Novembro negro no IMS Paulista traz programação especial

Foto: “Chic Show”, de Emílio Domingos e Felipe Giuntini

Ao longo de novembro, mês da Consciência Negra, o Cinema do IMS Paulista traz ao público uma programação especial, com títulos raros, debates e oficinas. O principal destaque é a seleção de quatro filmes muito pouco exibidos em cinemas. Produzidas em países e contextos distintos, as obras têm em comum a importância do ritmo, da musicalidade e da voz em suas narrativas.

Entre as obras apresentadas, está o longa-metragem angolano “Ar Condicionado” (2020), de Fradique, projetado nos dias 11 e 21 de novembro. Com uma estrutura de realismo mágico, o filme tem início com uma situação inusitada: misteriosamente, todos os aparelhos de ar condicionado de Luanda começam a cair e quebrar. Nesse cenário, o guarda Matacedo e a empregada doméstica Zezinha têm a missão de recuperar o aparelho do chefe.

Primeira longa-metragem de ficção da produtora Geração 80, “Ar Condicionado” teve sua estreia mundial no Festival de Roterdã, em 2020. No longa, a própria cidade de Luanda e sua sonoridade, marcada por barulhos de trânsito e obras, são personagens. A trilha sonora envolvente é assinada pela cantora Aline Frazão. Junto com “Ar Condicionado”, nas mesmas sessões, será exibido o curta-metragem “Palenque” (2017), de Sebastián Pinzón Silva. Guiado por um ritmo musical afrolatino constante, o filme é uma ode à cidade de San Basilio de Palenque, na Colômbia, tida como o primeiro povoado das Américas a se libertar do domínio europeu.

Outro destaque é “Saint Omer” (2022), dirigido por Alice Diop, exibido em 19 e 30 de novembro. O longa segue Rama, uma romancista que assiste ao julgamento de Laurence Coly no Tribunal Criminal de Saint-Omer, na Normandia. Laurence é acusada de matar a sua filha de 15 meses após abandoná-la numa praia. Primeiro longa de ficção de Diop, “Saint Omer” estreou no Festival de Veneza, em 2022, no qual recebeu o Grande Prêmio do Júri. O filme se inspira na história real de Fabienne Kabou, que chegou às manchetes francesas em 2013, e no processo judicial que Diop acompanhou, assim como faz sua personagem no longa.

A seleção inclui ainda o documentário “Chic Show” (2023), de Emílio Domingos e Felipe Giuntini, exibido em 29 de novembro. Lançado pela Globoplay, o filme trata do baile que marcou a noite paulistana entre as décadas de 1970 e 1980. Realizado em diversos salões pela cidade, o evento era um ponto de encontro da cultura negra e abriu espaço para o funk, rap, pagode, entre outros ritmos. O documentário reconstitui a trajetória do baile, idealizado por Luiz Alberto dos Santos, conhecido como o Luizão do Chic Show, e sua potência enquanto experiência social, cultural e política. O Chic Show recebeu nomes como Tim Maia, Sandra de Sá, Gilberto Gil e Jorge Ben, além de artistas internacionais, como James Brown. O filme, que reconstitui a história do baile, está disponível na plataforma da Globoplay e, neste mês, também pode ser visto na sala do IMS.

Também em novembro, o cinema recebe a Sessão Mutual Films, programação bimestral com curadoria e produção de Aaron Cutler e Mariana Shellard. Esta edição aborda a obra do nigerino Moustapha Alassane (1942-2015), primeiro cineasta africano a dirigir filmes de animação. A programação inclui cinco filmes de Alassane, exibidos em suas melhores cópias digitais, várias sendo restaurações recentes, nos dias 22, 29 e 30 de novembro.

O público ainda poderá assistir ao documentário “Audre Lorde – Os Anos em Berlim de 1984 a 1992”, dirigido por Dagmar Schultz, projetado em 18 e 24 de novembro. O filme trata de um capítulo pouco conhecido da vida da poeta e ativista: o período em que passou na Alemanha, ajudando o movimento africano a emergir no país. Lorde inspirou as mulheres negras alemãs e as incentivou a escrever e publicar para afirmar sua identidade, seus direitos e sua cultura. A exibição integra a mostra Arquivos, vídeos e feminismos: o acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir, em cartaz até fevereiro no centro cultural, com novos programas a cada mês.

Outro destaque deste mês é a parceria com o Nicho 54, instituto que apoia a carreira de pessoas negras em posições de liderança criativa, intelectual e econômica no audiovisual. De 14 a 17 de novembro, o IMS Paulista recebe, pelo segundo ano consecutivo, as atividades do Ambiente de Mercado da 5ª edição do Festival Nicho Novembro, um espaço racialmente seguro e qualificado de promoção de encontros e oportunidades entre profissionais e agentes da indústria. As atividades buscam promover reais possibilidades de negociação de projetos e construção de redes. Além disso, trazem para discussão as perspectivas e os impactos que o NICHO 54 vem realizando em sua atuação com o mercado brasileiro e internacional. Os ingressos para as atividades são gratuitos e estão disponíveis no Sympla.

Ainda em novembro, o cinema do IMS exibe, em parceria com o King’s College e o Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV, o filme “A Troco de Nada, no dia 23 de novembro, às 19h. O documentário, dirigido por Patrick Granja, trata da violência de Estado nas favelas do Rio de Janeiro. A exibição será seguida por uma conversa com Thiago Amparo, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV; Amanda Pimentel, coordenadora da linha de raça e segurança pública do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV, Octávio Ferraz, professor titular da Faculdade de Direito do King’s College London; Sandra Maria Gomes, ativista e mãe do jovem Matheus Gomes, morto pela polícia em 2021. A mediação será da jornalista Thaiza Pauluze.

 

Novembro Negro
Programação em cartaz ao longo do mês de novembro no cinema do IMS Paulista
Confira os horários de cada sessão no site.
Ingressos das sessões de cinema (com exceção de “A Troco de Nada”, que tem entrada gratuita): R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Os ingressos podem ser adquiridos no site Ingresso.com ou na bilheteria do IMS para sessões do mesmo dia.

IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424 – São Paulo, SP – (11) 2842-9120

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