Prêmio César, o Oscar francês, assistirá a duelo entre “O Inocente” Louis Garrel e a “Pacifiction” de Albert Serra

Foto: Louis Garrel e Noémie Merlant, em cena de “O Inocente”

Por Maria do Rosário Caetano

Se afeto, sucesso de crítica, êxito de público e número de indicações (onze, o recordista do ano) pesarem, ninguém derrotará “O Inocente” (L’Innocent), quarto longa-metragem do diretor (e ator) Louis Garrel, na quadragésima-oitava cerimônia do Prêmio César, o “Oscar francês”. A cerimônia acontecerá nessa sexta-feira, 24 de fevereiro, no Olympia de Paris, e poderá coroar o grande momento vivido pela família Garrel. Mas…

Sempre tem um “mas”. E o desse ano se chama “Pacifiction – Tourment sur les Îles”, do realizador espanhol Albert Serra. O título, de provocante sonoridade, soma o Oceano Pacífico à ficção. Um neologismo que, traduzido para o português, seria “Pacificção” (Tormento sobre as Ilhas). Exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro passado, o longa — produção francesa, com elenco francês e oriundo das ilhas do Pacífico Sul — causou sensação. Na França, deixou a crítica em estado de êxtase, da Cahiers du Cinéma à Positif, dos Les Inrock ao Libération, do L’Humanité ao La Croix, do Le Monde ao Le Figaro.

O César é atribuído pelo conjunto de votantes, um colegiado composto com atores, diretores, produtores e técnicos (e são milhares). E não pela Crítica. Se esta formasse o júri, dificilmente o belo e perturbador “Pacifiction” perderia a parada. Mas seu mais forte concorrente – “O Inocente”, protagonizado e dirigido por Louis Garrel, de 39 anos – também recebeu boas críticas (cinco e quatro estrelas dos principais veículos franceses e três da exigente Cahiers du Cinéma). Para completar, esta comédia-thriller vendeu 700 mil ingressos e – fascínio dos fascínios – tem elementos autobiográficos (misturados, claro, com muita ficção).

Vejam só: Louis, o lindo astro que Bertolucci revelou ao mundo com seu “Os Sonhadores”, é filho do cineasta Philippe Garrel com a atriz Brigitte Sy. Depois da separação, Brigitte uniu-se a um presidário, recém-saído da cadeia (no filme, o franco-marroquino Roschdy Zem, sim, aquele que fez remake de “O Invasor”, de Beto Brant).

Imagine a preocupação do filho Louis Garrel, ao saber que a mãe verdadeira, já sexagenária, unira seu destino matrimonial a um egresso do sistema penal. E que ele seria, portanto, seu padrasto. Pois não é que Louis buscou o escritor Tanguy Viel (e, também, a Naïla Guiguet) para, a partir do argumento real, construir o roteiro de “O Inocente”. O resultado encantou a França.

Nunca é demais lembrar que Louis Garrel é uma espécie de Wagner Moura do país dos Lumière. Conhecido em toda França e pelo mundo, já trabalhou com Woody Allen e outros nomes da linha de frente. Interpretou Godard no filme “O Formidável”, do oscarizado Michel Hazanivicius. Ele conjuga sua carreira de ator (interpreta o cineasta e homem de teatro Patrice Chereau, em “Les Amandiers”, um dos concorrentes ao César) com a de diretor. Se Wagner Moura é o primeiro astro de sua família, o mesmo não se dá com Louis. Seus pais e irmãs, todos dedicados ao cinema, são conhecidíssimos na França. Philippe Garrel é considerado um dos maiores diretores vivos do país, herdeiro privilegiado da Nouvelle Vague.

Será que a Academia Francesa de Cinema perderá a chance de festejar a Família Garrel-Sy, no justo momento em que Berlim se fez de vitrine para “Le Grand Charriot”, novo filme de Philippe? Aliás, um projeto também feito em família, com Esther, Lena e Louis Garrel no elenco. E roteiro escrito em parceria com Jean-Claude Carrière (1931-2021).

“Pacifiction – Tourment sur les Îles”, de Albert Serra

A sorte está lançada. Além de “O Inocente” e “Pacifiction” (nove indicações), há mais três concorrentes na disputa do principal César – “En Corps”, de Cédrik Klapisch, “La Nuit du 12”, de Dominque Moll, e “Les Amandiers” (As Amendoeiras), este, dirigido pela atriz-cineasta ítalo-francesa Valeria Bruni-Tedeschi, ex-mulher de Louis Garrel. E irmã de Carla Bruni, ex-primeira dama francesa (pois casada com o então presidente Nicolas Sarkosi).

O filme da talentosa Valeria já sai em desvantagem. E por duas razões. A primeira é que ela não foi indicada a melhor direção. Mesmo correndo o risco de ser chamada de machista, a Academia nomeou cinco varões para a categoria. Depois de conhecidos todos os nomes da lista de candidatos, um escândalo estourou em Paris. O jovem ator Sofiane Bennacer, de 25 anos, namorado de Valeria Tedeschi-Bruni (ela de 58 anos), foi acusado de assédio sexual. Ele estava nominado à categoria de “melhor esperança masculina” (ator revelação).

A Academia, que comprou briga homérica com as feministas francesas em defesa de Roman Polanski e seu “O Oficial e o Espião” (vencedor do César de melhor diretor em 2019), recuou e desclassificou o rapaz. A cunhada Carla Bruni escreveu de próprio punho longa carta ao Libération, lamentando que o jornal (criado por Sartre e outros intelectuais) acusasse e condenasse o ator, sem que ele tivesse o sagrado direito à defesa, princípio pétreo de qualquer democracia. Valeria Tedeschi-Bruno também defendeu o namorado. Em vão. Ele foi proscrito do prêmio e a Academia decidiu que ninguém que esteja sendo processado na Justiça francesa, poderá disputar o César.

“Les Amandiers” (o nome refere-se à escola de teatro que Patrice Chereau montou em Paris e que formou geração libertária de atores, entre eles, Bruni-Tedeschi), apesar de tal contratempo, soma sete indicações e foi bem-recebido pela Crítica e cinefilia francesas.

Causa estranhamento a ausência de “Saint Omer”, o belo filme de Alice Diop, que causou sensação em Cannes, entre os cinco finalistas da principal categoria. A Academia achou de bom tamanho mantê-lo noutro segmento – melhor filme de diretor estreante. E em algumas outras categorias, uma delas, a de melhor roteiro original. E atriz revelação (meilleur espoir) para Guslagie Malanda.

No terreno dos atores, há estrelas em profusão. Louis Garrel concorre com “O Inocente”. Benoît Magimel está arrasador em “Pacifiction”. Mas será que repetirá o César, que o teve como vencedor ano passado, por seu trabalho no filme de Emanuelle Bercot (“Enquanto Vivo” )?

Os outros três concorrentes são parada dura. Dénis Ménochet arrasa como “Peter Von Kant”, na recriação que François Ozon fez de “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, de Fassbinder. E, se não bastasse, ele protagoniza um dos fortes candidatos a melhor filme estrangeiro (“As Bestas”, do espanhol Rodrigo Sorogoyen, que lhe rendeu o Goya). Jean Dujardin, já oscarizado, comparece com “Novembre”, e Vincent Macaigne, com “Chronique d’une Liaison Passagère”).

Entre as atrizes há Juliette Binoche, que compõe com Catherine Deneuve e Isabelle Huppert a “Santíssima Trindade” do cinema francês. Ela disputa o César (por “Ouistreham”) com Laure Calamy, magnífica em “Contratempo” (“À Plein Temps”). Esta jovem, que nos foi revelada pela série “Dix pour Cent”, passa o rodo nesse filme ao incorporar uma mãe que mora na periferia, necessita de grana para criar sozinha os filhos e trabalha num hotel enquanto sonha com emprego digno, afinal, é mulher estudada. A veterana Fanny Ardant está na parada com “Les Jeunes Amants”. A exuberante Virginie Efira (a “Benedetta”, de Verhoeven), com “Revoir Paris”, e a “azul-é-a-cor-mais-quente” Adèle Exarchopoulos, com “Rien à Foutre”, completam o quinteto de candidatas.

Na disputa de melhor longa documental, a seleção francesa é poderosa. Dois filmes – “Les Années Super 8”, da Prêmio Nobel Annie Ernaux e de seu filho David Ernaux-Briot, e “Retour à Reims (Fragments)”, de Jean-Gabriel Periot – são obrigatórios. O segundo, exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ainda mais que o primeiro. Afinal, trata-se de fascinante resgate de arquivos, que – como diz seu nome – traz fragmentos de memória do escritor e filósofo Didier Eribon, vindo do proletariado de Reims. O filme desenha complexo retrato da classe trabalhadora francesa de 1950 aos nosso dias.

Os cinéfilos também se interessaram, e muito, por “Jane par Charlotte”, pois fala de Jane Birkin, atriz, cantora e companheira de Serge Gainsbourg, vista pela filha do polêmico “Casal Je t’Aime”, a atriz e (agora) documentarista Charlotte Gainsbourg.

“Le Chêne” (O Carvalho), de Laurent Charbonnier et Michel Seydoux, deve encantar os amantes da natureza, pois cerca a centenária árvore de vida. Isto no momento em que a Europa preocupa-se, cada vez mais, com a crise climática.

“Allons Enfants”, de Thierry Demaizière e Alban Teurlai, registra liceu plantado no coração de Paris, que tenta integrar (e evitar a evasão escolar) estudantes oriundos de bairros pobres usando o hip hop como atrativo maior.

A seleção de longas estrangeiros é top. Como Cannes é o maior festival de cinema do mundo e a França a pátria empedernida da cinefilia, tudo estreia em telas francesas antes de todos os lugares do planeta. Bem diferente das listas de outras premiações importantes (Bafta, Goya, Donatello, Ariel), que às vezes trazem um ou dois filmes que parecem “velhos”. Claro que o polêmico “Triângulo da Tristeza”, vencedor de Cannes, encabeça a lista, pois ganhou a Palma de Ouro. Mas Espanha (em excelente fase com “As Bestas”, que terá em Catherine Deneuve eleitora fiel) pode surpreender.

Polônia (com o encantador “EO”, no qual Skolimowski dialoga com o Bresson de “Au Hazard Baltazar”), Bélgica (“Close”) e Dinamarca (com um filme de alma árabe-egípcia – “Garoto dos Céus” (ou “La Conspiration du Caire”) também podem surpreender.

No terreno do curta-metragem, que os franceses valorizam tanto (e colocam para circular mundos no My French Film Festival), há uma iguaria – “Maria Schneider, 1983”, de Elisabeth Subrin. Este documentário, de 25 minutos,  já foi exibido no Curta Kinoforum, em São Paulo, e tem como ponto de partida entrevista à TV dada pela atriz francesa (de “O Último Tango em Paris” e “Passageiro, Profissão Repórter”).

Em 1983, Maria foi convidada pelo programa “Cinéma, Cinémas” para falar, claro, de cinema. Tudo ia dentro do previsível, quando ela resolveu desafiar as regras da indústria cinematográfica e relembrar o que teria acontecido durante as filmagens do famoso longa de Bertolucci, que ela protagonizou ao lado de Marlon Brando. Todo mundo sabe que Schneider (1952-2011) sentiu-se explorada por diretor e ator daquele último (e perturbador) tango em Paris.

Confira os finalistas:

Melhor filme

. “L’Innocent”, de Louis Garrel
. “Pacifiction – Tourment sur les Îles”, de Albert Serra
. “En Corps”, de Cédric Klapisch
. “Les Amandiers”, de Valeria Bruni-Tedeschi
. “La Nuit du 12”, de Dominik Moll

Melhor diretor

. Louis Garrel (“L’Innocent”)
. Albert Serra (“Pacifiction – Tourment sur les Îles”)
. Cédric Klapisch (“En Corps”)
. Dominique Moll (“La Nuit de 12”)
. Cédric Jimenez (“Novembre”)

Melhor filme de diretor estreante

. “Saint Omer”, de Alice Diop
. “Bruno Reidal”, de Vincent Le Port
. “Falcon Lake”, de Charlotte Le Bon
. “Les Pires”, de Lise Akoka e Romane Gueret
. “Le Sixième Enfant”, de Léopold Legrand

Melhor longa documentário

. “Les Années Super 8”, de Annie Ernaux e David Ernaux-Briot
. “Retour à Reims (Fragments)”, de Jean-Gabriel Periot
. “Jane Par Charlotte”, de Charlotte Gainsbourg
. “Allons Enfants”, de Thierry Demaizière e Alban Teurlai
. “Le Chêne”, de Laurent Charbonnier e Michel Seydoux

Melhor filme estrangeiro

. “Triângulo da Tristeza” (Sans Filtre), de Ruben Östlund (Suécia)
. “As Bestas”, de Rodrigo Sorogoyen (Espanha)
. “EO”, de Jerzy Skolimowski (Polônia)
. “Close”, de Lukas Dhont (Bélgica)
. “Garoto dos Céus” (La Conspiration du Caire), de Tarik Saleh (Dinamarca)

Melhor longa de animação

. “Ernest et Célestine: Voyage en Charabie”, de Jean-Christophe Roger e Julien Chheng
. “Ma Famille Afghane”, de Michaela Pavlatova
. “Le Petit Nicolas – Qu’est-ce qu’on Attend pour Être Heureux?”, de Amandine Fredon e Benjamin Massoubre

Melhor atriz

. Juliette Binoche (“Ouistreham”, de Emmanuel Carrère)
. Laure Calamy (“À Plein Temps”, de Éric Gravel)
. Virginie Efira (“Revoir Paris”, de Alice Winocour
. Fanny Ardant (“Les Jeunes Amants”, de Carine Tardieu
. Adèle Exarchopoulos (“Rien à Foutre”, de Emmanuel Marre e Julie Lecoustre)

Melhor ator

. Louis Garrel (“L’Innocent”, de Louis Garrel
. Vincent Macaigne (“Chronique d’une Liaison Passagère”, de Emmanuel Mouret
. Benoît Magimel (“Pacifiction”, de Albert Serra)
. Denis Ménochet (“Peter Van Kant”, de François Ozon)
. Jean Dujardin (“Novembre”, de Cédric Jimenez)

Melhor atriz coadjuvante

. Judith Chemla (“Le Sixième Enfant”)
. Anouk Grinberg (“L’Innocent”)
. Noémie Merlant (“L’Innocent”)
. Lyna Khoudri (“Novembre”)
. Anaïs Demoustier (“Novembre”)

Melhor ator coadjuvante

. François Civil (En Corps)
. Bouli Lanners (La Nuit du 12)
. Michal Escot (Les Amandiers)
. Pio Marmaï (En Corps)
. Roschdy Zem (L’Innocent)

Melhor “Esperança Feminina”

. Marion Barbeau (En Corps,  de Cédric Klapisch)
. Mallory Wanecque (Les Pires, de Lise Akoka e Romane Gueret)
. Guslagie Malanda (Saint Omer, de Alice Diop)
. Rebecca Marder (Une Jeune Fille Qui Va Bien, de Sandrine Kiberlain)
. Nadia Tereszkiewicz (Les Amandiers, de Valeria Bruni-Tedeschi)

Melhor “Esperança Masculina”

. Bastien Bouillon (“La Nuit du 12”, de Dominik Moll)
. Stefan Crepon (“Peter Von Kant”, de François Ozon)
. Dimitri Doré (“Bruno Reidal”, de Vincent Le Port)
. Paul Kircher (“Le Lycéen”, de Christophe Honoré)
. Aliocha Reinert (“Petite Nature”, de Samuel Theis)

Melhor roteiro original

. Éric Gravel (“Contratempos” – À Plein Temps)
. Valeria Bruni-Tedeschi, Noémie Lvovsky e Agnès de Sacy (“Les Amandiers”)
. Cédric Klapisch e Santiago Amigorena (“En Corps”)
. Louis Garrel, Tanguy Viel e Naïla Guiguet (“L’Innocent”)
. Alice Diop, Amrita David e Marie Ndiaye (“Saint Omer”)

Melhor roteiro adaptado

. Michel Hazanavicius (“Coupez!”)
. Thierry De Peretti e Jeanne Aptekman (“Enquête sur un Scandale d’Etat”)
. Gilles Marchand e Dominik Moll (“La Nuit du 12”)

Melhor fotografia

. Claire Mathon (Saint Omer)
. Julien Poupard (Les Amandiers)
. Alexis Kavyrchine (En Corps)
. Patrick Ghiringhelli (La Nuit du 12)
. Artur Tort (Pacifiction)

Melhor montagem

. Mathilde Van de Moortel (“Contratempo” – À Plein Temps)
. Anne-Sophie Bion (“En Corps”)
. Pierre Deschamps (“L’Innocent”)
. Laure Gardette (“Novembre”)
. Laurent Rouan (“La Nuit du 12”)

Melhor figurino

. Caroline de Vivaise (“Les Amandiers”)
. Pierre-Jean Larroque (“Couleurs de l’Incendie”)
. Emmanuelle Youchnovski (“En Attendant Bojangles”)
. Corinne Bruand (L’Innocent)
. Praxedes de Vilallonga (“Pacifiction”)

Melhor direção de arte

. Emmanuelle Duplay (Les Amandiers)
. Sebastian Birchler (Couleurs de l’Incendie)
. Michel Barthélémy (La Nuit du 12)
. Sebastian Vogler (Pacifiction)
. Christian Marti (Simone – le Voyage du Siècle)

Melhor música original

. Irène Drésel (“Contratempo” – À Plein Temps)
. Alexandre Desplat (Coupez!)
. Grégoire Hetzel (L’Innocent)
. Olivier Marguerit (La Nuit du 12)
. Marc Verdaguer e Joe Robinson (Pacifiction)
. Anton Sanko (Les Passagers de la Nuit)

Melhor som

. Cyril Moisson, Nicolas Moreau e Cyril Holtz (En Corps)
. Laurent Benaïm, Alexis Meynet e Olivier Guillaume (L’Innocent)
. Cedric Deloche, Alexis Place, Gwennolé Le Borgne e Marc Doisne (Novembre)
. François Maurel, Olivier Mortier e Luc Thomas (La Nuit du 12)
. Jordi Ribas, Benjamin Laurent e Bruno Tarrière (Pacifiction)

Melhores efeitos visuais

. Laurens Ehrmann (Notre-Dame Brûle)
. Guillaume Marien (Les Cinq Diables)
. Sebastien Rame (Fumer Fait Tousser)
. Mikaël Tanguy (Novembre)
. Marco Del Bianco (Pacifiction)

Melhor curta-metragem (ficção)

. “Haut les Coeurs”, de Adrian Moyse Dullin
. “Partir un Jour”, de Amélie Bonnin
. “Le Roi David”, de Lila Pinell
. “Les Vertueuses”, de Stéphanie Halfon

Melhor curta-metragem (animação)

. “Câline”, de Margot Reumont
. “Noir-Soleil”, de Marie Larrivé
. “La Vie Sexuelle de Mamie”, de Urska Djukic e Emilie Pigeard

Melhor curta-metragem (documentário)

. “Churchill, Polar Bear Town”, de Annabelle Amoros
. “Écoutez Le Battement de Nos Images”, de Audrey Jean-Baptiste et Maxime Jean-Baptiste
. “Maria Schneider, 1983”, de Elisabeth Subrin

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