João Rocha prepara documentário sobre Relicário de Inês de Castro
Desde o dia em que foi arrematada, em 2016, em um leilão em Copacabana no Rio de Janeiro, até 2020, quando finalmente sua identidade será oficialmente revelada ao público, em um capítulo do livro “Inês de Castro, um Tema Português na Europa”, escrito pela historiadora Maria Leonor Machado de Sousa (Membro da Academia de História de Portugal e da Fundação Inês de Castro), foram quatro longos anos de intensas pesquisas, tentando descobrir e rastrear os caminhos percorridos por aquela enigmática caixa em Bronze, que hoje é reconhecida pelo Patrimônio Cultural Português e propriedade do cineasta João Rocha (sobrinho de Glauber Rocha), que já se prepara para realizar um documentário sobre o assunto, previsto para ser lançado no final de 2021.
“Fui buscar outra peça que havia comprado, quando vi a caixa relicário em um canto, quase esquecida. Senti algo diferente e enquanto não consegui arrematar a caixa, não parei de pensar nela. Meu sócio Rafael Vieira não acreditou quando eu disse: isso é algo muito importante, eu já vi isso! Foram meses de obsessão; noites em claro, debruçado na internet, entrando em contato com grandes museus e instituições do mundo todo. Após alguns meses, recebi uma primeira resposta positiva. O Mosteiro de Alcobaça em Portugal retornou explicando que era um relicário de Inês de Castro (1325-1355). Foi aí que gelei, meu coração disparou. Em seguida, uma resposta da Fundação Inês de Castro e finalmente da Maria Leonor, detalhando o histórico da peça e fazendo o convite para seu novo livro.” – conta João.
A história de Pedro I e Inês é uma das mais importantes de Portugal, uma tragédia amorosa tão absurda e cruel, que 700 anos depois ainda aguça a imaginação do mundo todo. Luis de Camões foi um dos milhares de autores que imortalizaram esse amor impossível no clássico “Os Lusíadas”. Dizem que Shakespeare se inspirou para escrever Romeu e Julieta e o cineasta americano Tim Burton, confessa abertamente que usou para escrever a animação “A Noiva Cadáver”.
A proposta do documentário é manter o foco no relicário, seus mistérios e sua jornada. A história dos amantes e toda a conspiração, precisaria de muitas horas para ser devidamente contata em todas as suas nuances, mas cenas dramatizadas estarão presentes, dando maior força ao conteúdo. O objetivo é deixar o público com vontade de conhecer mais sobre este romance que mudou os rumos do Império português.
“Ainda não achei o elenco certo, mas essas dramatizações são importantes e vão estar presentes; um exemplo é a cerimônia do Beija Mão, momento em que o cadáver de Inês é levado ao trono para a cerimônia de coroação. Além de outras passagens importantes como a emboscada e seu assassinato e, por fim, a cruel e terrível vingança de Pedro I.” – afirma o diretor.
Até então, achava-se que o relicário que veio para o Rio de janeiro era uma lenda e havia apenas pequenos artigos da época, como o publicado no “Magazine Pittoresque”, em 1858, mencionando sua existência e narrando a jornada do relicário vindo de Portugal para ser entregue ao Rei D. João VI, que, fugido das tropas de Napoleão, buscou asilo em sua nova colônia no Rio de Janeiro.
Fernanda Montenegro e Carlos Vereza são alguns dos nomes cogitados para narrarem a estória. A previsão é que o documentário comece a rodar no início de 2021, mas o diretor já registrou muitos áudios e imagens com seu próprio celular, buscando assim uma aproximação maior; algo quase intimista e pessoal. O título provisório do filme é “A Relíquia da Rainha Morta”.
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