Prêmios Platino
O Brasil não emplacou nenhum candidato na principal categoria (melhor filme de ficção) dos Prêmio Platino, que há quatro anos festejam a produção audiovisual ibero-americana. Não emplacou, também, nenhum finalista na categoria melhor documentário. O poderoso “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles, que recebera pré-indicação na categoria melhor trilha sonora, foi ignorado.
Há, porém, uma categoria (melhor filme de animação) em que o Brasil emplacou dois títulos: “Lino, uma Aventura de Sete Vidas”, de Rafael Ribas, que alcançou significativa bilheteria em nossos cinemas e foi lançado em centenas de salas russas, e “História Antes de uma História”, de Wilson Lazaretti, do resistente Núcleo de Animação de Campinas.
O chileno “Uma Mulher Fantástica”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, recebeu nove indicações. Em seguida, estão o argentino “Zama”, de Lucrécia Martel (oito), e o cubano “Últimos Dias em Havana”, do mestre Fernando Pérez (sete). A lista dos candidatos a melhor filme se completa com um Darín movie, “A Cordilheira”, do argentino Santiago Mitre, e “A Livraria”, da espanhola Isabel Coixet (falado integralmente em inglês e ambientado na Grã-Bretanha).
O título brasileiro mais cotado para disputar o Platino de melhor longa ficcional era “Como nossos Pais”, de Laís Bodanzky. Mas tornou-se apenas um dos finalistas ao Prêmio Cinema e Educação em Valores. A brasileira Anna Muylaert foi a primeira a vencer nesta categoria (com “Que Horas Ela Volta?”). Desta vez, Laís Bodanzky terá que enfrentar candidato peso-pesado: “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lélio, protagonizado pela atriz e cantora lírica trans, Daniela Vega. Por sinal, uma das finalistas ao Platino de melhor interpretação feminina. O filme é ótimo e está em fina sintonia com nosso tempo, que luta pela aceitação plena de relações homoafetivas em suas amplas variantes.
O ano parece ser do Chile, que venceu a primeira edição dos Prêmios Platino, em Ciudad Panamá, quatro anos atrás (com “Glória”, do mesmo Sebastián Lélio). Além de contar com o franco favorito da competição – “Uma Mulher Fantástica”, respaldado pelo Oscar de melhor filme estrangeiro –, o Chile corre na dianteira de melhor documentário com o ótimo “O Pacto de Adriana”, de Lisette Orozco, lançado comercialmente no Brasil, depois de conquistar o Troféu Bandeira Paulista na Mostra Internacional de São Paulo.
O Brasil já venceu o Platino em duas categorias: melhor animação (“O Menino e Mundo”, de Alê Abreu) e melhor documentário (“O Sal da Terra”, de Wim Wenders e Juliano Salgado). Mas tem tido participação modesta na festa do cinema ibero-americano. Houve um ano (2016) em que o país esteve ausente em todas as categorias (só foi salvo pela criação do Prêmio “Cinema e Educação em Valores”, que reconheceu a força de “Que Horas Ela Volta?”).
Este ano, o Brasil participa da competição em categorias técnicas, com o carioca Plínio Profeta (pela trilha sonora de “O Filme da minha Vida”, de Selton Mello) e a pernambucana Renata Pinheiro (pela direção de arte de “Zama”, de Lucrécia Martel).
Na categoria “telesséries”, o país emplacou uma categoria: a de melhor ator para Júlio Andrade (por “Um Contra Todos”, de Breno Silveira). Maior potência televisiva da América do Sul, há que se observar que estamos sub-representados. A culpa, em grande parte, é de produtores brasileiros, que vivem de olho em prêmios norte-americanos e de costas para o mundo ibero-americano.
Em recente reportagem, o Holywood Reporter citou os cinco maiores mercados de cinema da América Latina. O primeiro é o México (com 6.700 salas e renda de quase 900 milhões de dólares), seguido pelo Brasil (U$850 milhões), Argentina (U$240 milhões), Colômbia (U$190 milhões) e Chile (U$148 milhões).
Os Prêmios Platino, em sua quinta edição, serão entregues no dia 29 de abril, em noite de gala apresentada pelo mexicano Eugenio Derbet, astro e diretor do blockbuster “Não se Aceitam Devoluções” (que acaba de ganhar remake brasileiro, protagonizado por Leandro Hassum). A festa acontecerá no Teatro Gran Tlachco de Xcaret , na Riviera Maya, no México. O Canal Brasil apresentará a noite de gala, com exclusividade em território brasileiros. Dezenas de canais de TV, em especial da Espanha e dos países hispano-americanos, também transmitirão a festa.
A Egeda (Entidad de Gestión de Derechos de los Productores Audiovisuales) e a Fipca (Federación Iberoamericana de Productores Cinematográficos y Audiovisuales), com o apoio das Academias e Institutos de Cinema Ibero-Americanos, ainda não divulgaram o nome do grande homenageado deste ano. A brasileira Sonia Braga foi a primeira a ser premiada pelo conjunto da obra. Depois vieram Antonio Banderas (que proferiu apaixonante discurso em Marbella, na Andaluzia espanhola), Ricardo Darín e Edward James Olmos.
A Egeda e Fipca ficaram tão entusiasmados com o Oscar atribuído, pela primeira vez, ao Chile (dos países sul-americanos, só Argentina detinha o prêmio, ganho duas vezes, com “A História Oficial” e “O Segredo dos Seus Olhos”) que entregaram um Platino Especial à Academia de Cinema de Hollywood, representada por seu presidente John Bailey.
Confira os principais indicados:
MELHOR FILME IBERO-AMERICANO DE FICÇÃO
· La Cordillera, de Santiago Mitre (Argentina)
· La Librería, de Isabel Coixet (España)
· Últimos Días en La Habana, de Fernando Pérez (Cuba)
· Una Mujer Fantástica, de Sebastián Lelio (Chile)
· Zama, de Lucrecia Martel (Argentina)
MELHOR DIREÇÃO
· Álex de la Iglesia; por Perfectos Desconocidos
· Fernando Pérez; por Últimos Días en La Habana
· Isabel Coixet, por La Librería
· Lucrecia Martel, por Zama
· Sebastián Lelio, por Una Mujer Fantástica
MELHOR ATRIZ
· Antonia Zegers, por Los Perros
· Daniela Vega, por Una mujer fantástica
· Emma Suárez, por Las Hijas de Abril
· Maribel Verdú, por Abracadabra
· Sofía Gala, por Alanis
MELHOR ATOR
· Alfredo Castro, por Los Perros
· Daniel Giménez Cacho, por Zama
· Javier Bardem, por Loving Pablo
· Javier Gutiérrez; por El Autor
· Jorge Martínez; por Últimos días en La Habana
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
· História Antes de uma História, de Wilson Lazaretti (Brasil)
· Lino, Uma Aventura em Sete Vidas, de Rafael Ribas (Brasil)
· Deep, de Julio Soto Gúrpide (España)
· El Libro de Lila, de Marcela Rincón (Colombia, Uruguai)
· Tadeo Jones 2. El Secreto del Rey Midas, de Enrique Gato y David Alonso (España)
MELHOR DOCUMENTÁRIO
· Dancing Beethoven, de Arantxa Aguirre (España)
· Ejercicios de memoria, de Paz Encina (Paraguai)
· El Pacto de Adriana, de Lisette Orozco (Chile)
· Los niños, de Maite Alberdi (Chile)
· Muchos Hijos, un Mono y un Castillo; de Gustavo Salmerón (España)
PRÊMIO PLATINO AO CINEMA E EDUCAÇÃO EM VALORES
· Como nossos pais, de Laís Bodanzky (Brasil)
· Handia, de Aitor Arregi, Jon Garaño (España)
· La Mujer del Animal, de Víctor Gaviria. (Colombia)
· Mala Junta, de Claudia Huaiquimilla (Chile)
· Una Mujer Fantástica, de Sebastián Lelio (Chile)
MELHOR OBRA DE ESTREIA
· El Techo, de Patricia Ramos (Cuba)
· La Defensa del Dragón, de Natalia Santa (Colombia)
· La Llamada, de Javier Ambrossi, Javier Calvo (España)
· La Novia del Desierto, de Cecilia Atán, Valeria Pivato (Argentina, Chile)
· Mala Junta, de Claudia Huaiquimilla (Chile)
· Verano 1993, de Carla Simón (España)
MELHOR ROTEIRO
· Carla Simón, por Verano 1993
· Fernando Pérez, Abel Rodríguez, por Últimos días en La Habana
· Isabel Coixet, por La Librería
· Lucrecia Martel, por Zama
· Sebastián Lelio, Gonzalo Maza; por Una mujer fantástica
MELHOR MÚSICA ORIGINAL
· Plínio Profeta, por O filme da Minha Vida
Alberto Iglesias, por La Cordillera
· Alfonso de Vilallonga, por La Librería
· Derlis A. González, por Los Buscadores
· Juan Antonio Leyva, Magda Rosa Galbán, por El Techo
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
· Renata Pinheiro, por Zama
· Estefanía Larraín, por Una mujer fantástica
· Mikel Serrano, por Handia
· Mónica Bernuy, por Verano 1993
· Sebastián Orgambide, Micaela Saiegh; por La Cordillera
MELHOR MINISSÉRIE OU TELESSÉRIE IBERO-AMERICANA
· El Maestro, de Daniel Barone (Argentina)
· El Ministerio del Tiempo, Marc Vigil, Paco Plaza, Javier Ruiz Caldera, Jorge Dorado y Abigail Schaaff (España)
· Las Chicas del Cable, de David Pinillos, Carlos Sedes, Roger Gual y Antonio Hernández (España)
· Un Gallo para Esculapio, de Bruno Stagnaro (Argentina)
· Velvet Colección, deGustavo Ron, Jorge Torregrosa y Álvaro Ron (España)
MELHOR ATOR (EM MINISSERIE OU TELESSERIE)
· Júlio Andrade, por Um Contra Todos
· Asier Etxeandia, por Velvet Colección
· Julio Chávez, por El Maestro
· Luis Brandoni, por Un Gallo para Esculapio
· Peter Lanzani, por Un Gallo para Esculapio
MELHOR ATRIZ (MINISSERIE OU TELESSÉRIE)
· Aura Garrido, por El Ministerio del Tiempo
· Blanca Suárez, Las Chicas del Cable
· Giannina Fruttero, por Ramona
· Kate Del Castillo, por Ingobernable
· Marta Hazas, por Velvet Colección
Por Maria do Rosário Caetano
Eu adoro dramas! Para mim é o melhor gênero. De todos estes filmes indicados e vencedores de prêmios, o que mais me surpreendeu foi o argentino A Cordilheira Filme que tem uma história envolvente, personagens marcantes e boa direção. Em resumo, um filme excelente e que recomendo a todos.