Tiradentes homenageia Glenda Nicácio e Ary Rosa com Troféu Barroco e apresenta a recente produção contemporânea brasileira
Foto: Glenda Nicásio e Ary Rosa © Anastácia Flora
A Mostra de Cinema de Tiradentes, cidade situada nas Minas Gerais do ciclo do ouro, inicia nessa sexta-feira, 20 de janeiro, sua vigésima-sexta edição com exibição de “Munguzá”, filme inédito no circuito comercial, dirigido pela dupla de homenageados Glenda Nicásio e Ary Rosa. Os cineastas e roteiristas mineiros, radicados em Cachoeira, no Recôncavo baiano, receberão o Trofeu Barroco, láurea destinada a quem tem significativos serviços prestados ao audiovisual brasileiro.
Autores de seis longas-metragens, a dupla Glenda e Ary colocou na telas brasileiras, no final do ano passado, uma comédia das mais descoladas e divertidas – “Na Rédea Curta”. O desempenho do filme, protagonizado por Sulivã Bispo e Thiago Almasy, nas bilheterias foi significativo para tempos pandêmicos (perto de 10 mil espectadores).
A dupla mineiro-baiana vem se notabilizando por trabalhar com elenco e temáticas afro-brasileiros. Tudo começou com a estreia do delicado “Café com Canela” (2017), que sensibilizou o público do Festival de Brasília e fez significativa carreira nos cinemas. Seguiram-se as ficções “A Ilha’ (2018), Até o Fim” (2020), “Voltei” (2021) e “Munguzá”. Com direção solo, Glenda realizou o média-metragem documental “Eu Não Ando Só” (2021).
Em sete anos de carreira, Glenda Nicásio e Ary Rosa construíram sólido patrimônio de imagens e fizeram de Cachoeira e da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) significativos focos de produção e formação audiovisual.
A vigésima-sexta edição da Mostra Tiradentes, evento comandado por Raquel Hallak, tem por temática o conceito Cinema Mutirão. Além de debates, oficinas, sessões comentadas, rodas de conversa, lançamento de livros, performances musicais, exposições e atrações artísticas, o público deste ano assistirá à primeira edição do Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual.
O festival mineiro, de acesso 100% gratuito (tanto em atividades presenciais, quanto on-line), exibirá 134 filmes, sendo 38 longas, três médias e 93 curtas-metragens, oriundos de 19 unidades da Federação.
Uma presença ilustre já garantiu participação no Fórum de Tiradentes: Cármen Lúcia, ministra e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Além dela, estarão presentes o diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, o ex-presidente da SAv-MinC, Mário Borgneth (que concebeu o encontro junto com Raquel Hallak), Gonzaga de Luca, da Rede Cinépolis, o exibidor Adhemar Oliveira, o diretor do Canal Brasil, André Saddy, e mais 40 profissionais dos diversos segmentos da atividade audiovisual (cinema, TV, streaming, etc.).
O Fórum acontecerá deste sábado, dia 21, até quarta-feira, 25 de janeiro, e promete – a partir da reflexão de todos os profissionais e autoridades mobilizadas –“traçar diagnóstico dos pontos críticos da atividade”, focando na “construção de balizadores para a formulação de novas políticas públicas”. A prioridade estará na “busca do fortalecimento das cadeias produtivas regionais e de garantias para a diversidade de expressão”.
Todo o espaço reflexivo da XXVI Mostra de Tiradentes procurará respostas para duas questões-desafios: 1. “Como pensar em formas mais sustentáveis para a economia do audiovisual?” 2. “Em qual campo o cinema brasileiro precisa lutar para que o aumento da produção nacional de filmes seja acompanhada de sua real inserção no mercado e no imaginário da população brasileira?”
Depois de realizar duas edições on-line, por causa da pandemia do coronavírus, a Mostra de Tiradentes volta aos espaços nobres e às ruas da cidade colonial mineira, mas sem descuidar-se do público espalhado por todo território brasileiro (e até do público internacional). Quem acessar a plataforma www.mostratiradentes.com.br poderá assistir a 40 dos 134 filmes programados e, também, aos debates.
Confira a programação:
Mostra Aurora
. “Cervejas no Escuro” (PB), de Tiago A. Neves
. “Peixe Abissal” (RJ), de Rafael Saar
. “Xamã Punk” (RJ), de João Maia Peixoto
Segmento-tributo ao cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012), composto com filmes de realizadores veteranos e jovens:
. “A Alegria é a Prova dos Nove”, de Helena Ignez (SP)
. “O Canto das Amapolas”, de Paula Gaitán (SP)
. “Cambaúba”, de Cris Ventura (GO)
. “Terruá Pará”, de Jorane Castro (PA)
. “Alegorias”, de Leonel Costa (SP)
. “O Cangaceiro da Moviola”, de Luís Rocha Melo (MG/RJ)
Mostra Cine Praça
Espaço destinado a filmes de apelo popular e relevância criativa, que buscam diálogo imediato com o público:
. “Lupicínio Rodrigues – Confissões de um Sofredor”, de Alfredo Manevy (SP-SC)
. “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente (SP)
. “A Filha do Palhaço”, de Pedro Diógenes (CE)
. “Toda essa Água”, de Rodrigo de Oliveira
. “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, de Pedro Bronz
Mostra Autorias
. “Canção ao Longe”, de Clarissa Campolina
. “Amazônia, a Nova Minamata?”, de Jorge Bodanzky
Sessão Debate
. “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge (vencedor do Troféu Candango de melhor filme no Festival de Brasília 2022)
Mostrinha de Tiradentes
. “Chef Jack, O Cozinheiro Aventureiro”, de Guilherme Fiúza Zenha (primeiro longa de animação de MG)
Sessão Mutirão
Três sessões vão apresentar e refletir sobre sobre o tema da edição 26 da Mostra Tiradentes. As sessões contarão com 5 curtas, dois médias e um longa-metragem:
. “Paola”, de Ziel Karapotó
. “Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando”, de Aida Harikariyoma Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yanomami
. “Da Ponte Pra Cá”, de Isabela da Silva Alves
. “Luta Pela Terra”, de Camilla Shinoda e Tiago de Aragão
. “Escasso”, de ENCRUZA – Gabriela Gaia Meirelles e Clara Anastácia.
. “Partida de Vôlei à Sombra do Vulcão”, de Clarissa Campolina e Fernanda Vianna (média-metragem)
. “Entre a Colônia e as Estrelas”, de Lorran Dias (média-metragem)
. “Caixa Preta”, de Saskia e Bernardo Oliveira (longa-metragem)