Walter Carvalho, o outro

Há dois Walter Carvalho no cinema brasileiro. E os dois são grandes diretores de fotografia. Um é paraibano e fotografou filmes de Walter Salles (“Central do Brasil”), Bressane (“Filme de Amor”) e Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Baixio das Bestas” e “Febre do Rato”). Tornou-se diretor de cinema, sem abandonar a carreira de fotógrafo. O filho, Lula Carvalho, vem acumulando prêmios como fotógrafo e ajudando o pai na fotografia dos filmes assinados por ele (“Cazuza”, com Sandra Werneck, “Budapeste” e “Raul, o Fim, o Início e o Meio”). O outro Walter é discípulo do inglês-brasileiro Chick Foyle (1915-1995). Paulistano, ele fotografou “Sargento Getúlio”, de Hermano Penna, “Sete Dias de Agonia”, de Denoy de Oliveira, e o inacabado “A Hora dos Ruminantes”, de José de Anchieta, além de vários programas do “Globo Repórter”. Mas deixou o cinema e a TV em segundo plano para dedicar-se, pra valer, à fotografia publicitária. Agora voltou, em grande estilo, ao longa ficcional, assinando a delicada fotografia de “Cara ou Coroa”, oitavo longa de Ugo Giorgetti. O filme, que mobiliza artistas de uma trupe de teatro contra desmandos da ditadura militar, se passa nos anos Médici. Para dar conta do sufoco da época, Walter Carvalho, o paulistano, criou, com suas luzes, clima que evoca o melhor cinema político italiano. Caso de “Bom Dia, Noite”, de Marco Bellocchio. Ele e Ugo trabalharão juntos no próximo projeto do cineasta, uma comédia chamada “Sampa”. E outro trabalho seu, em longa-metragem, já está concluído: “Astro – Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico”, de Paula Trabulsi.

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