Alunos do Núcleo de Cinema na comunidade indígena do Katu realizam o primeiro filme do Projeto Território Katu Digital

O Território Katu Digital, projeto de formação audiovisual teórica e prática, com instalação de um núcleo de equipamentos (câmera fotográfica, lentes, gravador, som, drone e acessórios), realização de um filme e seu lançamento, começou em maio deste ano e segue com suas atividades direcionadas aos potiguaras da comunidade indígena do Katuem Canguaretama, no Rio Grande do Norte.

Depois das primeiras atividades e oficinas, realizadas entre maio e junho, os alunos do projeto desenvolveram um filme, em formato de curta-metragem, na primeira semana do mês de julho. Neste processo de aprendizagem, entre pré-produção e filmagem, vivenciaram experiências práticas de concepção, produção e gravação. Com isso, construíram um entendimento mais sólido de como funcionam os mecanismos cinematográficos.

O projeto contou, até agora, com as oficinas: Introdução ao Cinema e Roteiro: Cinemando, ministrada por Kennel Rogis, que propôs um despertar ao mundo do cinema, impulsionando o olhar crítico para a leitura do audiovisual, além de incentivar o surgimento dos alunos como novos realizadores; Oficina de Fotografia, com Rodrigo Sena e Damião Paz Pixoré, na qual os alunos receberam a câmera profissional do projeto e praticaram exercícios com o equipamento; Oficina de Operação de Drone, com Thamise Cerqueira; e Oficina de Som, com Gustavo Guedes.

Depois da realização do curta-metragem, o calendário segue com novas atividades, como a Oficina de Edição e Finalização, com Wallace Santos, que oferecerá aos alunos uma formação básica nos programas de edição, utilizando o próprio computador e ilha de edição adquiridos exclusivamente para o projeto.

Outra atividade confirmada na programação é a Oficina de Produção e Desenvolvimento de Projetos, ministrada por Arlindo Bezerra, que apresentará um panorama sobre os aspectos da produção em cinema e as diferentes funções; e, também, como desenvolver e elaborar um projeto, visto que os alunos construíram, ao longo do processo, roteiros muito potentes e possíveis de concorrerem em editais públicos e leis de incentivo. O objetivo maior desta oficina é desenvolver uma inteligência coletiva com a turma para que o Projeto Território Katu Digital possa construir autonomias e desenvolver outras narrativas na continuidade do trabalho em cinema para a Comunidade Potiguara do Katu, agora protagonizado pelos alunos.

Por fim, o cronograma encerra com um planejamento, entre equipe do projeto e alunos, sobre o lançamento do filme na comunidade com uma exibição especial. Na sequência, a ideia é que o curta-metragem participe de outros eventos, como festivais de cinema, exibições em escolas, internet, entre outras possibilidades, para que o conteúdo desse material atravesse fronteiras, ganhe espaço, abrangência, reconhecimento e que reverbere em públicos variados proporcionando um amplo diálogo entre espectadores diversos e seus realizadores.

O objetivo principal do Projeto Território Katu Digital é que estas iniciativas impulsionem os alunos na qualificação profissional com um direcionamento ao mercado de trabalho para que, assim, possam contar suas histórias. Um projeto cinematográfico desta natureza reforça, através da linguagem audiovisual, os problemas ambientais que o território atravessa; sendo um espaço de voz coletiva e ampliação de discurso da comunidade do Katu.

Os 15 alunos da comunidade selecionados para a formação do Núcleo de Cinema recebem uma bolsa mensal para contribuir em sua renda ao longo do processo formativo. Ao final do projeto, os equipamentos serão doados para a comunidade e ficarão à disposição dos jovens para que possam produzir e construir novos desdobramentos e narrativas.

A relação da equipe do projeto com a comunidade do Katu teve início em 2007, quando o diretor Rodrigo Sena esteve presente para a produção de fotografias em comemoração ao Dia Nacional dos Povos Indígenas. Dez anos depois, o cineasta retornou à comunidade, já com o produtor Arlindo Bezerra, da Bobox Produções, para a produção do curta-metragem “A Tradicional Família Brasileira Katu”, que recebeu o prêmio de Direitos Humanos no Festival de Brasília. Em 2020, foi realizado o projeto Cinema em Debate – Katu, que circulou por escolas públicas; em 2021, foi realizado “Antes do Livro Didático, o Cocar”, que venceu o Edital Conexão Juventudes e foi exibido no Curta Kinoforum.

O Núcleo de Cinema está instalado na Escola Indígena Municipal João Lino Dias, espaço central e democrático na comunidade, em uma relação de parceria com o município de Canguaretama: “Teremos visibilidade com essas oficinas e os jovens estão tendo acesso aos meios audiovisuais. É muito importante usar esse conhecimento para divulgar nossa cultura e a luta do nosso povo”, afirma o Cacique Luiz Katu, que assina a coordenação didática e pedagógica do projeto.

Idealizado pela produtora Bobox Produções, em parceria com a Ori Audiovisual e o Cacique Luiz Katu (liderança indígena da comunidade), o projeto tem patrocínio da Neoenergia COSERN e Instituto Neoenergia através do Programa Câmara Cascudo e Governo do Estado do Rio Grande do Norte.

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