IN-EDIT 2019 – Documentário sobre Jackson do Pandeiro fora do festival

Por Maria do Rosário Caetano

O longa documental “Jackson – Na Batida do Pandeiro”, de Marcus Villar e Cacá Teixeira, não vai mais participar da décima-primeira edição do Festival In-Edit, que acontece em São Paulo, de 12 a 23 de junho. A decisão de retirar o filme do Festival Internacional de Documentários Musicais foi tomada pelo produtor Heleno Bernardo, em comum acordo com os dois realizadores.

“Temos convite para participar de outro festival, que exige ineditismo em mostras nacionais”, explica o produtor. Ele lembra que 2019 é o “Ano Jackson do Pandeiro”, por decisão unânime dos integrantes da Câmara Legislativa de João Pessoa, capital da Paraíba. Por causa do centenário do artista (ele nasceu no município de Alagoa Grande, no dia 31 de agosto de 1919), estado e município estão festejando o filho ilustre.

Heleno Bernardo adianta que, “ainda este mês, por causa do centenário de Jackson do Pandeiro, vamos exibir nosso documentário em sessão para convidados da Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa), nossa principal patrocinadora”. Semanas depois, “realizaremos outra sessão, também para convidados, dentro do calendário das comemorações jacksonianas do Governo do Estado da Paraíba”. Uma série de atividades (shows, palestras, exposições) acontecerá no período de 23 a 27 de julho.

O produtor vem mantendo entendimentos com distribuidora nacional e, se tudo der certo, espera lançar o filme no final deste ano. “Se não for possível, o faremos no começo de 2020”. Se depender da vontade de Heleno, “Jackson – Na Batida do Pandeiro” será exibido para o grande público paraibano somente no Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro, em dezembro.

A equipe do documentário, pela voz de seu produtor, nega-se a anunciar em que festivais ele está inscrito. Mas dá para concluir, por exigirem ineditismo, que são Gramado (16 a 24 de agosto), Cine Ceará (31 de agosto a 7 de setembro) e a Mostra Internacional de São Paulo (competição para diretores de primeiro ou segundo filme, caso da dupla), que acontece em outubro.

Marcus Vilar e Cacá Teixeira dedicaram quase dez anos a “Jackson – Na Batida do Pandeiro”. No começo, sem uma produção estruturada, começaram a colher depoimentos de pessoas que conviveram com o artista e, portanto, já estavam em idade avançada. O mais urgente e importante era o da pernambucana (de Olinda) Almira Castilho, cantora e ex-mulher do rei do ritmo. Ela morreu em 2011, aos 86 anos.

Depois, já com apoio da Funjope, Heleno Bernardo estruturou a produção e os realizadores partiram em busca de testemunhos de admiradores (amigos, estudiosos e artistas, entre eles Gilberto Gil) do som especialíssimo e sincopado do paraibano José Gomes Filho (nome de batismo de Jackson). A etapa mais demorada (e cara) foi a que implicou em obtenção de direitos de imagem (ele participou de várias chanchadas e programas de TV) e de músicas para a trilha sonora. “Só semanas atrás” – lembra Heleno – “conseguimos realizar os acertos finais”.

Jackson do Pandeiro morreu em 10 de julho de 1982, sete semanas antes de completar 63 anos, em Brasília, onde fazia temporada de shows. Ele havia sido redescoberto por plateias jovens, que puderam assisti-lo no Projeto Pixinguinha. A maratona de shows, promovida pela Funarte na década de 1970, uniu duplas históricas como Nana Caymmi & João Bosco, Moreira da Silva & Macalé, Paulinho da Viola & Canhoto da Paraíba, entre outras. Muitos jovens (hoje sexagenários) jamais se esqueceriam do balanço de Jack-Som & Alceu, a dupla que uniu ritmos nordestinos e tirou o Brasil para dançar.

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