43º Festival de Cinema de Gramado

A edição deste ano, a 43ª, do Festival de Cinema de Gramado exibirá, entre os dias 7 e 15 de agosto, sete longas brasileiros na sua mostra principal e sete produções hispano-americanas, com destaque para o colombiano “Ella”, já que o país vem causando sensação por onde passa. O aguardado “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, exibido em Sundance e Berlim, inicialmente selecionado para a mostra principal, saiu de última hora da competição, pois uma sessão de pré-estreia, marcada para o dia 11 de agosto, em São Paulo, impede o longa de participar da competição, uma vez que infringe o regulamento do festival. A projeção de “Que Horas Ela Volta”, entretanto, está confirmada, em caráter não competitivo, para a sessão da sexta-feira, 7, às 19h, no Palácio dos Festivais.

"Ausência", de Chico Teixeira (SP)

Metade dos filmes selecionados são inéditos

A seleção de longas-metragens brasileiros que competirão em Gramado, feita pela argentina Eva Piwowarski e pelos brasileiros Rubens Ewald Filho e Marcos Santuário, não se ateve ao critério do ineditismo. Quatro dos sete selecionados já passaram por outros festivais, como “Ausência”, de Chico Teixeira, “O Último Cine Drive-In”, de Iberê Carvalho, “O Fim e os Meios”, de Murilo Salles, e “O Outro Lado do Paraíso”, de André Ristum.

"Um Homem Só", de Cláudia Jouvin (RJ)

Os filmes inéditos são “Ponto Zero”, do gaúcho José Pedro Goulart, parceiro de Jorge Furtado no excelente “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda” (1986), o drama “Um Homem Só”, estreia da roteirista carioca Claudia Jouvin na direção de longa-metragem, e “Introdução à Música do Sangue”, regresso de Luiz Carlos Lacerda ao universo do escritor Lúcio Cardoso.

"O Outro Lado do Paraíso", de André Ristum (DF)

Estrangeiros mostram diversidades da cinematografia latina

A selecão hispano-americana abarca toda a América Latina: do México, com “En la Estancia”, de Carlos Armella, até a Argentina, com “La Salada”, de Juan Martin Hsu, passando pelo Caribe, com o cubano “Venecia”, de Kiki Alvarez, e o costarriquenho “Presos”, de Estebán Ramirez Jimenez. Da América Andina, há o filme do Equador, “Ochentaisiete”, de Anahi Hoeneisen e Daniel Andrade, e o colombiano “Ella”, de Libia Gómez. E desaguando no Rio da Prata, temos o filme do Uruguai, “Zanahoria”, de Enrique Buchichio.

Na competição dos curtas-metragens, serão mostrados 15 títulos nacionais, com a maioria paulista e surpreendente ausência da produção carioca, que se somarão a 18 produções gaúchas, reunidas em mostra específica. Entre os curtas brasileiros, um chama atenção: “Dá Licença pra Contar”, sobre o notável sambista ítalo-brasileiro, Adoniran Barbosa.

"O Fim e os Meios", de Murilo Salles (RJ)

Com relação às homenagens, o festival vai festejar duas estrelas de ponta no mundo do audiovisual brasileiro: a atriz Marília Pêra, de 72 anos, e o diretor e ator Daniel Filho, de 77. Ela receberá o belo troféu Oscarito por sua grande contribuição ao cinema brasileiro. Daniel Filho receberá o troféu Cidade de Gramado. O festival entregará mais dois prêmios-homenagem: o Kikito de Cristal para uma personalidade latino-americana e o troféu Eduardo Abelin a um diretor de cinema.

As noites frias de Gramado, este ano, serão iluminadas por grandes astros do cinema e da TV, entre eles, Eliane Giardini, Mariana Ximenes, Ingrid Guimarães e Vladimir Brichta do filme “Um Homem Só”. Eduardo Moscovis e Jonas Bloch estarão defendendo o filme “Outro Lado do Paraíso”, Ney Latorraca e Bete Mendes, o “Introdução à Música do Sangue”, Othon Bastos, o “O Último Cine Drive-In”, Irandhir Santos e Gilda Nomacce, por “Ausência”, e Cínthia Rosa, Hermilla Guedes, Marco Ricca e Emiliano Queiroz, por “O Fim e os Meios”.

"Introdução à Música do Sangue", de Luiz Carlos Lacerda (RJ)

Critérios de seleção

Segundo Rubens Ewald Filho, cerca de mil filmes, de curta e longa-metragem, se inscreveram este ano. Os curtas contaram com comissão de seleção própria. Já os longas, hispano-americanos e brasileiros, foram analisados em longas jornadas. “Na seleção dos latinos, nosso critério foi expandir para mais países, alguns raros em nossas telas. Ano passado, selecionamos apenas cinco filmes, oriundos de quatro países (dois eram argentinos). Este ano, são sete, e vindos de sete nações”, afirma Ewald.

"Ponto Zero", de José Pedro Goulart (RS)

Em relação à seleção brasileira, Ewald diz que o critério foi o mesmo de anos anteriores. “Não priorizamos o ineditismo, mas sim a qualidade. Vale lembrar que um problema se colocou em nosso caminho: nenhum filme brasileiro foi selecionado para Cannes. Isto levou os produtores a se guardarem, com seus novos filmes, para outros festivais europeus ou para Toronto, no Canadá, pois todos exigem ineditismo. Mesmo assim, tivemos boas opções. E optamos por escolher filmes que, em alguns casos, passaram por festivais, às vezes pequenos”, ressalta Ewald.

 

Por Maria do Rosário Caetano

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