Disparos

O primeiro longa de Juliana Reis participou da Mostra Competitiva da Première Brasil, durante o Festival do Rio 2012, e foi premiado em 3 categorias: Melhor Fotografia – Gustavo Hadba, Melhor Montagem – Pedro Bronz e Marília Moraes e Melhor Ator Coadjuvante – Caco Ciocler. Segundo Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, a presidente do Júri Lucy Barreto se referiu a Juliana Reis como a Kathryn Biggelow brasileira (vencedora do Oscar por The Hurt Locker), por serem duas cineastas a realizarem filmes de gênero masculino sob a ótica feminina.

DISPAROS, baseado em fatos reais, é um thriller político e social, com uma trama de ação policial, que tematicamente, destrincha o instante na vida de um indivíduo confrontado com a violência urbana e examina o quanto dessa violência não é carregada para dentro do espaço privado das relações interpessoais. A perplexidade é o fio condutor deste relato, a partir de uma narrativa imparcial e sem julgamento.

Como sobrevivem e evoluem as relações humanas quando expostas a altos índices de violência urbana e barbárie social? Como as relações de pais, mães e filhos, maridos e mulheres, namorados e parceiros homossexuais são afetadas em suas vidas cotidianas?  Estas são as principais questões abordadas em DISPAROS, que não perde o foco testemunhal e onisciente sobre a violência urbana. A história também é sustentada pelo olhar dos personagens secundários, como o do atropelador do assaltante, o motoboy cúmplice que foge mancando, a jovem turista que, em defesa do bandido moribundo, quase é linchada.

Saindo de uma sessão de fotos para um guia gay do Rio, Henrique é assaltado por dois motoqueiros armados. E assiste, estupefato, ao atropelamento dos ladrões, por algum motorista solidário. De alma lavada, Henrique recupera sua câmera e segue seu caminho. Mas retorna para buscar o cartão de memória com as fotos que fez, caído durante o incidente. Ele passa assim a ser acusado do crime de omissão de socorro, do qual seu agressor é a vitima. Dali, Henrique é levado para a DP e, em seguida, para a emergência do Souza Aguiar, tentando se inocentar, ainda que sentindo-se cada vez menos inocente.

“DISPAROS se enquadra dentro de uma nova perspectiva e tendência do nosso cinema, de se fazer crônica do nosso tempo e espaço; um cinema ancorado e impulsionado pela vida na qual está inserido e da qual emerge. Um filme brasileiro, onde o brasileiro se enxerga e se vê. E se pensa. Acredito que a dramaturgia no geral, e o cinema em particular, tem na capacidade de servir de espelho para quem assiste, uma poderosa arma de transformação dos indivíduos”, comenta Juliana Reis.

Distribuído pela H2O Filmes e produzido por Diversid’Arte Produções e Escrevendo & Filmes, DISPAROS estreia no dia 23 de novembro, no circuito comercial.

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