Luto em Luta
O documentário Luto em Luta traz à tona uma triste realidade paulistana e, por que não dizer, brasileira. A ideia e a realização são do diretor Pedro Serrano, um dos fundadores do movimento “Viva Vitão”, que surgiu logo após o acidente que matou o jovem Vitor Gurman, aos 24 anos, atropelado na Rua Natingui, na capital paulista.
O filme expõe, através de depoimentos de vítimas, familiares e imagens de acidentes, a tragédia diária do trânsito de São Paulo, que chega a matar todos os anos mais do que guerras e desastres naturais. Buscando abordar todas as facetas deste tema, Pedro ouviu especialistas em trânsito, médicos, psicanalistas, jornalistas, juristas, políticos e cidadãos comuns. Entre os participantes do documentário destacam-se Ricardo Young, Gilberto Dimenstein, Heródoto Barbeiro, José Gregori, Floriano Pesaro e Rafael Baltresca, que perdeu a mãe e a irmã atropeladas e hoje segue na luta com o movimento “Não Foi Acidente”. O documentário se divide em três partes: Barbárie, O Luto e A Luta.
Na parte inicial da obra temos um panorama da atual situação do trânsito na cidade de São Paulo. Violência e desordem são expostas pela ótica de pessoas ligadas direta e indiretamente ao caos do trânsito paulistano. São elas: engenheiros especializados em trânsito, médicos, policiais, jornalistas, políticos, líderes de direitos humanos e associações, promotores, juízes, psicanalistas, ciclistas, pedestres, cidadãos comuns.
Recortes do cotidiano complementam o material ao mostrar uma realidade cruel; blitz de trânsito, carros destruídos, acidentes, marcas deixadas nos locais e entrevista com sobreviventes que, diariamente, têm que aprendem a reviver e lidar com a dor e as sequelas de um acidente.
Na segunda parte, depoimentos de pessoas que perderam parentes, amigos e conhecidos em acidentes de trânsito narram a experiência. Histórias de dor e superação, de como vivenciaram o luto ou o transformaram em luta.
E na última, retrato de ONGs, Movimentos e Associações que tenham surgido em função de uma perda ou que, simplesmente, partiram de iniciativas de cidadãos que não esperaram o governo agir para tentar mudar esta situação de caos. É o caso dos movimentos “Viva Vitão” e “Não Foi Acidente”, que pleiteiam um trânsito menos violento.
A partir destes exemplos, formulou-se a teoria conclusiva do filme, de que a sociedade civil é, sim, capaz de mudar o cenário macro ambiental através de seus próprios atos e que sua voz tem um papel fundamental na pauta de ação das entidades governamentais.
O jovem diretor Pedro Serrano, de 25 anos, formado em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, especializou-se em Direção de Atores na Escola Internacional de Cine e TV em San Antonio de Los Baños, em Cuba. Diretor de Cena na Produtora Like Filmes desde 2009, dirigiu inúmeros filmes publicitários para grandes clientes e agências, assim como curtas-metragens independentes. Luto em Luta é seu primeiro longa-metragem e tem estreia prevista para 21 de setembro nos cinemas de São Paulo.