), “Veneno”, de Gianni Pons (1952, 80 min.), e “Floradas na Serra”, de Luciano Salce (1954, 100 min.), além de dois curtas de Lima Barreto, “Santuário” e “Painel”. Os horários podem ser conferidos no site da Cinemateca.

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