“Nação Ubuntu”, de Paulo Henrique Fontenelle, mostra trabalho humanitário em campo de refugiados no Malaui
Impressionada com o trabalho social realizado pela ONG brasileira Fraternidade sem Fronteiras, que conheceu de perto em sua primeira visita a Moçambique, em 2015, e depois ao Malaui, em 2019, a produtora Iafa Britz, da Migdal Filmes, convidou o diretor e amigo Paulo Henrique Fontenelle para conhecer a iniciativa. Ele não só aceitou o convite como viu a oportunidade para um documentário. Em março de 2020, Iafa, Paulo, o diretor de fotografia Julio Cesar Siqueira e Andrei Moreira, diretor voluntário da ONG, passaram dez dias no campo Dzaleka e ficaram impactados com o projeto para educação, desenvolvido por quatro refugiados que viviam neste campo – Maick, Prince, Feli e Frank – e a brasileira Clarissa Paz, que deixou o Brasil para se dedicar à missão humanitária no Malaui. O projeto batizado de “Nação Ubuntu”, foi viabilizado pela ONG, fundada pelo ativista social Wagner Moura.
O documentário “Nação Ubuntu – A Voz dos Silenciados” mostra o contexto de crise humanitária no qual Maick, Prince, Feli e Frank estão inseridos, as condições precárias em que as pessoas vivem no campo de refugiados, impedidos de sair ou exercer profissões, sem documentação ou cidadania reconhecida, e sofrendo hostilidade dos moradores do Malaui. Além disso, o longa denuncia a situação de crise em vários países da África, principalmente a República Democrática do Congo, que se encontra numa guerra civil pouco noticiada mundialmente.
O trabalho do quarteto protagonista é um sopro de esperança numa realidade de extrema pobreza e limitação, que, fortalecido pelos valores e pela rede da Fraternidade sem Fronteiras, hoje agrega cerca de 1000 refugiados voluntários imbuídos da mesma missão. Através da ONG, foi comprado um terreno enorme junto ao campo para a construção de uma escola, que hoje recebe, aproximadamente, 1000 alunos de diversas faixas etárias, e a criação de diversas oficinas de trabalho, como o ateliê de costura, carpintaria e fabricação de biocarvão.
Devido à pandemia de Covid-19, a produção levou cinco anos para retornar e dar continuidade às filmagens, agora com uma equipe mais estruturada. Tanto na primeira etapa quanto na segunda, treinaram e contrataram refugiados para completar a equipe. O filme conta também com a consultoria de Renato Noguera, escritor e estudioso da causa negra e da história da África.
Resgatando os valores desta filosofia africana que valoriza o senso de comunidade, o projeto tem proporcionado expectativa de vida para essas pessoas.
“Nação Ubuntu – A Voz dos Silenciados” está em fase de pós-produção. O filme, que conta com investimento do FSA, é uma produção da Migdal Filmes com distribuição da Downtown Filmes.