Premiado no Cine Ceará e em Gramado “5 Casas” entra em cartaz

Em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul há cinco casas e cinco histórias que se confundem em uma mesma. Uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal assombrada e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor que volta para buscar as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas pessoas. Histórias distintas, mas que juntas pintam um retrato pungente de um Brasil marcado por apagamentos e desigualdade.

O documentário “5 Casas” chega às salas de cinema do Brasil a partir do dia 8 de setembro. Em seu longa de estreia, o diretor e artista visual gaúcho Bruno Gularte Barreto faz uma viagem ao seu passado no interior do Rio Grande do Sul. O caminho trilhado pelo realizador encontra as histórias de vida dos habitantes das cinco casas do título, com a sua própria como fio condutor. O trabalho também deu origem a um livro e uma exposição de arte de mesmo nome lançados em 2021.

Sem olhar para trás, Bruno deixou guardadas caixas de papelão com lembranças familiares em um galpão situado na fazenda do avô. Vinte anos depois, uma tempestade que arrancou parte do telhado do local o fez voltar à sua cidade natal. O documentário registra a redescoberta deste material. E o filme vai além da memória afetiva evocada por objetos, livros e fotos de família. A narrativa vai também ao encontro de pessoas que marcaram a infância do cineasta e de suas atuais realidades, trazendo à tona questões urgentes e emblemáticas do Brasil contemporâneo, como o etarismo, a especulação imobiliária, a homofobia e o conservadorismo.

O diretor interage com quatro personagens distintos, começando por uma velha professora de francês que toca um piano desafinado em uma pequena casa cercada de árvores. Ela luta para manter sua casa contra as construtoras que querem demoli-la para a construção de um prédio. Um homem vive há mais de 40 anos em uma fazenda isolada, que dizem ser mal assombrada. Um grupo de freiras conduz rigidamente uma escola, em especial uma delas, cuja transferência para outra localidade causa revolta na cidade. E um jovem gay sofre bullying e agressões por não conseguir esconder sua natureza, revidando e afirmando sua existência contra tudo e todos.

“5 Casas” teve sua première mundial no maior festival de documentários do mundo, o Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA). O longa passou por vários festivais, como o Biografilm (Itália), o Queer Lisboa (Portugal), o Cinélatino (França) e o Festival de Viña del Mar (Chile), onde recebeu o prêmio de melhor longa documental.

No 50° Festival de Cinema de Gramado recebeu os prêmios de melhor filme, direção, prêmio do júri popular e montagem na Mostra Gaúcha. No Cine Ceará, levou o grande prêmio de melhor filme, além de roteiro e som. Também foi premiado no Panorama Coisa de Cinema e no Atlantidoc (Uruguai). “5 Casas” é uma produção da Vulcana Cinema, com coprodução da Tag/Traum e Estranho Produções e distribuição da Lança Filmes. O financiamento é do NRW Film und Medien Stiftung (Alemanha), IDFA Bertha Fund (Holanda) e do Prodecine 5 – Inovação de Linguagem – Fundo Setorial do Audiovisual, através da Ancine e BRDE.

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