Pela primeira vez, Cinemateca Francesa recebe alunos de SP e RJ
Nos dias 6 e 8 de junho, a convite do Departamento Educativo da Cinemateca Francesa, os alunos de 5º e 8º ano vão apresentar seus curtas-metragens na mostra Cinéma, cens ans de jeunesse (Cinema, 100 anos de juventude), promovido pela Cinemateca Francesa, em Paris. O projeto tem por objetivo ser um espaço experimental de construção e divulgação da metodologia de análise e prática cinematográfica na escola, da infância à adolescência. Dele participam educadores e cineastas pertencentes a cinematecas, associações de cinema e escolas de diversos países. A cada edição anual, um tema norteia os filmes produzidos pelos estudantes, que, neste ano, será “A parte do real na ficção”. O documentarista Paulo Pastorelo e o animador francês Laurent Cardon são os cineastas convidados para coordenar as produções, juntamente com os professores de artes da Escola Carlitos, de Higienópolis, São Paulo. São eles que partem da “gramática” cinematográfica para entrar na criação. “O interessante é ver que uso se faz da linguagem, qual é o gesto criativo, quais intenções estão por trás. Essa é a riqueza desse projeto”, afirma Pastorelo. “Para mim, mais ainda, já que, no documentário a gente sempre faz a pergunta inversa: qual a ficção no real?”, conta.
“Da mesma forma que se introduz literatura e artes plásticas na escola, criando uma cultura, um repertório para os estudantes nessas áreas, não dá mais para deixar de lado o cinema, sobretudo em um mundo audiovisual e multimeio como o que vivemos, em que o cinema está tão fortemente ligado a todos nós”, assinala Pastorelo. Essa é a ideia central desse projeto da Carlitos, o de criar uma cultura cinematográfica. “O cinema provoca emoção, diálogo a partir de reflexões pessoais e criação de identidade”, diz Laura Piteri, diretora pedagógica. Assim, além desse projeto com a Cinemateca Francesa, a Carlitos vai fundo: em 2010 introduziu o cinema na grade curricular para todos os alunos a que atende, da educação infantil ao ensino fundamental. A partir de uma escolha criteriosa, de acordo com a sua faixa etária, o aluno tem a oportunidade de assistir a filmes no escuro da sala de cinema, graças à parceria com salas da cidade. “A experiência compartilhada de ver e produzir filmes educa permanentemente o aluno em cinema, permitindo-lhe construir entendimento do filme como criação artística complexa”, Piteri. Todos os filmes exibidos são amplamente analisados em aspectos diversos, e cada aluno tem até o seu cahier do cinema.
Para estar em plena sintonia com a concepção do projeto, a Carlitos também fez parceria oficial com a Cinemateca Brasileira para exibição de filmes de qualidade e mostra de filmes escolares. Está prevista também a realização de um Simpósio sobre Educação e Cinema, fomentado pela Escola Carlitos, que pretende estabelecer diálogo com outros dispositivos, no Brasil e no Mundo, que tratam da educação pela imagem. “Não é possível desenvolver um trabalho pedagógico em cinema sem a relação direta com a Cinemateca e todos os aspectos históricos e sociais ligados a ela”, assinala a diretora.