Helena Ignez ganha análise estética de sua trajetória artística em livro

Nesta quarta-feira, dia 22, às 19h, acontecerá a live de lançamento do livro Helena Ignez, Atriz Experimental, lançado pelas Edições Sesc SP, que contará com a participação da atriz, roteirista e diretora e dos autores, os professores e pesquisadores Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira. O evento será transmitido no canal do CineSesc no Youtube (youtube.com/cinesesc).

“Uma obra pioneira que chega ao mercado com a proposta de revigorar a reflexão e a análise dedicadas ao trabalho de atrizes e atores do cinema brasileiro.” Com essas palavras, Ismail Xavier, professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da USP, define o livro. Além disso, em seu texto de introdução ele destaca as inovações que Helena trouxe para o trabalho atoral, em parte resultantes de sua parceria com Rogério Sganzerla (1946-2004) e Júlio Bressane nos filmes da produtora Belair, a partir de 1970.

A análise desenvolvida dedica-se, segundo Xavier, a um processo de criação que, pela riqueza de práticas e estratégias de atuação da atriz, permite uma ampla caracterização de métodos de trabalho do cinema moderno, com ênfase na sua vertente experimental, dada a variedade de estilos encontrada ao longo da carreira de Helena, conforme os diferentes momentos do cinema brasileiro. Ao se concentrar nesse momento de sua carreira em que, na produtora Belair, ela se aprimorou na condição de “atriz-coautora” dos filmes, pelas invenções em sua performance dentro de um cinema experimental por excelência, o chamado “cinema marginal”, conforme denominação nos anos 1970-80, ou “cinema de invenção”, expressão criada pelo crítico Jairo Ferreira.

Para situar o estudo desenvolvido pelos autores, há, no início da obra, referências sobre a formação de Helena, desde o curso na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, em um período que essa escola e a universidade se destacaram no cenário brasileiro como um centro formador de alta qualidade, a seus primeiros anos de atuação em peças de teatro e sua estreia no cinema com o curta-metragem Pátio (1959), primeiro filme de Glauber Rocha (1939-81). Casada com Glauber nesse período, depois se separou dele e mudou-se para o Rio de Janeiro, deixando na Bahia a memória de sua figura independente e libertária.

Nascida em Salvador, em 23 de maio de 1942, Helena Ignez abandonou, a contragosto da família, a faculdade de Direito e foi cursar Artes Dramáticas. No meio teatral conheceu diretores brasileiros e americanos e acabou se envolvendo com os movimentos vanguardistas. Durante o período acadêmico conheceu Glauber Rocha, com quem se casou e teve uma filha, a diretora Paloma Rocha. Depois de se divorciar, a atriz, roteirista e diretora conheceu outro cineasta do chamado cinema marginal, Rogério Sganzerla, com que se casou e teve duas filhas, a atriz Djin Sganzerla e a produtora Sinai Sganzerla. Profissionalmente, depois de sua estreia no curta-metragem Pátio, Helena participou de inúmeras produções no cinema, mas também marcou presença nos palcos e na TV. Entre os filmes, destacam-se Assalto ao Trem Pagador” (1962), O Padre e a Moça (1966, cuja atuação lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília e no Festival de Teresópolis), O Bandido da Luz Vermelha (1968), A Mulher de Todos (1969) , A Família do BarulhoCopacabana, mon Amour e Cuidado, Madame (os três de 1970). Sua primeira incursão como diretora ocorreu em 2005, com o curta A Miss e o Dinossauro; dois anos depois, assinou seu primeiro longa-metragem, Canção de Baal. Em 2009, atuou em Hotel Atlântico, de Suzana Amaral, e nesse mesmo ano codirigiu Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha com base em um roteiro, de centenas de páginas, deixado por Rogério Sganzerla, morto em 2004.

 

Helena Ignez – Atriz Experimental
Autores: Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira
Editora: Edições Sesc São Paulo
Páginas: 232
Preço: R$ 65

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