Gramado premia “Mussum, o Filmis”, “Anhangabaú” e “Hamlet” e festeja Vera Holtz e Ailton Graça
Foto: “Mussum, o Filmis”, de Silvio Guindane, recebe o prêmio de Melhor Longa-metragem brasileiro © Edison Vara/Agência Pressphoto
Por Maria do Rosário Caetano, de Gramado-RS
“Mussum, o Filmis”, do estreante Silvio Guindane, foi o grande vencedor da quinquagésima-primeira edição do Festival de Cinema de Gramado. A cinebiografia de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o músico e humorista Mussum, conquistou sete troféus Kikito, incluindo melhor filme pelo júri oficial e popular. E também melhor ator, para Ailton Graça.
Como Gramado passou a contar com três competições de longa-metragem (ficção, documentário e filme gaúcho), mais dois vencedores foram anunciados e festejados com imensa euforia por suas enormes equipes – “Anhagabaú”, de Lufe Bollini, e “Hamlet”, de Zeca Brito.
Esse ano não houve competição internacional, de recorte ibero-americano, no festival gaúcho, mas a diretora da Gramadotur, Rosa Helena Volk, e um dos integrantes da trinca de curadores, Marcus Santuário, garantiram que, em 2024, “novos passos serão dados rumo à internacionalização do evento gaúcho” e que “a parceria com plataformas de streaming, iniciada esse ano com a Amazon (e exibição da série ‘Cangaço Novo’) faz parte do processo”.
No terreno da ficção, categoria vencida por “Mussum”, foram premiados mais dois filmes. Os dramas “Tia Virgínia”, de Fábio Meira, em seis categorias, incluindo melhor atriz (Vera Holtz), roteiro e Prêmio da Crítica Cinematográfica, e “Mais Pesado que o Céu”, de Petrus Cariry, com quatro, incluindo melhor direção e fotografia.
Embora tenha criado três prêmios especiais (para as atrizes Vera Valdez e Ana Luiza Rios e para o mago das caracterizações Martín Macías Trujillo), o júri (formado pelos atores Letícia Colin e Fabrício Boliveira, o cineasta Cristiano Burlan, a roteirista Elena Soarez e o design de som Catarina Apolonio), não se pautou pelo distributivismo. Três dos seis concorrentes ficcionais não receberam nenhuma láurea (caso de “O Barulho da Noite”, da tocantinense Eva Pereira, de “Angela”, de Hugo Prata, e “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte). No banheiro do Palácio dos Festivais, a atriz (e cantora) Emanuelle Araújo consolava as meninas Alicia Santana e Ana Alice Dias, que queriam levar um Kikito para o Tocantins e não entendiam o que passara. No filme “O Barulho da Noite”, elas interpretam as filhas de Sônia, personagem de Emanuelle.
A festa de premiação, transmitida ao vivo pelo Canal Brasil, fluiu com alegria e comemorações vibrantes. Os maiores festeiros foram os integrantes da equipe de “Mussum, o Filmis”, que cantaram e dançaram no palco do Palácio dos Festivais. Vera Holtz, sempre sintética nas palavras, foi irreverente e bagunceira, como é de seu feitio. Sendo também beijoqueira, trocou selinho com o amigo Ailton Graça, para gáudio dos fotógrafos e cinegrafistas. Ele, bastante prolixo em seu agradecimento, contou que “a atriz divide com Tony Ramos a condição de ‘colegas mais amados e generosos’ dos elencos de telenovelas da Globo”.
Os três apresentadores da cerimônia dos Kikitos (Renata Boldrini, Marla Martins e Roger Lerina) tudo fizeram para que os agradecimentos fossem sintéticos. Que não excedessem os 30 segundos. Mas não houve jeito.
A equipe do documentário gaúcho “Sobreviventes do Pampa” somou, de forma exasperante, quatro oradores, cada um mais caudaloso e prolixo que o anterior. Outro gaúcho, o cineasta Zeca Brito, também usou da palavra com fleuma de tribuno, nas quatro vezes em que subiu ao palco.
Ailton Graça integrou o avantajado time dos prolixos. E Silvio Guindane, que na apresentação do filme, dias antes, consumira tempo que parecia infinito, tentou se disciplinar. Conseguiu, ao menos, reduzir pela metade suas longas intervenções. E politizou seu discurso ao reivindicar a volta da Cota de Tela para filmes brasileiros.
Ailton Graça, por sua vez, pediu que “parem de nos matar (aos pretos)”. E citou, de joelhos, o trágico assassinato da mãe de santo e líder quilombola baiana Bernadete Pacífico.
Confira os vencedores:
FICÇÃO BRASILEIRA
. “Mussum, o Filmis”, de Silvio Guindane (RJ) – melhor filme (júri oficial e júri popular), ator (Ailton Graça), atriz coadjuvante (Neusa Borges), ator coadjuvante (Yuri Marçal), trilha sonora (Max Castro), menção honrosa (Martín Macías Trujillo)
. “Tia Virgínia”, de Fábio Meira (RJ) – melhor atriz (Vera Holtz), roteiro (Fábio Meira), direção de arte (Ana Mara Abreu), som (Rubén Valdés), Prêmio da Crítica (ACCIRS-Abraccine), menção honrosa (para a atriz Vera Valdez)
. “Mais Pesado que o Céu”, de Petrus Cariry (Ceará) – melhor direção, melhor fotografia (Petrus Cariry), montagem (Firmino Holanda e Petrus Cariry), prêmio especial do júri (à atriz Ana Luiza Rios)
DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO
. “Anhangabaú”, de Lufe Bollini – melhor documentário
COMPETIÇÃO GAÚCHA
. “Hamlet”, de Zeca Brito – melhor filme gaúcho, direção, ator (Fredericco Restori), fotografia (Bruno Polidoro, Livia Pasqual, Joba Migliorin e Zeca Brito)
. “O Acidente”, de Bruno Carboni – melhor atriz (Carol Martins), roteiro (Marcela Ilha Bordim e Bruno Carboni), direção de arte (Richard Tavares)
. “Céu Aberto”, de Elisa Pessoa – trilha musical (Rita Zart e Bruno Mad), som (Kiko Ferraz, Ricardo Costa e Christian Vaisz)
. “Sobreviventes do Pampa”, de Rogério Rodrigues – melhor filme pelo Júri Popular
CURTA-METRAGEM
. “Yãmi Yah-Pa – O Fim da Noite”, de Vladimir Seixas – Prêmio Canal Brasil de melhor curta
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