USP e Ecofalante fomentam discussões sobre os ODS propostos pela ONU na Agenda 2030

Até 25 de outubro, a Mostra Ecofalante USP e a Agenda 2030 chegam à sua 7ª edição. Realizado pela Ecofalante em parceria com a Superintendência de Gestão Ambiental e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, o evento promove atividades gratuitas de forma presencial e online, com o intuito de fomentar discussões sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU na Agenda 2030.

As discussões serão promovidas por meio de exibições de filmes relacionados aos temas de Racismo Ambiental, Justiça Ambiental, Mineração, Povos Tradicionais e Transdisciplinaridade/Interdisciplinaridade, seguidas de debates com professores e pesquisadores em eventos e aulas. Neste ano, a Mostra conta com mais de 80 ações organizadas por diversos docentes da USP, envolvendo diferentes unidades e grupos de pesquisa, sendo a maior edição da Mostra Ecofalante  USP e a Agenda 2030 desde sua criação.

Neste ano, as atividades vão abranger todos os campis da Universidade. Além das instituições na capital, no interior serão realizadas atividades nas cidades de Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga e Ribeirão Preto.

A programação da VII Mostra Ecofalante USP e a Agenda 2030 conta com a exibição de 23 filmes, sendo um curta-metragem e outros 22 longas-metragens premiados em festivais nacionais e internacionais e que foram destaques da 12ª e da 13ª Mostra Ecofalante.

Dentro da temática de Racismo Ambiental estão algumas obras como o longa-metragem “Filhos do Katrina” (foto, 2021), de Edward Buckles Jr. Escolhido para o Festival de Tribeca (EUA), o longa revela os impactos do furacão Katrina em Nova Orleans e principalmente as consequências na vida de diversos jovens negros que não tiveram seus direitos assegurados pelo Estado. O filme foi um dos integrantes da Seção Especial Emergência Climática da 13ª Mostra Ecofalante de Cinema, que aconteceu em agosto na cidade de São Paulo.

Seguindo a mesma linha, o longa “Arrasando Liberty Square” (2023), da diretora Katja Esson, aborda temáticas como cidades, resiliência, racismo ambiental e emergências climáticas, mostrando como o aumento do nível do mar tem feito os moradores mais ricos de Miami mudarem para as partes mais elevadas da cidade, expulsando moradores negros que antes ocupavam esses espaços. O filme também foi um dos destaques da seleção sobre emergência climática na 13ª Mostra.

Ainda trabalhando a questão do clima, será exibido o longa norte-americano “Injustiça Climática”, de Judith Helfand. Chicago sofreu a pior onda de calor da história dos Estados Unidos em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana. Vinculando a devastação do desastre natural ao desastre antrópico do racismo estrutural, o filme investiga uma das indústrias de maior crescimento das últimas décadas: a indústria de preparação para emergências e desastres.

Haverá também sessões do filme “As Formigas e o Gafanhoto”. A produção do Malawi, dirigida por Raj Patel e Zak Piper, conta a história de Anita Chitaya que, para salvar sua região do clima extremo, enfrenta o desafio de convencer os norte-americanos de que a mudança climática é real. Em sua jornada do Malawi à Califórnia, com uma passagem pela Casa Branca, ela experimenta em primeira mão a desigualdade racial e de gênero, conhecendo céticos do clima e agricultores desesperados.

Adentrando a temática de justiça ambiental será exibido “A Máquina do Petróleo”, produção inglesa que explora o complexo envolvimento econômico, histórico e emocional com o petróleo à medida que avançamos rumo ao colapso climático; e “Fé Pelo Clima”, longa brasileiro em que juventudes de todo o país discutem a crise do clima sob a perspectiva de suas espiritualidades e vivências na luta pela ação climática.

Já “Thule Tuvalu” documenta a elevação dos mares enquanto revela a realidade dos efeitos das mudanças climáticas em dois locais distantes e remotos: Thule, na Groenlândia, e Tuvalu, no Oceano Pacífico. Enquanto isso, o curta-metragem “As Borboletas de Arabuko” retrata o ofício de caçadores e criadores de borboletas no Quênia, e como essa prática incomum acabou ajudando a preservar a maior e última floresta remanescente da África Oriental.

Para discutir mineração, o potente “Lavra” (2021), que foi o vencedor do Prêmio do Público na categoria longa-metragem latino-americano da Mostra Ecofalante de 2022, do diretor Lucas Bambozzi. O filme acompanha Camila, geógrafa, que retorna à sua terra natal depois que o rio de sua cidade foi contaminado pelo maior crime ambiental do Brasil, provocado por uma mineradora transnacional.

Já “Barragem”, longa-metragem brasileiro do diretor Eduardo Ades, fala sobre o mesmo desastre em Minas Gerais e retrata a luta dos atingidos para obter reparação. Após o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em 2015, os moradores de Bento Rodrigues ficaram sem casa e sem fonte de renda.

O tema sustentabilidade será coberto por filmes como “Sustentável”, produção norte-americana que investiga a instabilidade econômica e ambiental de nosso sistema alimentar, e “Economia Circular”, documentário brasileiro que apresenta essa forma de consumo e as perspectivas para os próximos anos.

Para falar sobre alimentação e justiça, o impressionante “Não Existe Almoço Grátis”, vencedor do Prêmio do Público da 13ª Mostra Ecofalante de Cinema. Dirigido por Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, o documentário se passa em Sol Nascente, maior favela do Brasil, onde Socorro, Jurailde e Bizza lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), distribuindo almoços de graça diariamente. Para a posse do presidente Lula, estão encarregadas de cozinhar para centenas de pessoas que chegarão a Brasília para assistir à cerimônia no dia 1 de janeiro. Em meio a ameaças de golpe, o documentário acompanha o evento e a organização coletiva, revelando que o futuro se cozinha hoje e a muitas mãos.

Já “Solo Comum”, exibido em 2024 tanto na Mostra Ecofalante de São Paulo quanto do Rio de Janeiro, é um longa-metragem norte-americano dirigido por Josh Tickell e Rebecca Tickell. Mesclando exposição jornalística com histórias pessoais daqueles que estão na linha de frente do movimento alimentar sustentável, o documentário revela uma teia obscura de dinheiro, poder e política por trás do nosso falido sistema alimentar.

Na temática de saúde, a produção finlandesa “O Cuidado em Tempos Impiedosos”, que discute a privatização do sistema de saúde. Já “Cartas para Além dos Muros” é um documentário brasileiro que reconstrói a trajetória do HIV e da AIDS, com foco no Brasil, por meio de entrevistas com médicos, ativistas, pacientes e outros atores Enquanto isso, o longa argentino “O Quadrado Perfeito” lança seu olhar para o mundo da criação de cães de raça pura a partir de estudos do diretor sobre eugenia.

Para tratar das questões indígenas, “A Mãe de Todas as Lutas” (2021), dirigido pela diretora Susanna Lira, é um dos selecionados para as atividades na USP. A produção conta a trajetória  de Shirley Krenak e Maria Zelzuita, mulheres que estão à frente da luta pela terra no Brasil. Shirley traz a missão de honrar as mulheres e a sabedoria das Guerreiras Krenak, da região de Minas Gerais. Maria Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. As trajetórias destas duas mulheres nos ligam ao conceito da violência e apropriação do corpo feminino.

Já “Vento na Fronteira”, das diretoras Laura Faerman e Marina Weis, se passa na violenta fronteira do Brasil com o Paraguai, coração do agronegócio brasileiro, registrando a resistência feminina indígena na região. Enquanto isso, “Para’Í”, de Vinicius Toro, conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca ela começa a questionar seu lugar no mundo, quem ela é, por que fala português e não guarani, por que é diferente dos colegas da escola.

“Escute: A Terra Foi Rasgada”, documentário de Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro, também será exibido. O filme foi uma das atrações da 12ª Mostra Ecofalante de Cinema e retrata a luta dos povos Kayapó, Yanomami e Munduruku contra o garimpo ilegal em seus territórios.

Outra atração da 13ª Mostra que poderá ser vista na USP é “Floresta, um Jardim que a Gente Cultiva”, dirigido por Mari Corrêa. O documentário contrapõe o olhar indígena ao da ciência ocidental e expõe como a colonização persevera no discurso ultrapassado sobre povos indígenas e natureza, escancarando as origens da implacável destruição da Amazônia.

Destaca-se ainda “Parceiros da Floresta” (2022), um filme-manifesto de uma nova visão de economia florestal sustentável e inclusiva como estratégia para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O evento tem entrada gratuita e é aberto ao público geral. Os locais das mais de 70 sessões presenciais seguidas de debate estão disponíveis neste link.

Em relação aos 3 debates presenciais com sessões online, onde o público assistirá os filmes de forma virtual e depois debaterá de forma presencial no ambiente da Universidade na data marcada, maiores informações clicando aqui.

Além disso, haverá 7 webinários, onde o público vai assistir os filmes de forma virtual e posteriormente debater via Youtube ou Zoom. Para participar dessas últimas atividades virtuais é necessário preencher um formulário de inscrição para ter acesso à exibição dos filmes (o formulário está disponível aqui).

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