Documentário “Ouvidor”, de Matias Borgström, entra em cartaz

Na Rua do Ouvidor, 63, centro de São Paulo, um prédio de treze andares teve sua função social ressuscitada por um grupo de artistas em 2014. Conhecida como Ouvidor 63, ela é considerada a maior ocupação artística da América Latina. Após 11 anos de resistência como espaço totalmente independente e autogerido, mais de 100 artistas latino-americanos não apenas produzem, mas também vivem atualmente na ocupação.

Devido à sua importância e às tantas subjetividades ali presentes, o cineasta Matias Borgström resolveu contar essa história por meio de um longa-metragem documental, o primeiro de sua carreira. Ouvidor estreou nacionalmente na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e internacionalmente no 64º Krakow Film Festival (Polônia), em 2024. Nesta quinta-feira, 31 de julho, o filme entra em cartaz oficialmente no Brasil, com distribuição da Descoloniza Filmes.

“Ouvidor” já foi exibido e premiado em diversos festivais e eventos em 15 países — muitas vezes com a participação de pessoas que fazem ou fizeram parte do coletivo da ocupação, lideranças de movimentos sociais e outros convidados. Assim, o público tem a oportunidade de se aproximar da experiência de quem viveu na Ouvidor 63 e, ao mesmo tempo, compreender a gravidade da crise habitacional no Brasil e o papel fundamental das ocupações na luta pelo direito à moradia.

O filme retrata um período específico da ocupação e centro cultural Ouvidor 63, entre 2018 e 2019. Diante da escassez de recursos para a realização de sua Bienal de Arte, os organizadores acordam um patrocínio com a Red Bull, polarizando a comunidade entre aqueles que buscam reconhecimento artístico externo e os residentes mais anarquistas. Enfrentando constantes ameaças de despejo de um governo com tendências fascistas, eles também lidam com tensões internas para realizar sua Bienal de Arte.

Gradualmente, respeitando os espaços e ritmos dos residentes, Matias e sua equipe registraram o cotidiano da Ouvidor 63 ao longo de um ano, mas a produção se estendeu por mais quatro anos até sua finalização.

A ocupação Ouvidor 63 é o personagem central do filme. Marcado por personagens reais, em “Ouvidor” conhecemos artistas que também são pessoas de origem periférica, imigrantes, mães solo, integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, entre outros, que catalisam suas vozes a partir daquele microcosmo em comum. Aguerridos na luta pela preservação da ocupação, esses artistas revelam uma resiliência única diante aos mais diversos desafios que ameaçam suas permanências naquele lugar.

Oswaldo Santana assina a montagem do filme e o roteiro é de Matias Borgström, Ricardo Imakawa, Oswaldo Santana e Juliana Borges. A produção executiva é de Paula Pripas, Matias Borgström e Ricardo Imakawa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.